Autoria: Diogo Faustino (MEAer), Filipe Valquaresma (MEAer)
No dia 28 de março, o Técnico Fuel Cell, equipa de estudantes de engenharia do IST, desvendou o seu primeiro veículo. A equipa parte em breve para o Circuito Paul Armagnac em Nogaro, no sul de França, onde participará na Shell Eco-marathon Europe and Africa 2024, de 19 a 24 de maio.
A equipa do Técnico Fuel Cell (TFC) é um dos mais recentes núcleos estudantis do Técnico e o mais recente núcleo dedicado a protótipos de engenharia. Fundada em 2019, esta equipa que começou com 21 membros mais que duplicou a sua dimensão nos últimos cinco anos: atualmente, a equipa conta com 49 membros ativos.
No último dia 28 de março, a jovem equipa apresentou o seu primeiro veículo funcional, perante um Salão Nobre lotado. A sessão contou com a presença do presidente do IST, Rogério Colaço, com o Ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, e com um representante institucional da Galp – o maior patrocinador deste projeto – Manuel Andrade.
Na sua intervenção, o presidente do IST salientou a diversidade e a qualidade das iniciativas estudantis no seio da comunidade IST. O Salão Nobre cheio, por si só, é já uma grande vitória para o projeto, apontou.
No seu último ato público enquanto ministro, António Costa Silva “regressou” à sua casa para cumprir uma promessa que havia feito à equipa por ocasião da inauguração do Técnico Innovation Center. No seu discurso, realçou a importância destes projetos, mesmo que indireta, na transição energética e na economia do hidrogénio, que considera serem da maior importância para o futuro do país.
Representando a Galp, o principal patrocinador, Manuel Andrade realçou a importância do Técnico no seio da sua empresa, uma vez que é a origem de grande parte dos recursos humanos que a empresa tem atualmente. Realçou também o papel e o esforço da Galp na transição energética, nomeadamente no ramo do hidrogénio, bem como no empenho nesta iniciativa estudantil.
De seguida, foi a vez do co-fundador e mentor deste projeto, o atual líder da equipa Duarte Soares, proferir as suas declarações. O estudante de Engenharia Mecânica salientou as dificuldades que o projeto conseguiu enfrentar com sucesso, num discurso também repleto de agradecimentos: à família de todos os membros do projeto, ao Técnico e parceiros institucionais, e a todos os outros núcleos de protótipos, que comparou a “irmãos”.
João Lotra, estudante do 4º ano de Engenharia Mecânica e líder de comunicação do TFC, conversou com o Diferencial sobre o projeto. Faz parte da equipa desde dezembro de 2021 e fala-nos dos desafios específicos da competição Shell Eco-marathon: “nós competimos pela eficiência, queremos que o carro ande mais com menos”.
O foco é, portanto, num veículo o mais leve possível. As regras da competição estabelecem que cada equipa tem um litro de hidrogénio comprimido a 200 bares: com esse litro, as diferentes equipas percorrem o maior número de quilómetros possível até se esgotar o hidrogénio.
João acrescenta, animadamente: “Nós somos muito diferentes da FST. O nosso objetivo não é fazer acelerações dos zero aos cem em 2 segundos. O nosso objetivo é mesmo fazer o carro mais económico possível”.
Duarte Soares lembra as decisões iniciais que moldaram o projeto ainda embrionário: “na competição, podíamos concorrer com um carro citadino ou com um prototype, como é o do PSEM”.
Essa primeira escolha favoreceu o conceito urbano que agora apresentam ao público: “traz um desafio muito maior, porque tens mais componentes. Os travões têm que ser de carro, não podem ser de bicicleta, a carroçaria tem de ter este formato grande, com a porta com uma dimensão mínima: a aerodinâmica tem que ter isso em conta para o condutor ir lá dentro sentado, e não deitado”.
“Esta escolha foi a mais desafiante, e somos a única equipa em Portugal com um carro destes”.
Quanto à competição Shell Eco-marathon, em que participarão de 19 a 24 de maio, Duarte permanece sonhador, mas reconhece que partem em desvantagem: “Claro que queremos sempre ganhar, não vale a pena ir para uma competição com uma mentalidade diferente. Mas temos que também ser realistas: as equipas que lá estão têm décadas de história e têm orçamentos que, nalguns casos, chegam a um milhão de euros, enquanto que o nosso ronda os 20 mil euros anuais”.
As dificuldades não terminam por aqui: o projeto não tem uma oficina dedicada, ao contrário das restantes equipas de prototipagem do IST. O espaço que foi disponibilizado para a equipa situa-se na garagem do campus Taguspark: “a equipa tem que andar sempre de um lado para o outro e isso prejudica bastante o projeto, acho que qualquer estudante do Técnico sabe o martírio que isso é”, garante o líder do projeto. “Adoramos lá estar, mas não ter uma oficina e o protótipo na Alameda quando precisamos dele corta-nos muito a disponibilidade para trabalhar”.
A sessão de apresentação contou também com a primeira demonstração pública do veículo em funcionamento. Perante o olhar atento de todos os convidados, o veículo pôde dar uma volta no átrio do Pavilhão Central, cumprindo a promessa mais ouvida ao longo da apresentação: “o carro vai andar hoje”.