Piscinas encerradas por tempo indeterminado

Este artigo é uma republicação da edição impressa de Novembro de 2015.

“Reabertura é um prejuízo que não podemos suportar até arranjar investimento para renovar as instalações” esclarece Rodrigo Barbosa, presidente da AEIST. O funcionamento e manutenção das piscinas são um prejuízo que a AE afirma não poder suportar neste momento e acrescenta que, sem soluções que viabilizem a abertura da piscina e sem um plano de marketing para atrair pessoas, as coisas não podem rearrancar.

Ao que consta, o mapa de utilização da piscina na posse da AE parece indicar que esta carece de utilização; um argumento adicional para o encerramento das mesmas. Rodrigo Barbosa explica que a concorrência é grande e que, ainda por cima, o comprimento da piscina (24,9 metros) fica 10 centímetros aquém do mandatório para poder albergar provas desportivas oficiais. Ainda assim, convém relembrar que, parte dos utentes, aqueles que tinham comprado entrada nas piscinas e delas não puderam usufruir, ainda não viu reembolsado o dinheiro usado na compra.

O último suspiro do complexo aquático deu-se aquando da visita da Direcção Geral de Saúde, em meados de Fevereiro de 2015. A inspecção acusou a necessidade de obras avultadas num futuro muito próximo, sem as quais a piscina não poderia continuar aberta. Perante a possibilidade de evitar algum do prejuízo que advém do seu funcionamento e antecipando o inevitável encerramento, a direcção da AEIST de 2014/2015 optou por, de forma inesperada para os utentes, encerrar o complexo.

Já no ano lectivo de 2015/2016, a nova direcção da AEIST, após concluir que não dispunha das verbas necessárias para a renovação dos equipamentos da piscina, contactou o Conselho de Gestão (CG) expondo o problema. A possibilidade de encerrar definitivamente as instalações e dar uma nova utilização ao espaço, que chegou a estar em cima da mesa, parece não agradar ao CG. Rogério Colaço, Professor e Vice-Presidente do IST, recorda os tempos em que ainda se faziam praxes na piscina e sublinha o valor histórico e tradicional do complexo aquático do Técnico, um dos poucos no país situado dentro de uma Universidade. Complexo esse que serviu durante muitos anos as necessidades dos seus estudantes e se tornou parte da memória do nosso Instituto. O Vice-Presidente esclarece que “até ao final do ano, o Técnico vai tentar perceber o que se pode fazer da piscina” e, referindo-se à utilização do espaço para outros fins, pediu à associação “que não torne já o processo irreversível”. Até ao final deste ano lectivo, o CG vai explorar alternativas para obter financiamento, entre elas tentar encaixar financeiramente o problema no orçamento da Universidade de Lisboa.

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A piscina passa assim a integrar o lote das instalações que não foram poupadas pela tão infame crise que assolou as universidades do nosso país. A estrutura está velhinha e precisa de obras de remodelação. Não será de admirar, tendo em conta que já lá se nadava na década de 40! Mas atenção, banhos só no Verão. No Inverno os custos do aquecimento eram incomportáveis e as instalações encerravam. Por força da necessidade, ou talvez apenas por agilidade de pensamento, não tardou até que alguém sugerisse utilizar o espaço, sazonalmente desocupado, para outros fins. Foi quando o Técnico adquiriu um estrado de madeira para cobrir a área da piscina, que se transformou numa sala polivalente onde chegaram a decorrer assembleias de alunos, reuniões informais e até mesmo exames! Num trabalho intitulado “Dinâmicas Estudantis, Mónica Maurício, reúne relatos de antigos estudantes que contam como algumas provas, coincidindo com a data de uma importante reunião da NATO realizada no campus, tiveram de decorrer em mesas e cadeiras improvisadas, em cima do dito estrado. Tudo porque simplesmente não havia salas disponíveis.

Entretanto, prevê-se que o hiato se prolongue indefinidamente, uma vez que, ainda que Poseidon decida encher de novo o Grande Tanque do Técnico, e tal pode nunca mais vir a acontecer, ainda é preciso fazer-se as ditas obras.

É caso para olhar para o passado e talvez colocar a questão: onde anda o estrado de madeira?


Texto: António Silva