Liberdade [1º Lugar no Concurso de Poesia]

Autoria: Margarida Cruz

Eu não sou livre!

Nem sei eu “ser livre” o que será…

Mas isto não poderá ser!

Porque o meu corpo vive solto

Da minha mente, mas depois volto

E relembro o sofrer.

Eu não sou livre!

Porque passo o dia esperando a noite

E peço à noite que o dia venha.

E vou vivendo assim,

Num ciclo infinito de mim,

E nada nem ninguém me estranha.

Eu não sou livre!

Fisicamente, vou vivendo,

Comunicando em autopiloto,

Mas cá dentro nada!

A minha alma foi desligada

E o meu coração parece estar morto.

Eu não sou livre!

Vivo atrás das grades,

Cada uma delas uma lembrança.

E permaneço presa,

Mesmo estando ilesa,

E alimenta-se a esperança.

Mas eu não sou livre!

Porque choro e grito e caio e levanto-me

Sabendo que se volta a repetir.

E nada vejo além de ti,

A melhor coisa que já vi

E temo novamente ver partir.

Eu não sou livre!

Nas tuas mãos prendes o meu coração,

Que tenta escapar por entre os teus dedos.

Talvez tenha escapado a felicidade,

Mas sei que ainda prendes o amor e a saudade,

As minhas mágoas e os meus maiores medos.

Eu não sou livre!

Não sou livre de me amar a mim

Nem me liberto para amar os restantes,

Porque ainda te amo a ti!

Nada nem ninguém para além de ti,

Tanto ou mais que antes…

Quando serei livre?

Quando o passado eu libertar

E a ti te esquecer.

Quando a mim voltar,

O coração esvaziar

E me deixar viver.

Eu nunca serei livre.

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