Álbuns do Ano 2023

Autoria: Diogo Pires (LEIC), Francisca Branco (LEAer), João Rodrigues (LEFT), Rodrigo Raimundo (LEFT) e Tomás Fonseca (LEIC)

Após um ano repleto de novos e fascinantes álbuns, a equipa do Diferencial decidiu que 2023 merecia uma análise mais detalhada de alguns. Deste modo, a equipa, decidiu fazer a seleção daqueles que considerou os seus 10 favoritos. Da recolha feita nas semanas passadas, partilhamos também aqui quais foram os álbuns favoritos da comunidade estudantil do Técnico.

SCARING THE HOES, Danny Brown & JPEGMAFIA

Fonte: Pitchfork

Estes dois “pesos-pesados” do Hip-Hop Underground roubaram os holofotes este ano. Depois de obras de arte como “XXX” e “Atrocity Exibition”, Danny Brown retorna aos braços dos fãs com uma colaboração com o nativo de Baltimore JPEGMAFIA.

Peggy, como é comummente tratado pelos seus fãs, traz consigo um repertório invejável com clássicos modernos como “Veteran” e “LP”. O rapper, cantor e produtor assume, neste álbum, um papel proeminente não só com as suas rimas agressivas e provocantes, mas também com a sua produção absolutamente fantástica. Este projeto é um autêntico festival de consumação da carreira dos dois artistas.

Este álbum não pede desculpa, e isso fica claro com o primeiro verso da intro desta obra de arte, “Lean Beef Patty” onde Peggy enuncia com todo o seu carisma: “First off, f*ck Elon Musk.”. A cultura pop está espalhada por todos os trinta e seis minutos de duração do álbum, tanto nos títulos das músicas, “Lean Beef Patty” e “Kingdom Hearts Key” por exemplo, como nas letras de cada música, “incels just can’t let it go like Frozen” presente na música “Steppa Pig”.

Podemos afirmar, sem sombra de dúvida, que este álbum é um filho da internet, sendo uma escolha plausível caso ao leitor seja posta a seguinte pergunta: “Que álbum resume perfeitamente o mundo moderno?”. Não foi feito para agradar ao ouvinte, mas no meio de toda a abrasão está uma mensagem social cada vez mais relevante. – Rodrigo Raimundo

Favoritas: Lean Beef Patty, Garbage Pale Kids, Burfict!

After the Magic, Parannoul

Fonte: Bandcamp

Desde as suas origens, no início dos anos 90, o shoegaze foi sorrateiramente espalhando as suas influências pelo globo. Hoje, já muito afastado do seu berço na Inglaterra e Irlanda, a Coreia do Sul apresenta a nova promissora voz do género.

Embora rodeado de um misterioso anonimato, Parannoul lançou o seu primeiro álbum, Let’s Walk the Path of a Blue Cat, em 2020, já com experiência musical sob o nome laststar. No entanto, o seu gritante sucesso deu-se em 2021, quando nos trouxe To See the Next Part of the Dream. Numa epopeia que combina o shoegaze com o emo e post-hardcore, o artista explora sentimentos de alienação e nostalgia, que tingem o álbum, mesmo numa língua tão distante como o coreano, de uma profunda e inexplicável tristeza.

Rematando aquele ano com mais um álbum partilhado com outros dois artistas, Parannoul deixou-nos alguns EPs e singles até 2023. Recentemente, com apenas 22 anos, o músico voltou ao estúdio, apresentando After the Magic. Inspirado pelos sonhos que teve aquando do lançamento do seu álbum anterior a solo, a sonoridade continua fortemente enraizada no shoegaze, porém o emo e principalmente o post-hardcore foram afastados. Substitui-os, então, o indie rock e o dream pop que contaminam o álbum de uma felicidade que não estava presente em To See the Next Part of the Dream. Embora as letras ainda se entrelacem com sentimentos de saudade e melancolia, estas contrastam com a esperança que emana ao longo das 10 músicas que compõem a obra. Subtilmente, o artista termina a obra com uma referência ao último álbum. Em “After the Magic”, a última música, Parannoul faz uma curta sample de “격변의 시대 (Age of Fluctuation)”, uma das músicas mais emocionalmente intensas que lançara em 2021. Não obstante, desta vez, a energia transmitida ao público é outra. Concluindo o projeto com um calmo, mas firme, crescendo, que realça o suave otimismo que sempre nos acompanhou, o jovem músico despede-se com a mensagem “Do not forget me. Forget me not.” Após dois álbuns excecionais, o esquecimento será certamente difícil. – Tomás Fonseca

Favoritas: 북극성 (Polaris), After the Magic

That! Feels Good!, Jessie Ware

Fonte: Pitchfork

Não passava muito das oito da manhã quando ouvi este álbum pela primeira vez e, como qualquer outra pessoa, o sono tomava conta de mim. Comecei a ouvir este álbum e a minha genuína reação à intro “That! Feels Good!” foi um sonoro “uau!”, foi o bastante para me despertar naquela manhã e muitas que se seguiram.

A artista inglesa traz para a mesa uma palete de sons inspirados no disco e funk dos anos oitenta que apenas ela consegue gerir. Era de esperar, contudo, tamanha qualidade da artista, dado que a mesma já tinha lançado previamente outros quatro álbuns. What’s your pleasure? de 2020, o álbum que precede That! Feels Good! é um excelente exemplo, que deixo ao leitor como recomendação.

A cantora demonstra todo o seu talento e carisma vocal em todas as músicas do álbum, sendo o refrão de “Free Yourself” aquele que me deixou mais boquiaberto pelo controlo de Ware. Mas o que realmente faz com que este álbum se destaque de outros álbuns desta onda de disco revival é a produção. A instrumentação é simplesmente incrível, sendo a última música do álbum a minha favorita neste aspeto.

Nem todo o álbum tem de ser uma experiência de várias camadas acompanhado de crítica social e este é um excelente exemplo. That! Feels Good! é um álbum que vinga pelo seu groove, desenhado para que qualquer ouvinte consiga uma experiência diferente, mas que se divirta a ouvi-lo. Numa palavra, este álbum é sexy, e não existe maior elogio que esse. – Rodrigo Raimundo

Favoritas: Free Yourself, Hello Love, These Lips

Red Moon in Venus, Kali Uchis

Fonte: Pitchfork

Pássaros a chilrear, vento a esvoaçar e sussurros provocadores marcam o início do quarto disco de Kali Uchis. Em Red Moon in Venus, apresentado ao público em meados de 2023, Kali delicia-nos mais uma vez com a sua voz poderosíssima numa ode ao amor.

O álbum transporta-nos para um local sob controlo da cantora colombiana: Kali sabe o que quer e não está aqui para perder tempo. Eleva a mulher a um nível divino, dona do amor, que tem o poder de abençoar potenciais parceiros. Através da oscilação entre espanhol e inglês, Kali Uchis complementa na perfeição a produção luxuosa do álbum, refletindo a mestria que tem em adequar a sua língua-mãe a sentimentos mais intensos e pessoais.

A assertividade da cantora é acentuada em comentários como “one thing about karma, that bitch will find you” em “Moral Conscience” ou “I don’t deserve the shit you put me through / Like you don’t know that you’re lucky” em “Deserve Me”. Kali sabe o seu valor, e não esquece nem perdoa quem não o reconheceu.

As batidas relaxantes, o R&B suave e a mensagem de valorização e enaltecimento do feminino marcam Red Moon in Venus no coração de qualquer ouvinte. – Francisca Branco

Favoritas: Como Te Quiero Yo, Hasta Cuando, Moonlight

This is Why, Paramore

Fonte: Variety

Oficialmente formada em 2004, a banda norte-americana regressou em 2023 com o seu 6.º álbum. Apesar dos seus altos e baixos, é incrível ver o culminar de 20 anos em This Is Why. Após uma longa jornada, Paramore trazem-nos um álbum que foi muito bem recebido, ficando até em 2.º na Billboard 200, compensando a espera de seis anos dos fãs desde o último álbum, After Laughter (2017).

O álbum inicia-se com a faixa que lhe dá o nome, prometendo imediatamente um seguimento excitante e emocionante. Ao longo das músicas, é impossível não reparar nas batidas características do rock alternativo que marcaram a banda desde o seu começo.

Com dez músicas, a meia hora do álbum tem uma breve estadia, mas não desilude, sendo os quatro primeiros singles os mais marcantes e reconhecidos. Não só estas, como as restantes músicas, enfatizam novamente a energia arrebatadora da banda, que prova pela 6.ª vez o seu valor. 

Paramore também vão estar em Lisboa em 2024, marcando presença nos dias 24 e 25 de maio, no Estádio da Luz, convidados especiais na tour de Taylor Swift. – João Rodrigues

Favoritas: This Is Why, Running Out Of Time, Figure 8

Something to Give Each Other, Troye Sivan

Fonte: Variety

Troye Sivan regressa cinco anos após o lançamento do último álbum Bloom, agora num registo mais promíscuo em Something to Give Each Other. O cerne do álbum são as conexões humanas: relações a dois e sentimentos de êxtase, mas também o que deixam quando acabam. As dez canções apresentadas enaltecem relações queer, sem qualquer receio da reação do público. 

Troye chegou para chocar. O álbum abre com a explosão de “Rush”, o lead single, que, juntamente com Got Me Started, veio transformar a persona calma e frágil que estava associada ao músico australiano pela discografia antiga em alguém assertivo e enérgico, que implementa sons mais elétricos e hipnotizantes.

É ainda importante realçar a importância que o videoclip de “One of Your Girls” assume para a comunidade queer. No vídeo, onde Troye aparece em drag, embora num tom mais confiante e atrevido, assistimos ao dilúvio emocional do cantor, à medida que se apercebe que nunca será devidamente valorizado pela pessoa por quem está interessado. A representação da comunidade drag é especialmente relevante atendendo ao crescente estigma que se está a desenvolver contra a mesma, que tem resultado em ações como a ilegalização da prática perto de menores nos Estados Unidos – incluindo marchas queer.

Something to Give Each Other é um culto ao artista em que Troye se transformou, expondo os seus sentimentos crus. Foi também a altura de se mostrar mais experimental, usando a sample da icónica “Shooting Stars” em “Got Me Started” e até lançando o tema “In My Room” em espanhol.

Troye Sivan inicia a tour do álbum no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, a 29 de maio de 2024. – Francisca Branco

Favoritas: Rush, One of Your Girls, Silly

Me Chama de Gato que Eu Sou Sua, Ana Frango Elétrico

Fonte: Bandcamp

Ao entrarmos na primeira música de Me Chama de Gato que Eu Sou Sua, somos imediatamente agarrados por uma sonoridade quente e sofisticada. Ao baixo que abre a canção, demora pouco até se juntar a guitarra elétrica e a bateria. No entanto, só quando a vocalista começa é que temos noção da obra que se inicia. Num tom divertido e jovial, a cantora e a sua banda caminham uma linha ténue entre o Funk, o Pop e a MPB (Música Popular Brasileira). Quando ouvimos o fim, apercebemo-nos de que apenas passaram 4 minutos – ainda temos 27. Embora curto, o álbum nunca perde as características que se destacaram na música de abertura. A sensação de calor, harmonia e paz nunca são esquecidas, acompanham-nos durante todo o projeto, sem nunca se tornarem aborrecidas. A vocalista, elemento de distinção, combina o português com o inglês, deixando sempre o ouvinte curioso do que vem a seguir, uma mudança na língua ou um trompete inesperado?

Uma das ideias que mais passa para a audiência é a sensação de fluidez, uma corrente harmónica. Não há um instrumento que abafe os outros, não há momentos em que a voz desafine, todas as músicas fluem naturalmente, quer durante a sua duração, quer para as músicas que se seguem. Esta sensação não é resultado do acaso. Embora a MPB seja por si um género muito tranquilo, a cantora afirma que um tema basilar da obra é o não-heteronormativo, nomeadamente o não-binário. De acordo com Ana Frango Elétrico, o álbum é uma jornada queer, incidindo sobre relações, sensualidade e amor, ironia e sarcasmo. A minúcia com que a mensagem passa através das letras, como “Seu cheiro me lembra do meu lado feminino, mas hoje sou menino” em “Camelo Azul”, se infiltra na música e se expressa no próprio título demonstra o génio da jovem vocalista.

Se há algo inegável sobre o terceiro álbum da cantora do Rio de Janeiro é que se trata de uma formidável obra que combina letras contemporâneas com sons suaves e doces, emanando uma tropicalidade inigualável. Li, algures nas profundezas da internet, que este álbum fazia lembrar uma viagem num barco durante um pôr do sol veranil. Até hoje, não consigo descrevê-lo de melhor forma. – Tomás Fonseca

Favoritas: Electric Fish, Insista em Mim, Dr. Sabe Tudo

GUTS, Olivia Rodrigo

Fonte: The New Yorker

Olivia Rodrigo regressa com o seu segundo álbum que, mais uma vez, a trouxe às luzes da ribalta. Dando seguimento a SOUR, primeiro álbum da artista que a colocou no radar da indústria, Olivia parece criar uma tradição para títulos de álbuns com quatro letras e nomes peculiares.

Composta por doze músicas, GUTS apresenta o alcance vocal da artista, que realça a sua evolução nos últimos anos, e uma variedade de estilo, tendo principalmente como inspiração punk e rock alternativo. Começando com “all-american bitch” e “bad idea right?”, é-nos logo prometido um álbum cheio vigor vocal e instrumental no qual iremos percorrer as jornadas de Olivia nas descobertas da vida de uma jovem adulta.

De seguida, vem o maior êxito do álbum, “vampire”, o single principal onde, se ainda não fosse claro, nos revela a sua sofisticação como vocalista e compositora, estreando em No.1 na Billboard Hot 100. Com este single e com as restantes faixas do álbum, Olivia deixa a sua marca artística e a sua presença na cultura pop atual.

Para além disso, foram também lançadas quatro variantes do álbum em vinil que se distinguem não só pelas suas diversas cores, mas também pela 13.ª música que, em cada uma dessas versões, é uma das quatro músicas secretas de GUTS, exclusivas a estas versões físicas do álbum. As músicas em questão são “Obsessed”, “Scared of My Guitar”, “Stranger” e “Girl I’ve Always Been”.

Com o lançamento deste álbum, Olivia anunciou a tour do mesmo em 2024, passando por Lisboa dias 22 e 23 de junho, no Altice Arena, com Remi Wolf como convidada especial. – João Rodrigues

Favoritas: vampire, ballad of a homeschooled girl, get him back!, teenage dream

PetroDragonic Apocalypse, King Gizzard & The Lizard Wizard

Fonte: Bandcamp

A banda australiana, King Gizzard and the Lizard Wizard, conta com pouco mais de uma década de existência, tendo produzido 25 álbuns de estúdio até ao momento. Procuram reinventar-se constantemente, com novos sons e fusões entre estilos, e este não é excepção. Em 2019, lançaram o seu primeiro álbum de trash metal, Infect the Rats’ Nest, que foi muito bem aceite pelos fãs e pela crítica. No verão de 2023, trouxeram de volta essa vertente mais pesada, com PetroDragonic Apocalypse.

O álbum fala de temas ambientais e da destruição do nosso planeta dado o uso excessivo de combustíveis fósseis e o fascínio pelo petróleo. “Motor Spirit”, a abertura do álbum, não podia refletir estes temas melhor, transmitindo um ritmo hipnotizante e pesado que lembra o barulho de um motor. Segue-se por “Supercell”, uma música rápida com um ritmo condutor que fala sobre uma enorme tempestade que vem devorar o mundo criado pelo ser humano.

Depois disto, o álbum entra numa fase mais fantasiosa, como praticamente todos os álbuns da banda, onde se retrata a criação de um dragão digno de combater a tempestade. Assim, através da magia das mudanças de ritmo e escalas mais místicas e modais de “Witchcraft” nasce “Gila Monster”, um dragão Deus que veio salvar a humanidade. A música é barulhenta, catchy e tem tudo o que um fã espera de King Gizzard, paredes sonoras de guitarras e os famosos gritos que são a assinatura da banda em quase todos os álbuns.

No entanto, os solos de guitarra e batida da música “Dragon” trazem de novo o caos ao álbum. A própria criação que veio para salvar o ser humano vira-se contra ele. Os riffs são pesados e o ambiente alarmante da música é sentido pelas passagens quase dissonantes da guitarra, terminando depois com “Flamethrower” e o fim da humanidade, dando lugar ao caos do mundo motorizado.

PetroDragonic Apocalypse é uma interpretação mais madura de Infest the Rats’ Nest, com um som mais vivo e agitado que nunca para, nem entre músicas, dando energia a este mundo movido a combustíveis fósseis e pintado com as manchas negras do petróleo. – Diogo Pires

Favoritas: Motor Spirit, Supercell, Gila Monster

Praise A Lord Who Chews But Which Does Not Consume, Yves Tumor

Fonte: Pitchfork

O nome Yves Tumor tem vindo a aparecer cada vez mais nos últimos anos, contemplando uma escalada até aos holofotes, tanto do rock como do pop. Praise A Lord, para abreviar, vem trazer o pacote completo do alcance  do artista, desde indie pop, passando pelo post punk, e tocando também em art rock.

O álbum abre com uma das músicas mais interessantes sonoramente, “God is a Circle”. O discurso arrastado da voz lembra, em algumas passagens, a cadência de Trent Reznor, e o respirar ofegante, que serve de ritmo a esta música, constrói um ambiente sinistro. “Echolalia” também segue este padrão mais medonho e tenso. 

É rara, neste álbum, a música que não tenha uma harmonia de guitarras escondida atrás da voz do artista. A título de exemplo temos “Parody”, que contempla um crescendo de guitarras, quase como em noise rock, que depois atinge uma melodia em “Heaven Surrounds Us Like a Hood”, fazendo um dueto com os vocais.

Por fim, “Ebony Eye” conclui o álbum perfeitamente. A melodia orquestral lidera a marcha em direção ao fim desta jornada sonora de Praise A Lord Who Chews But Which Does Not Consume, sempre acompanhada por aquele conjunto de guitarras de fundo, sintetizadores e várias camadas de produção excelente. – Diogo Pires

Favoritas: God Is a Circle, Heaven Surrounds Us Like a Hood, Ebony Eye

Terminada a nossa lista dos Top 10 álbuns de 2023, podemos agora ver os resultados da comunidade estudantil, que, apesar de terem alguns nomes em comum, trazem novos álbuns que apontam para a diversidade de gostos e interesses musicais com que nos deparámos. 

  1. the record, boygenius
  2. The Land is Inhospitable and So Are We, Mitski
  3. Me Chama de Gato Que Eu Sou Sua, Ana Frango Elétrico
  4. Afro Fado, Slow J
  5. GUTS, Olivia Rodrigo
  6. Did you know that there’s a tunnel under Ocean Blvd, Lana del Rey
  7. nadie sabe lo que va a pasar mañana, Bad Bunny
  8. Javelin, Sufjan Stevens
  9. Desire, I Want to Turn Into You, Caroline Polachek
  10. Bichinho, Bárbara Tinoco

Esperamos que estas listas tenham sido do vosso interesse, tanto para encontrar os vossos artistas favoritos, como também para vos dar a conhecer novas músicas e artistas. Com isto, esperemos que 2024 também contribua tanto para esta arte como 2023, trazendo mais variedade e entusiasmo!

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