Autoria: Francisca Branco (LEAer)
Chegou ao fim a segunda edição do MEO Kalorama, no Parque da Bela Vista. A edição contou com nomes como Florence + The Machine, Arcade Fire, Blur e Yeah Yeah Yeahs, entre muitos mais. O cartaz do terceiro dia foi o ideal para encerrar esta edição em grande, com artistas cheios de energia que asseguraram um fim de verão memorável.
Dino D’Santiago veio dar um passeio ao palco San Miguel, como referiu na entrevista à SAPO Mag [1]. Com uma setlist personalizada para o festival, Dino aqueceu os pés do público com temas como “Esquinas”, em colaboração com Slow J, e “Kriolu” – e não se deixou ficar isolado no palco. Juntou-se à plateia, quebrando a barreira entre artista e público, unindo-se para celebrar aquilo que é a sua vertente da música cabo-verdiana.
Faltava ainda meia hora para o concerto dos Foals, quando já se via uma multidão a formar-se perto do palco MEO. A sonoridade indie da banda inglesa assegurou um fim de dia vibrante, que rapidamente contrastou com o rock que chegou para agitar os fãs assim que anoiteceu. Gratos pela energia recebida no seu último concerto este verão, os Foals deixaram tudo no palco com um concerto complexo, que transpareceu a versatilidade da sua discografia. Um dos momentos que vai ficar para a memória aconteceu durante a canção “Spanish Sahara”, na qual o vocalista pediu que o público se baixasse, e que apenas se levantasse no segundo verso, criando uma onda de emoção entre aqueles que mais ansiavam ver a banda novamente. Foi de notar ainda o entusiasmo do grupo em voltar a subir ao palco com o baixista Walter Gervers, que tinha abandonado em 2017 e que regressou recentemente.
A nuvem de rock levantada pelos Foals foi mantida com o concerto dos The Hives, que lhes deu seguimento. O famoso humor do vocalista Pelle Almqvist e a sua proximidade com o público agitou a plateia do palco San Miguel, que dançou ao longo de todo o set da banda que afirma ser “as lendas do rock”. Ao anunciar que ia dar outro concerto em Lisboa, no dia 6 de outubro, no Capitólio, disse ainda que, caso o público tivesse muita sorte, iria ouvir a canção que iam tocar de seguida – e ouviram-se os primeiros acordes do seu êxito “Hate To Say I Told You So”.
As grandes estrelas da noite, os Arcade Fire, prepararam um baile para encerrar o palco MEO, na segunda edição do festival. Mesmo após dois concertos esgotados no ano passado no Campo Pequeno, milhares de fãs encheram o recinto para receberem os canadianos de braços abertos e voz afinada. Montaram um show com uma bola de espelhos, cerne do espetáculo de luzes, lasers e até mesmo bonecos insufláveis, que saíram para dançar ao som de “Unconditional I (Lookout Kid)”. Win Butler, vocalista da banda, rapidamente se dirigiu às primeiras filas, que o elevaram pela multidão, cantando assim a canção de abertura “Age of Anxiety II (Rabbit Hole)” – mas não foi a única. Ao longo de todo o concerto, foram várias as vezes em que tanto Win como Régine Chassagne, a multi-instrumentista e vocalista, se dissolveram na plateia e cantaram em conjunto com os fãs as suas favoritas, como “Afterlife” e “Sprawl II (Mountains Beyond Mountains)”. A cumplicidade sentida entre os membros da banda faz-se notar através da distribuição do “tempo de antena”, já que todos eles tiveram o seu momento de destaque na frente do palco – houve momentos de dança intensa, percussão sentida e harmonias imaculadas. Houve ainda uma incorporação do tema “Temptation” dos New Order no fim de “Afterlife”, e, quando Win se ocupou do piano, dedicou “The Suburbs” a David Bowie, assegurando que Bowie os presenciava de cima, partilhando intensamente o momento com a multidão. Se, durante o concerto, não ficou claro o impacto da banda nos festivaleiros, no final houve a confirmação de que os portugueses não estavam prontos para abandonar a banda ao permanecerem em uníssono a entoar o tema de encerramento, “Wake Up”, tendo sido até acompanhados por alguns membros da banda que estenderam esta harmonização que vai ecoar para sempre no coração dos presentes.
Já o palco San Miguel acolheu a última artista do festival, Pabllo Vittar. Com fãs já nas barreiras desde a abertura das portas, Pabllo chegou para fazer o público dançar livremente. No concerto de encerramento da sua tour, apresentou temas do álbum mais recente “Noitada”, em conjunto com canções que ganharam respeito ao longo da sua carreira. Ao cantar “Disk Me”, desceu ao público, onde abraçou e tirou fotografias com alguns fãs mais sortudos. Agradeceu ainda ao público português por todo o amor que lhe deram, e prometeu regressar a Portugal para mais concertos animados.
Termina, assim, a segunda edição do MEO Kalorama, no Parque da Bela Vista. O festival conta já com a próxima edição, nos dias 29, 30 e 31 de agosto de 2024.
Referências: