Kelly Wanser sobre se devemos intervir deliberadamente no clima

Autoria: Vasco Grilo

O texto que se segue é uma tradução da secção “Introduction” da página do episódio 95 do The 80,000 Hours Podcast. Neste podcast podes ouvir conversas sobre os problemas mais prementes do mundo, e como podes usar a tua carreira para os resolver. Na página de cada episódio também podes encontrar a transcrição da conversa, os seus pontos chave, artigos, livros e outros media discutidos no programa, assim como episódios relacionados. 

A 80,000 Hours é uma organização sem fins lucrativos que investiga como podemos utilizar a nossa carreira para contribuir eficazmente para um mundo melhor, enquadrando-se no movimento “Effective Altruism”. As ideias chave da 80,000 Hours podem ser consultadas aqui. Uma coleção de dez episódios de topo do The 80,000 Hours Podcast, especificamente selecionados para rapidamente introduzir os ouvintes à escola de pensamento do “Effective Altruism”, pode ser encontrada aqui.

Kelly Wanser sobre se devemos intervir deliberadamente no clima

Por Robert Wiblin  e  Keiran Harris  · Publicado a 26 de março de 2021

Quanto tempo achas que vai demorar até conseguirmos moldar o tempo à nossa vontade? Um enorme programa para criar chuva na China, esforços para semear novos oásis na península Arábica, ou induzir quimicamente neve para esquiadores no Colorado.

100 anos? 50 anos? 20?

Aqueles que sabem escrever um teaser para um episódio de podcast terão adivinhado corretamente que todas estas coisas já estão a acontecer hoje. E as técnicas que estão a ser utilizadas também podem ser voltadas para a gestão das alterações climáticas.

A convidada de hoje, Kelly Wanser, fundou a SilverLining – uma organização sem fins lucrativos que defende a investigação sobre intervenções climáticas, como semear ou abrilhantar nuvens, para garantir que mantemos um clima seguro.

Kelly diz que as atuais projeções climáticas, mesmo que façamos tudo bem a partir de agora, implicam que dois graus de aquecimento global são agora inevitáveis. E os mesmos cientistas que fizeram essas projeções temem os efeitos indiretos a longo prazo que este aquecimento pode ter.

Uma vez que o nosso melhor cenário pode já ser demasiado perigoso, a SilverLining foca-se em formas de intervir rapidamente no clima se as coisas ficarem especialmente sinistras – a sua investigação serve como uma espécie de apólice de seguro.

Depois de considerarem tudo, desde espelhos no espaço, a objetos brilhantes no oceano, a materiais no Ártico, os seus cientistas concluíram que a abordagem mais promissora é alavancar uma das formas que a Terra já utiliza para regular a sua temperatura – o reflexo da luz solar nas partículas e nuvens na atmosfera.

Abrilhantar nuvens é uma abordagem de controlo climático que usa a pulverização de uma névoa fina de água do mar em nuvens para torná-las “mais brancas” para que reflitam ainda mais luz solar de volta ao espaço.

Estas “listras” em nuvens já são criadas por navios porque as partículas dos seus motores diesel inadvertidamente tornam as nuvens um pouco mais brilhantes.

Kelly diz que os cientistas estimam que já estamos a baixar a temperatura global desta forma em 0,5–1,1 ºC, sem sequer o pretendermos.

Embora as partículas de combustíveis fósseis sejam terríveis para a saúde humana, os cientistas pensam que podemos replicar este efeito simplesmente pulverizando a água do mar em nuvens. Mas até agora não houve financiamento para medir que mudança de temperatura se obtém para uma dada quantidade de spray.

E não vamos querer mergulhar nestes métodos de cabeça, porque a atmosfera é um sistema complexo que ainda não conseguimos modelar apropriadamente, e há muitas coisas a verificar primeiro. Por exemplo, químicos que refletem a luz da atmosfera superior podem mudar totalmente os padrões de vento na estratosfera. Ou talvez não – dada toda a discussão sobre o aquecimento global, o clima está surpreendentemente pouco estudado.

O público tende a ser cético sobre intervenções climáticas, também conhecidas como geoengenharia, pelo que neste episódio cobrimos uma série de possíveis objeções, tais como:

  • Ser mais arriscado do que não fazer nada
  • Que inevitavelmente será perigosamente político
  • E o risco da “dupla catástrofe”, em que uma pandemia para as nossas intervenções climáticas e as temperaturas disparam no pior momento.

Kelly e Rob também falam sobre:

  • As muitas intervenções climáticas que já estão a acontecer
  • As ideias mais promissoras na área
  • E se as pessoas seriam mais aceitadoras se encontrássemos formas de intervir que não tivessem nada a ver com fazer do mundo um lugar melhor.

Obtém este episódio subscrevendo o nosso podcast sobre os problemas mais prementes do mundo e como resolvê-los: Escreve 80,000 Hours na tua aplicação de podcasts. 

Produtor: Keiran Harris
Masterização de áudio: Ben Cordell
Transcrições: Sofia Davis-Fogel

Nota: a imagem da capa foi retirada da página do episódio.

Para avaliar o impacto deste artigo, agradecíamos que preenchesses este questionário (não demora mais do que 1 minuto). 

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