Pensamentos sobre a Natureza

Autoria: Haohua Dong (MEEC)

“Apesar das adversidades causadas pelos eventos climáticos e desastres naturais, o ser humano insiste em ligar-se à natureza, seja simplesmente por sobrevivência e extração de recursos naturais ou em busca de entretenimento, ou até pelo cultivo de um bem-estar interior e de responsabilidade ambiental (…) será que existe algum benefício nos escapes rurais de curta duração, ou será que é meramente um refúgio alternativo aos constantes estímulos tecnológicos e pressões socioeconómicas que um jovem típico experiencia na cidade?”

A natureza, entre as suas variadas definições, é a coletiva da Terra que inclui plantas, animais, paisagens e outras características e produtos do planeta, em oposição aos seres humanos ou criações humanas. Para além de ser um agente imprevisível, a natureza no seu todo é demasiado complexa para ser modelada ou controlada, mesmo com ampliações técnicas como supercomputadores [1], sendo que o fator-tempo é o principal obstáculo computacional. Nesse sentido, os estudos das ciências naturais são divididos em diversas temáticas e a sua harmonia é posta à parte.

Apesar das adversidades causadas pelos eventos climáticos e desastres naturais, o ser humano insiste em ligar-se à natureza, seja simplesmente por sobrevivência e extração de recursos naturais ou em busca de entretenimento, ou até pelo cultivo de um bem-estar interior e de responsabilidade ambiental. Atualmente, é amplamente aceite que as gerações mais novas prestam mais atenção à importância da sustentabilidade da vida na Terra [2]. Este interesse pode ser atribuído, em parte, a muitos terem crescido em meios citadinos, onde têm menos oportunidades de correr pelas florestas ou experienciar um céu aberto e silencioso. A falta de contato direto com a natureza possivelmente desperta nos jovens um maior interesse na preservação do meio ambiente, à medida que a sociedade científica igualmente reconhece o papel fundamental da natureza para o bem-estar humano. Ainda assim, será que existe algum benefício nos escapes rurais de curta duração ou será que é meramente um refúgio alternativo aos constantes estímulos tecnológicos e pressões socioeconómicas que um jovem típico experiencia na cidade?

Estudos passados têm mostrado sucessivamente os benefícios do contacto com a natureza para a saúde mental e reconhecem a importância da relação entre o bem-estar humano e a sustentabilidade ambiental. Práticas como Shinrin-yoku “banho de floresta” [3], observação de estrelas [4, 5] e contemplação de nuvens têm gerado uma literatura extensa, não apenas pela satisfação intrínseca de identificar plantas, animais ou corpos celestes, mas também pela curiosidade humana de compreender os vários elementos do mundo natural. Livros como “O Guia do Observador de Nuvens”, por exemplo, não só exploram a ciência das nuvens e as suas formas hipnóticas, mas também convidam os leitores a refletir a sua conexão com o Universo [6]. 

Ainda que o simples ato de observar o mundo seja tão ancestral quanto a humanidade, esta prática consciente torna-se cada vez mais rara, sujeita às complicações urbano-sociais contemporâneas. 

Desta forma, reconhecido pelos seus benefícios mentais, deixo aos leitores o recado de se inspirarem pelo seu lugar no cosmos, de pairarem sobre as nuvens e de deixarem a natureza fluir. 

Este artigo foi fortemente inspirado por [7], em que é feita uma revisão sistemática sobre programas de terapia na floresta e no seu efeito na redução de níveis de depressão em adultos. A ideia foi recolhida na observação de uma paisagem florestal.

Referências:

[1] Europe to Launch its First Exascale Supercomputer in 2024

[2] Poortinga, W., Demski, C. & Steentjes, K. Generational differences in climate-related beliefs, risk perceptions and emotions in the UK. Commun Earth Environ 4, 229 (2023)

[3] Park, B.J., Tsunetsugu, Y., Kasetani, T. et al. The physiological effects of Shinrin-yoku (taking in the forest atmosphere or forest bathing): evidence from field experiments in 24 forests across Japan. Environ Health Prev Med 15, 18–26 (2010).

[4] Tao Li, Universal therapy: A two-stage mediation model of the effects of stargazing tourism on tourists’ behavioral intentions, Journal of Destination Marketing & Management,Volume 20,2021,100572,ISSN 2212-571X

[5] Bell, R. , Irvine, K.N. , Wilson, C. and Warber, S.L. (2014) Dark Nature: Exploring potential benefits of nocturnal nature-based interaction for human and environmental health. European Journal of Ecopsychology, volume 5

[6] Pretor-Pinney, Gavin. The Cloudspotter’s Guide: The Science, History, and Culture of Clouds. TarcherPerigee. 2007. 

[7] Lee I, Choi H, Bang KS, Kim S, Song M, Lee B. Effects of Forest Therapy on Depressive Symptoms among Adults: A Systematic Review. Int J Environ Res Public Health. 2017 Mar 20;14(3):321

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