Socialismos

O pensamento crítico do capitalismo.

fidelA palavra ‘socialismo’ tem tido significados diferentes ao longo dos últimos três séculos. Actualmente, Bernie Sanders diz-se socialista e é reconhecido como tal. Hugo Chavez referia-se a si mesmo como sendo um socialista. O actual governo francês é constituído, maioritariamente, por membros do partido socialista. A União Soviética foi a ‘União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. A República Popular da China autointitula-se socialista. Castro é um socialista. Todos estes exemplos parecem gerar confusão sobre o que é afinal o socialismo. Isto acontece porque não há um socialismo no singular. Existem, à volta do mundo, diferentes tipos de socialismo, que foram interpretados de maneiras diferentes por cada cultura, à medida que a ideia inicial se foi diluindo atrás do capitalismo.

No séc.XVIII deu-se uma revolução violenta e surgiu o capitalismo. Este sistema veio acabar com as relações servo-contratuais, do feudalismo, e trazer a ideia de que ninguém tem um lugar fixo na sociedade: as pessoas partem do mesmo lugar numa sociedade livre e igualitária. Não há um foco na sociedade, mas no indivíduo, propondo a celebração do individualismo. Esta revolução, que trouxe as promessas de ‘liberdade, igualdade, fraternidade’, atingiu a sua expressão máxima na revolução francesa de 1789. Em 1850, meio século após a revolução, as pessoas começaram a aperceber-se que as promessas não se concretizavam. A substituir o servo e o senhor feudal apareceu o capitalista e o proletário. A sociedade não estava a convergir para a igualdade, mas a divergir, surgindo assim os primeiros críticos do capitalismo, que se intitularam ‘socialistas’.

Socialismo é um movimento que precede Karl Marx e, como tal, a ideia de que Marx criou o socialismo é falsa. No entanto, tornou-se uma figura muito importante para o movimento, pois representa a tradição de pensamento e a acção anti-capitalista mais importante desde então. Durante os 120 anos após a morte de Karl Marx, o marxismo espalhou-se por todo o mundo. Ao propagar-se por tantas culturas diferentes, em diversos níveis de desenvolvimento histórico-económico, é natural que se tenham criado conceitos diferentes de socialismo e capitalismo. Os manuscritos de Karl Marx e Friedrich Engels idealizam uma alternativa ao sistema capitalista. Dizem que para alcançar a igualdade no sistema económico, é necessário que as pessoas que tomam as decisões em cada área de trabalho sejam os trabalhadores da mesma. Este sistema económico pretende pôr fim aos pequenos grupos de pessoas no topo, que têm todo o poder e o usam para recolher a maioria das recompensas dos meios de produção. Foi até esta ideia que o trabalho original de Marx chegou.

bernie_bernie_0De forma a alcançar este objectivo seria necessário retirar da posse dos capitalistas privados os meios de produção. Na história da Humanidade nunca houve uma mudança radical do sistema económico
pacífica e este movimento estava consciente disso. Durante a maioria do século XIX este movimento esteve
dividido sobre como
executar esta transição. Enquanto a parte mais radical defendia que esta transição tinha de ser executada da mesma forma que a capitalista, ou seja, com um movimento socialista revolucionário, a outra parte queria tornar-se parlamentar e candidatar-se a governo, ou seja, um movimento socialista evolucionário. No entanto, ambos concordavam que a maneira de fazer a transição do sistema económico passava por apoderarem-se do Estado. Após tê-lo no seu controlo, seria necessário usar o seu poder para fazer a transição e transformação da área de trabalho. É necessário frisar que, nesta ideologia, o estado é apenas o meio para chegar ao socialismo (rearranjar a sociedade e sistema económico) e não o objectivo final.

Nos dias de hoje este conceito inicial de socialismo é mantido por grupos/partidos marxistas e os partidos socialistas não rejeitam o sistema capitalista, mas defendem que o Capitalista principal deve ser o estado e não indivíduos privados.

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Texto: Beatriz Coelho