Centenas de estudantes marcham pelo Fim ao Fóssil até 2030 em dia de apagão

Autoria: Catarina Curado (LMAC)

O passado dia 28 de abril ficou marcado pelo apagão em Portugal e Espanha, mas, para centenas de estudantes, foi também o dia em que saíram à rua para mostrar o seu descontentamento com o uso excessivo de combustíveis fósseis. Organizada pela Greve Climática Estudantil de Lisboa, a manifestação teve início na Praça José Fontana, em frente à Escola Básica Luís de Camões, e terminou na Assembleia da República.

A 22 de abril, Catarina Bio, ativista da Greve Climática Estudantil de Lisboa, entregou a “Carta  de Estudantes pelo Fim ao Fóssil até 2030na sede de 6 dos 8 partidos políticos com assento parlamentar (PS, PSD, PCP, BE, PAN e Livre), deixando de parte o Chega e enviando a mesma por email à Iniciativa Liberal. Contando já com a assinatura de milhares de estudantes, esta carta exige a transição energética justa até 2030, apela à mobilização estudantil e critica o governo por continuar a falhar nas metas climáticas que prometeu cumprir.

Estudantes no início da Marcha pelo Fim ao Fóssil. Fotografia: Catarina Curado

Sem mais conversa e mais ação, somos a revolução”, “deixa passar, sou ativista e o mundo eu vou mudar” e “para a nossa espécie não ficar extinta, fim ao fóssil até 2030” foram algumas das frases feitas ouvir pelas ruas de Lisboa por estudantes ativistas que, no dia 28 de abril, exigiram o fim ao fóssil até 2030. A marcha, inicialmente prevista para as 12 horas, acabou por começar por volta das 13h15. Nesta manifestação, para além dos estudantes, marcaram presença alguns ativistas do Climáximo, coletivo pela justiça climática; e alguns membros da Amnistia Internacional, que participaram apenas como observadores.

Nos últimos 20 anos a representatividade do petróleo e derivados no CEP decresceu cerca de 32,6%, enquanto a das renováveis e a do gás natural mais do que duplicou, no mesmo período. Entre 1 de janeiro e 30 de abril de 2025, 82,2% da eletricidade gerada em Portugal Continental teve origem renovável. Face a estes dados, centenas de jovens participaram na manifestação pois acreditam que acabar com os combustíveis fósseis em Portugal em apenas 5 anos é possível. Este foi o caso de Joaquim Mendes, da Escola Secundária Vergílio Ferreira e ativista do Climáximo. Este estudante explicou que as grandes empresas terão de repensar as suas prioridades para que a transição energética possa acontecer: “O que as empresas gostam é de, todos os anos, ter um lucro muito superior ao ano anterior. [Contudo,] vai ter que haver uma queda no lucro delas, algo que eu acredito ser razoável, visto que o planeta é um bocado mais importante. Os custos nunca serão superiores à nossa vida.” Joaquim destaca também a importância dos estudantes nestas lutas, acrescentando que “o Climáximo e a Greve Climática Estudantil trabalham muito em conjunto e apoiam-se nestas ações para que haja mais força neste movimento.”

Estudantes durante a Marcha pelo Fim ao Fóssil. Fotografia: Catarina Curado

Pouco antes de chegarem à Assembleia da República, os estudantes pararam para ouvir o discurso de um finalista da Nova Medical School, que destacou números alarmantes derivados da crise climática atualmente vivida, como a morte de mais de 175 mil pessoas em eventos extremos, muitas delas devido à subida da temperatura média da Terra, só no ano passado. Terminou a sua intervenção, com as palavras “Esta é uma realidade que estamos a viver. O tempo de agir é agora.

Ao chegarem à Assembleia da República, os estudantes voltaram a fazer ouvir as suas reivindicações, responsabilizando figuras políticas pelo estado atual do clima.

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