A NASA está a desenvolver um projecto que já mudou tanto de nome como de objectivos, mantendo-se apenas constante numa coisa: construir um veículo com tecnologia e resistência suficiente para enviar seres humanos para zonas da Universo onde antes não era possível. O projecto agora denominado ‘’Orion Project’’ consiste na construção de um veículo que nos permita chegar a asteróides ou mesmo Marte.
Para testar a nave foi realizado no passado dia 5 de Dezembro um voo não tripulado de quatro horas durante as quais se realizaram duas voltas à orbita terrestre, com o objectivo de recolher informação e testar a resistência dos materiais.
O foguetão utilizado para o lançamento foi o Delta IV Heavy do qual restará apenas o Orion assim que este entrar na orbita terrestre. Isto permite manter os astronautas em segurança mesmo que haja algum problema com o foguetão. Depois de atingir uma altura superior a 1600 quilómetros acima da atmosfera terrestre, ao sobrevoar o oceano Indico perde-se o contacto com o exterior, mas o veículo continua a processar mais de 400 milhões de instruções por segundo.
É necessário atravessar a Cintura de Van Allen, onde devido ao elevado nível de radiação, todos os aparelhos electrónicos, tal como computadores de bordo, perdem as suas funcionalidades. Esta zona consiste numa camada de partículas energeticamente carregadas devido ao campo magnético do planeta. As partículas presentes nesta zona são essencialmente protões que deverão ter a sua origem no decaimento de neutrões. É necessário que o veículo seja altamente resistente à radiação para poder atravessar esta zona duas vezes.
Outra das preocupações dos engenheiros ao desenharem o veículo foi a entrada na atmosfera. Ao entrar na atmosfera e atravessar o plasma, o veículo fica exposto a uma temperatura superior a 4000K. Os escudos deste são os com maior resistência ao calor construídos até aos dias de hoje. Com vista a garantir a comodidade da tripulação foi também desenvolvido um sistema de travagem gradual, sendo este constituído por dois conjuntos de pára-quedas. Os primeiros reduzem a velocidade para cerca de 75km/h e os segundos para 20km/h de forma a aterrar com segurança na Terra.
Esta primeira missão, apesar de ser uma missão não tripulada, foi bem-sucedida e a informação recolhida pelo veículo deverá permitir aos cientistas e engenheiros encarregues do projecto ter uma noção mais realista das condições a que os astronautas serão expostos. Está previsto um novo voo de teste para 2018 e uma missão tripulada para 2021 num veículo que será semelhante aos anteriores apenas no aspecto.
Texto: Bárbara Casteleiro