Autoria: André Santos (MEEC), João Carriço (LEQ), Pedro Aldeia (LEIC), Sofia Calado (MEEC)
Na sequência do apagão que afetou Portugal no dia 28 de abril, o Diferencial procurou compreender o impacto deste evento no Instituto Superior Técnico: de que forma o corte de energia afetou o funcionamento dos campi, quais as medidas de resposta implementadas e que planos existem para lidar com situações semelhantes no futuro.
Para compreender melhor o impacto do apagão na faculdade, tanto ao nível das infraestruturas como das pessoas envolvidas, o Diferencial entrou em contacto com Miguel Amado, vice-presidente para a Sustentabilidade e Infraestruturas do IST, e entrevistou Rogério Colaço, presidente do IST.
O apagão de dia 28 afetou todo o território nacional e, naturalmente, o IST também se ressentiu com este fenómeno inesperado; por volta das 11:30 horas os campi ficaram sem energia, à semelhança do que aconteceu no resto do território continental. Questionado acerca da maneira como o IST foi afetado e acerca da existência de registo de estragos causada pela falta de energia nestas horas, o Vice-Presidente para a Sustentabilidade e Infraestruturas do Técnico esclareceu que todos os edifícios dos campi ficaram sem energia, no entanto, graças aos geradores instalados nalguns destes edifícios, conseguiu-se assegurar o funcionamento das infraestruturas críticas até à reposição da energia. Estes geradores estão distribuídos por diferentes pavilhões, e interligações de rede permitem que nenhum pavilhão fique sem cobertura energética. Como os geradores estavam abastecidos com combustível suficiente para manter o funcionamento em níveis mínimos durante 24 horas, de acordo com o professor Miguel Amado, não houve quaisquer relatos de estragos causados em laboratórios, havendo contudo informação de que um reduzido número de experiências em curso tiveram de ser reiniciadas após o restabelecimento do fornecimento de energia por parte da REN (Redes Energéticas Nacionais).
Ao início da tarde, foi emitida uma ordem para evacuar o Técnico, após decisão por parte do Conselho de Gestão, que Rogério Colaço justificou com a falta de condições para o bom funcionamento das instalações, devido à ausência de ventilação e de água, bem como questões de segurança. O presidente do IST acrescentou ainda que existe um conjunto de portas em diversos edifícios que fecham automaticamente e que necessitam de eletricidade para operar. Apenas em situações de urgência foi permitido o acesso de docentes ou investigadores às instalações, de modo a salvaguardar a segurança dos equipamentos. Miguel Amado referiu ainda que, apesar de esta situação já estar abrangida pelo plano de contingência existente, esta ocorrência já foi discutida de modo a ajudar em situações futuras.
Uma parte considerável dos estudantes do Técnico reside longe da referida instituição, pelo que o regresso a casa pode ter-se revelado atribulado. Perante esta notícia, gerou-se uma preocupação geral entre famílias, que chegaram a aproximar-se do Técnico, apenas para receber a notícia de que os seus filhos não estavam lá. Em relação a uma possibilidade de alojar os referidos estudantes no Técnico, tanto Miguel Amado como Rogério Colaço revelam que esse nunca foi um plano discutido. Rogério Colaço não certifica ainda que essa situação venha a ser coberta, pelo facto de o apagão ter sido uma situação pontual.
Após a evacuação do Técnico, apenas se manteve aberto o portão da Torre Norte, e as equipas de segurança mantiveram-se ativas, observando as circulações. Quando foi possível, os campi acompanharam a reposição faseada do fornecimento de energia nas regiões de Lisboa, Loures e Oeiras.