Entrevista a Inês Rico, Presidente das Jornadas de Engenharia do Ambiente

Autoria: Matilde Almeida, MEBiol (IST)

Este ano, começamos março com as XII Jornadas de Engenharia do Ambiente (JEAmbi), iniciativa organizada pelo Núcleo de Estudantes de Engenharia do Ambiente (NEEA). Entre hoje, dia 3, e dia 5, teremos a possibilidade de assistir e participar em palestras e conversas dentro de áreas que vão da descarbonização à arquitetura sustentável, passando por questões como a do Hidrogénio ou a da poluição dos oceanos. Todos estes temas serão abordados por um diversificado painel de convidados provenientes de instituições nacionais e internacionais.

As palestras têm início às 9h e terminam por volta das 15h30. O programa pode ser consultado na página do Instagram das JEAmbi e as incrições podem ser feitas aqui.

O Diferencial conversou com a Presidente das Jornadas de Engenharia do Ambiente, Inês Rico, para ficar a saber um pouco mais sobre este evento, em formato online pela primeira vez em doze anos.

Quais são as principais vantagens e desvantagens da transição das Jornadas para o formato online?

Quanto às vantagens, pela ausência de barreiras geográficas, foi-nos possível alcançar um maior número de potenciais participantes – temos um grande número de inscrições, relativamente aos anos anteriores. Conseguimos um maior número de potenciais participantes, inclusivamente de pessoas que, mesmo estando em Portugal, não teriam hipótese de se deslocar até ao local. Sentimos que se abriu uma excelente oportunidade para contactar oradores a nível internacional, o que nos permitiu enriquecer o programa. Não é que isto não fosse possível antes, porque já aconteceu – no ano passado tivemos um orador via Skype, mesmo sendo um evento presencial –, mas neste formato parece-nos mais natural. A nível da organização, sentimos que as pessoas também estavam mais recetivas a fazer apresentações à distância, e portanto foram mais fáceis de contactar.

A maior desvantagem parece-me ser, a nível de organização, algum fator surpresa por ser a primeira vez em doze edições que realizamos as jornadas neste formato. Nos anos anteriores, as coisas já estavam mais ou menos padronizadas, apesar de tudo já sabíamos mais ou menos que desafios é que poderíamos vir a encontrar, e de repente as coisas tornaram-se um bocadinho mais imprevisíveis em alguns aspetos. O facto de ser um evento virtual às vezes dá alguma sensação de insegurança ou de fragilidade, porque parece muito fácil simplesmente faltar o wifi e deixar tudo de funcionar…

Como está a ser, até agora, a afluência às inscrições, comparativamente ao ano passado?

Não conseguimos comparar diretamente, porque no ano passado as coisas funcionaram de uma maneira um bocadinho diferente. À partida, as pessoas não tinham propriamente de se inscrever, portanto não havia um desfasamento entre a inscrição e a participação. Agora temos mais inscrições, mas não é necessariamente garantido que tenhamos mais participantes. Mas em relação a números, no ano passado tivemos um total de cerca de 200 participantes e, de momento, o nosso número de inscrições supera em cerca de 60% o número de participantes do ano passado.

Quais foram os critérios de escolha dos temas a abranger nas palestras deste ano?

Não sei se posso chamar-lhes necessariamente critérios. A nossa abordagem foi mais no sentido de, no início do ano, entre membros da equipa, recolhermos sugestões de temas ou oradores que os alunos achassem interessantes e a partir daí tentámos criar um programa interessante e que refletisse a multidisciplinaridade que é característica do curso de Engenharia do Ambiente.

Qual ou quais são os temas que mais urgem ser debatidos neste momento, na tua opinião?

Sinto que seria injusto destacar uns em relação a outros, porque cada um tem a sua importância no seu contexto. É uma pergunta difícil. Perceber quais são as prioridades, só por si, já é um trabalho bastante complexo e que depende de toda uma contextualização, porque as preocupações aqui em Portugal no presente, por exemplo, não serão as mesmas, certamente, que noutro sítio do mundo.

Quais são os efeitos práticos positivos que acreditas que poderão advir desta iniciativa?

Esperamos conseguir aprofundar alguns temas relativamente aos quais normalmente não haveria grande oportunidade de discutir. Queremos criar esse espaço para debate, para uma discussão saudável, abordar alguns temas um pouco mais complexos num formato mais acessível a qualquer pessoa interessada – mesmo que não esteja tão envolvida na área -, e também promover o espírito crítico, tentando dar às pessoas algumas ferramentas para que possam olhar para o mundo que as rodeia de uma forma mais informada.

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