MAAT: O Museu com telhados de cerâmica

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15 horas, cinco de outubro: dia da celebração da implantação da república. É dia dessa instituição aclamada por uns e censurada por outros – o Feriado. Sob um sol abrasador, acumula-se, à porta do MAAT, uma multidão. A pausa a meio da semana e a gratuitidade contribuíram para isso.

A ânsia de conhecer o novo museu da cidade é grande. Há pessoas a ignorar a organização improvisada das filas e ouvem-se alguns gritos e impropérios. Cá fora, sobre a calçada, o sol queima e nem os jornais gratuitos do MAAT valem como um bom tapa-sol. Para muitos, quase todos, a espera vale(rá) a pena.
Passados 35 minutos, a espera acaba. 4 anos e 20 milhões de euros depois, a hora chega.

Chegamos ao foyer e olhamos em redor. Um feixe de pessoas entra, ininterruptamente, pela porta. Vemos, do outro lado, um muro. Aproximamo-nos.  Sob os nossos pés, ao longo de uma parede curva que se fecha numa elipse, desdobra-se a primeira sala do MAAT. Impressionante.

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A Sala Oval, o maior espaço do museu.

Lá em baixo, uma rede cobre os quase 4 mil metros quadrados da sala, e sob ela grandes tapetes arrumados como livros. E bolas. Há crianças, velhos e adultos, os primeiros correm atrás das bolas e os segundos e terceiros vigiam-nas ou simplesmente deitam-se sobre os livros.

É a primeira instalação in-site do MAAT. Pynchon Park. Da artista francesa Dominique Gonzalez-Foerster – e é quase tudo o que há do museu. À volta, há uma video room e uma project room. Mas mal se notam.
Soube a pouco.

Mas se é verdade que um bom livro não se consegue julgar pela capa, o MAAT é o corolário do inverso – um bom edifício cujo interior não lhe faz jus. É um facto.  Impressiona pela forma e pela sua inclusão na cidade. Diríamos, ao contrário do costume, que o espaço foi feito para aquele edifício.

O imenso terraço é uma alucinação. Uma simples protuberância na marginal. Iluminado por todos os lados (a luz, essa, é a rodos!) conta com o revestimento em cerâmica para ajudar à festa.

“O nosso lugar é nos dois lados da luz”. Sim, mas da artificial!

À entrada do MAAT está escrito algo como “O nosso lugar é nos dois lados da luz”, pode até ser verdade, mas, do lado de dentro, a luz que vem de fora não entra. Apenas a energia da EDP serve para iluminar os espaços. Embora não o sintamos, estamos numa cave. Alta, ampla e muito iluminada. Não é em si um incómodo e muito menos será um problema, isto permite escurecer a sala por completo e fazer, por exemplo, projeções localizadas – a instalação de Foerster tira já partido disto.

Do MAAT muito e muitos esperavam – 60.000 pessoas, são raras em Portugal as inaugurações de espaços como este – alguns terão saído desiludidos, outros encantados, alguns até indiferentes. Mas com as obras do edifício a estarem concluídas apenas em 2017, muito ainda está por fazer e mostrar. Então, voltaremos a escrever…

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À entrada do MAAT, visitantes acumulavam-se à medida que a tarde ia chegando ao fim.

Texto: Afonso Anjos

Fotografias: Afonso Anjos

Galeria: Gonçalo Ferreira