Autoria: Margarida Almeida (LEBiol)
Organizado pelo Centro de Química Estrutural (CQE), a 12 e 13 de Maio, decorreu mais uma edição dos CQE days. Este evento, que pretende dar a conhecer os diversos laboratórios e linhas de investigação que compõem o CQE, contou também com a presença de investigadores externos ao CQE e ao Técnico, reunindo cerca de 300 participantes. A organização do evento afirma que o objetivo é fomentar a divulgação, inspiração e colaboração científica.
O CQE é uma unidade de investigação de química fundamental e aplicada que resulta da colaboração entre o Instituto Superior Técnico e a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que se organiza em 4 linhas temáticas focadas: na química medicinal (Medlife), na sustentabilidade (GreenChem), no estudo de novos materiais para diversas aplicações (MatChem) e no desenvolvimento de catalisadores, novas moléculas e mecanismos de síntese (MolCat).
O programa contava com: 4 plenários por investigadores mais conceituados (Ángela Sastre-Santos, Éva Anna Enyedy, Markus Niederberger e Vânia Zuin Zeidler); 4 espaços para comunicações orais de 10 minutos cada, geralmente por estudantes de doutoramento ou pós-docs; uma sessão de flash communications de 3 minutos; e 2 exposições de pósteres que acumulavam um total de 128 pósteres científicos.
Destaca-se a sessão de oral communications, conduzida por Pedro Paulo, com 4 apresentações onde Diogo Gonçalves falou de astrobiologia, mais especificamente sobre aminoácidos produzidos nas regiões vulcânicas de Titã (a maior lua de Saturno) e a sua fotoquímica. Hugo Lapa, por sua vez, falou de uma estratégia para a conversão de nitroarenes, um grupo de compostos nocivos encontrados em sistemas aquáticos, em produtos biodegradáveis.

No final do 2º dia, para fechar o evento, foram entregues prémios nas categorias de “melhor comunicação oral”, “melhor flash communication” e “melhor póster”. O prémio de “melhor comunicação oral” foi entregue a Maria Sequeira pela comunicação “A Thermodynamic Journey: Unlocking Cold Thermal Energy Storage with Phase Equilibrium Studies”.
Outros tópicos abordados foram a análise de canabinoides sintéticos quanto ao seu metabolismo por uma linha de células do cérebro e citotoxicidade, a reciclagem do carbono de baterias para a utilização em supercapacitores, assim como a bioimagem e biossensores, baseados na complementaridade entre cadeias de dna.
Outro destaque seriam as flash communications. Dado o curtíssimo espaço de tempo, o objetivo destas apresentações seria instigar a curiosidade dos espectadores com o conceito da investigação, pondo à prova a capacidade de síntese e de comunicação científica dos participantes. Alguns dos tópicos abordados foram o design de catalisadores, misturas eutéticas, estratégias para a redução de dióxido de carbono e marcadores fluorescentes conjugados com açúcares para a deteção de cancro.
O prémio de “melhor flash communication” foi atribuído a Bruna Soares, que abordou o desenvolvimento de uma cobertura em spray para o fabrico de membranas de separação do dióxido de carbono.
Durante a sessão de pósteres, falámos com Diogo Batista, que existia ao lado do seu póster, “Selenoesters Break Resistance Barriers in Pathogenic Candida Species”, sobre um tipo de compostos que sintetizou, que revelaram ter propriedades antifúngicas interessantes contra organismos do tipo Candida. Diogo recebeu uma bolsa do CQE para dar continuidade ao seu trabalho de tese que foi entregue no ano passado a propósito da conclusão do seu Mestrado em Molecular Science and Engineering, aqui no Técnico, sendo esta já a sua 3ª comunicação de póster.

O prémio de “melhor póster” foi para Catarina Henriques, pelo poster “Overcoming MDR in Cancer: Combining Selenium and Ruthenium-based compounds”. Diogo Batista também aparecia nos créditos deste poster vencedor. Aliás, era possível reparar que alguns nomes se repetiam entre pósteres, sugerindo cooperação entre os vários participantes. Este prémio foi votado pelos participantes inscritos, diferente dos outros dois que dependiam da apreciação de um júri.
Falámos também com Vicente Guerreiro, Mestre em Engenharia Biológica, que, à semelhança do Diogo, deu continuidade ao seu trabalho de tese, e daí saiu o póster dedicado a uma espécie de planta, Halimione portulacaria, que concentra mercúrio nas suas raízes que retira de solos contaminados pela atividade industrial, como é o caso do estuário do rio Tejo.
“Os CQEdays2025 destacam a ciência de excelência e a colaboração no CQE. […] Reuniram investigadores, estudantes e parceiros para celebrar a investigação de excelência do centro. Com oradores internacionais, apresentações científicas, mesas-redondas e novas iniciativas, o encontro foca-se no tema da Colaboração, promovendo a ciência como um esforço coletivo. […] O evento é também um momento para reconhecer o papel fundamental de todos os que contribuem diariamente para o avanço da ciência no CQE”, declara Isabel Marrucho, presidente do CQE.