Autoria: João Dinis Álvares (MEFT) e Beatriz Dinis (LEAer)
Ao longo dos três dias do Super Bock Super Rock, cerca de 58 mil pessoas passaram pelo recinto Foi uma edição com um cartaz cheio de nomes famosos que se estrearam finalmente nos palcos portugueses, juntamente com regressos de artistas muito apreciados cá, e o sucesso fica patente nos números apresentados. No próximo ano, entre 18 e 20 de julho, o Super Bock Super Rock retornará ao Meco.
O segundo dia do Super Bock Super Rock começou cedo, com Amaura e Sam the Kid, já como um prenúncio da estreia de uma das bandas que mais contribuiu para o hip-hop a nível internacional, os Wu-Tang Clan. Mesmo antes destes cabeças de cartaz, Nile Rodgers & Chic trouxeram um groove que envolveu os espectadores, através de originais e covers.
Contando já com cerca de 30 anos de história, Wu-Tang Clan presenteou o público português com um espetáculo inesquecível e a excitação era palpável, comprovada pelas inúmeras t-shirts presentes no recinto. A sua influência foi grande e continua a ser.
Neste momento histórico da música em Portugal, as lendas do hip-hop mundial proporcionam uma viagem no tempo até para aqueles que não experienciaram esses tempos, unindo miúdos e graúdos, através de grandes êxitos como “C.R.E.A.M. (Cash Rules Everything Around Me)” e “Wu-Tang Clan Ain’t Nuthing’ Ta F’ Wit”. O palco também foi um local de homenagem a Ol’ Dirty Bastard, membro fundador do grupo, que faleceu em 2004, através da performance de “Shimmy Shimmy Ya”.
Nos palcos secundários, Holly Hood, rapper português, estreou-se no Super Bock Super Rock também, dando um concerto cheio de energia, refletindo-se na audiência que acompanhou algumas das suas músicas, que têm vindo a ficar cada vez mais conhecidas.
Pouco depois, viria a vez de Sampa the Great pisar pela primeira vez os palcos portugueses. Com as suas letras profundas e flow inconfundível, a artista originária da Zâmbia conquistou os corações e ouvidos dos portugueses, que visivelmente se rendiam à magia da atuação. Muitas foram as interações com a audiência, nas quais dedicou uma canção à irmã mais nova, que constituía a sua banda, e prometeu voltar a Portugal: “This is our first time in Portugal, but this ain’t the last time we’re gonna play in Portugal”.
Seguiu-se a atuação dos The 1975, repleta de emoção, lágrimas e cartazes dos fãs. Esta grande performance em que as músicas mais esperadas encerraram o concerto foi seguida de mais uma estreia em Portugal: a artista americana Caroline Polachek, com o seu novo álbum Desire, I Want To Turn Into You. Ainda a primeira música não tinha começado e já se ouviam várias canções a serem entoadas pelos fãs. Porém, o concerto não foi só a música, mas um espetáculo de sensualidade etérea que a artista traz não só na música como na sua presença.
O terceiro e último dia do festival foi marcado pela impossibilidade de se manter parado. Fez-se primeiro uma paragem na Islândia, com o regresso de Kaleo , que já tinha estado em Portugal no ano passado. Um final de tarde acompanhado dos sucessos de blues-rock tanto em inglês como islandês e solos de harmónica impecáveis, aos quais o público respondeu de alto e bom som.
Biig Piig também se estreou cá e veio acompanhada de uma guitarrista portuguesa, Raquel Martins, prometendo um retorno rápido. Logo a seguir, Kaytranada chega ao palco principal e cujo DJ set agarrou o público instantaneamente. PinkPantheress, que tocou logo a seguir, revelou que uma das razões pelas quais se encontrava ali naquele dia era o próprio Kaytranada. Alguns acreditavam que o lugar do Kaytranada deveria ser no final do dia, onde ele poderia brilhar mais, mas o set que trouxe encaixou-se no sunset psicadélico de eletrónica que foi o seu concerto.
Porém, a estreia pela qual todos ansiavam no último dia do Super Bock foi Steve Lacy, cujos ligeiros problemas técnicos não foram impedimento aos vastos aplausos dos fãs. O concerto coincidiu com o primeiro aniversário do seu álbum Gemini Rights, o que levou a que o público cantasse os parabéns em português, ao que o artista respondeu que não tinha percebido o que tinham dito, mas que lhes agradecia profundamente.
Ao mesmo tempo, num palco secundário, Chico da Tina fez a sua primeira aparição no Super Bock, juntamente com Fredo da Tina, que discursou sobre o caminho que ambos fizeram, desde tocarem em Viana do Castelo onde poucos acreditavam que Chico da Tina se iria tornar conhecido até àquele momento. Com as típicas bandeiras da União Europeia, os artistas levaram o público à loucura, sendo os mosh pits a prova disso.
Seguiu-se o retorno dos L’Impératrice a Portugal, nem passado um ano desde a sua atuação no Paredes de Coura, onde foram presenteados com uma ovação inesperada que a banda fez menção de recordar ao abrir o concerto: “We had one of our best shows here in Portugal and we wanted to come back”, expressou a vocalista Flore Benguigui. Trazendo os corações de LED’s ao peito, movimentos sincronizados e um inesperado domínio da língua portuguesa, conseguiram uma vez mais fazer magia no palco e o final contou com um público alegre mas frustrado, por não haver mais tempo de concerto.
Voltando ao palco principal, Parov Stelar, DJ austríaco famoso, juntamente com a sua banda de cordas e sopros, garantiu que o frio não era sentido pela multidão através das melodias agitadas e cativantes aos quais ninguém conseguiu ficar indiferente.
De acordo com a promotora do Super Bock Super Rock, Música com Coração, ao longo dos três dias, cerca de 58 mil pessoas passaram pelo recinto, perfazendo quase uma média de 20 mil por dia, que é perto do limite máximo diário. Foi uma edição com um cartaz repleto de nomes famosos que se estrearam finalmente nos palcos portugueses, juntamente com regressos de artistas muito apreciados cá, e o sucesso fica patente nos números apresentados. No próximo ano, entre 18 e 20 de julho, o Super Bock Super Rock retornará ao Meco.