“Quero que as pessoas ganhem curiosidade!” – À conversa com os Hetta

Autoria: Tomás Fonseca (LEIC)

No dia 1 de novembro de 2023, o Diferencial foi ao Bairro Alto ao encontro dos Hetta. Oriundos da Margem Sul, têm vindo a ganhar um público cada vez maior no mundo da música alternativa portuguesa.

A conversa descontraída que durou cerca de quarenta e cinco minutos teve o objetivo de capturar a essência dos artistas e do seu projeto conjunto – ou, como lhe chamaram, o seu “bebé”. Ironicamente, a minha perspetiva inicial era muito fechada, quase limitando a categorias algo tão fluido como a arte. “Os Hetta são uma banda de screamo e post-hardcore!”. A verdade é que sim, têm ligações e muitos pontos de referência com esses géneros, mas não devem ser enclausurados nesses termos. Os Hetta são uma banda, que faz música fixe e que, por diversos fatores, acaba por ser mais parecido ao screamo que ao folk, mas que, se virem que tal era o desejado, poderiam mudar. A franqueza e honestidade que recebi puseram em perspetiva o quão descabido é colocar labels em qualquer banda, nacional ou internacional. Embora os géneros ajudem a compreender certas obras, os artistas não são apenas uma coisa. O “The Glow, Pt. 2” dos The Microphones pode ser descrito como indie folk, mas o Phil Elverum não é um artista indie folk, é um artista, que tanto se inspira na natureza de Washington como na frieza do black metal escandinavo.

Se o que eu pretendia com a entrevista era espontaneidade e honestidade, esta transcendeu a entrevista e abriu as portas para a verdadeira essência da banda. Os Hetta deixam a música fluir e, se acabar no screamo, acaba.

Olá a todos. Antes de mais, gostava de saber qual o vosso nome e o vosso papel dentro da banda.

Porti: Olá, eu sou o Porti e toco bateria

Simão: Sou o Simão e toco baixo.

Pires: Sou o Pires e toco guitarra.

Quais foram as vossas inspirações, pessoais e enquanto grupo, que tiveram um maior impacto em vocês e na vossa perspetiva daquilo que a música podia ser e como as aplicam aos Hetta?

Simão: Muitas das minhas influências musicais não se aplicam diretamente à banda. Exemplos são a malta do Footwork, música glitch minimal, como Oval… Muita da malta que tem influência para mim não passa tanto para a música que fazemos, mas também considero grandes influências os Jeromes Dream, os Orchid ou os Ampere, que fazem muito sentido para a nossa banda. Da mesma forma que algumas das minhas influências passam mais para os Hetta, outras influências aparecem mais noutro tipo de músicas que faça.

Porti: Eu também sinto que não tenho algo muito definido, muito daquilo que o Simão disse se aplica a mim também. Em termos de cenas mais pesadas, mais viradas para o screamo, gosto muito de I Hate Sex e bandas dessa veia. Tenho influências muito diferentes, ando a ouvir muito mais breakcore, tive sempre uma parte constante mais virada para o shoegaze, mas música pesada gosto mais de a tocar do que de a ouvir.

Pires: Acho que sou um pouco diferente, eu gosto de música pesada, sempre gostei de cenas da label de San Diego “Three One G”, do Justin Pearson dos Locust, dos projetos do Mark McCoy, como os Das Oath, muito hardcore, hardcore rápido. Mas nunca fui muito para a onda macho das coisas, sempre gostei de música rápida e agressiva e ao mesmo tempo vulnerável. Saiu agora um disco dos Pain of Truth que estou a curtir imenso. Gosto muito dos Sick of It All, também. No entanto, dentro da música pesada acabo sempre por voltar aos Locust, Converge, Retox, coisas assim. No geral, coisas caóticas e não necessariamente só com um riff muito pesado. É muito nessa onda e como o Simão estava a falar dos Footwork, ele mostrou-me imensas músicas assim e tornou-se algo que eu oiço regularmente, música eletrónica desse género. Como eles estavam a dizer, não passa muito para a banda, porque por motivos estéticos não era o que queríamos fazer com a banda. Ainda assim, sempre tive uma relação mais próxima com a música mais pesada.

O que é que vos cativou mais nos géneros mais agressivos? Como estavas a dizer, Pires, tu sempre gostaste do caos, e para vocês?

Porti: Não há uma cena necessariamente que nos puxe para o pesado, considerações estéticas são transversais a todos os géneros e há pessoal que tem essa mesma consciência estética, mas para outros géneros de música. A cena do pesado foi algo que em todas as bandas em que toquei sempre aconteceu e para mim é o facto de ser mais divertido de tocar. A coisa de ouvir música é um bocado transversal a tudo, não é o ser leve ou pesado, há uma transversalidade entre várias pessoas que fazem determinado tipo de música têm um determinado gosto e é daí que parte.

Pires: Sim, acho que acaba sempre por estar um pouco ligado às pessoas com quem estás a fazer música. No fundo, acaba toda a gente por encontrar um middle ground por onde as bandas acabam por pegar e o nosso acabou por ser um género mais pesado. Não havia uma ideia decidida de “banda vai ser isto”.

Simão: Para mim, eu fui puxado para a banda porque já era fã das bandas destes dois marmanjos e, no meu crescimento musical, nunca tinha estado numa banda de música pesada e gostava de experimentar. Não que fosse necessariamente de screamo ou de metal, queria uma coisa agressiva e acabei por vir e tocar com eles. Já sabia que estilo de músicas eles tinham tocado com Nagasaki Skateboarding, no caso destes dois, e com Violent Pup, no caso do Pires, portanto pensei: “isto interessa-me, quero fazer algo deste tipo”.

Li numa passada entrevista [1] que vocês falaram do underground na margem sul, nomeadamente no Montijo. Eu não estou nada a par desse “mundo”, podem explicar como é e como vos influenciou?

Pires: Havia concertos numa coisa que era o Time Out, ao pé de minha casa. Lembro-me que eu não cheguei a ir a muitos concertos de hardcore quando era miúdo, porque o Montijo sempre teve uma cena um bocado estranha de bandas meio fora que começaram a surgir. Sempre fui a concertos de bandas mais locais e apanhei alguns concertos no Time Out de hardcore. Para mim, foi um estilo que ouvi muito durante o meu secundário. Parece que esse género vem assim por vagas, durante um tempo deixou de existir, agora está a voltar, há imensas bandas de hardcore agora a voltar. Almada sempre teve uma cena maior. Para mim, mais que influência, sempre foi mais interessante perceber quem é que estava a fazer música, do que necessariamente o género que tocavam.

Headlights (Créditos: Bandcamp)

Entrar no mundo cultural da vossa zona.

Pires: Sim, nem que seja só saber o que se passar para ir a um concerto.

Porti: Eu tive contacto com concertos um bocado tarde, não tive tanto quanto o Pires no Montijo. Quando tive, foi um bocado tarde, foi demasiado ao mesmo tempo. Acabámos por fazer um festival lá… Foi uma coisa muito rápida, mas acho que acima de tudo a música vinha mais por grupos.

Pires: Volta um bocado àquela coisa: quem é que está a fazer música. Já fui a concertos de hardcore e gosto muito, mas não me posso considerar alguém que segue religiosamente a cena toda. Mas é isso, nunca houve nada necessariamente no Montijo que nos ligasse. Havia alguns concertos. Aliás, havia sítios onde eu mais tarde cheguei a ir e a beber copos com os meus amigos e que albergavam concertos. Cheguei a apanhar algumas coisas, mas era muito jovem, nem sequer tinha idade para saber o que era ou não hardcore. Mas era um bocado isso: a influência que isso traz para nós é a necessidade de ir a concertos e querer fazer bandas, mais do que fazer bandas hardcore.

Eu vi que vocês tocaram em diversas bandas e projetos, alguns até juntos, os Nagasaki Skateboarding, Violent Pup, e a música eletrónica do Simão, chegaram até tocaram com a Maria Reis. Como já disseram, isso não entra tanto nos Hetta, mas era acima aquela necessidade de criar algo vosso?

Simão: Sim, é um impulso criativo como qualquer outro. Eu já faço música eletrónica há muitos anos, era uma coisa que me interessava ouvir e pareceu algo que parecia apropriado para mim fazer então… comecei a fazer. Lá está, esta é a primeira banda que tenho à qual posso chamar de rock. Esta é a primeira banda de quarteto de rock, guitarra, baixo, bateria e voz, que tenho. Portanto, nunca nada me apareceu como algo que era suposto eu estar a fazer, o impulso criativo é querer fazer alguma coisa e fazer alguma coisa. E depois muitos dos projetos e sítios onde acabo por tocar vêm de convites de pessoas que querem colaborar. Como com a Maria [Reis], ela perguntou-me “Queres tocar baixo’” e eu disse “Sim!”. Nestes casos, vêm mais por convites e não por um impulso criativo meu, mas acabam sempre por ser muito gratificantes.

Simão, na outra entrevista, mencionaste que havia malta do indie com quem tocavam muito. Como é que é o sentimento de tocar com pessoas de polos artísticos tão opostos.

Simão: Por exemplo, na noite no Musa a seguir a nós tocou a Maria Reis com os Putas Bêbadas. Já tocámos muitas vezes com eles e gostamos muito e, apesar da música ser diferente, acho que faz sentido. Como não temos bem onde cair mortos em Portugal em termos estéticos, acabamos a tocar com projetos diferentes de nós. Quando tocamos com malta do hardcore é malta diferente de nós, malta do ramo mais clássico é diferente de nós, malta do experimental é diferente de nós… Mas todos eles têm algum ponto de ligação a nível estéticos que permitem fazer uma conexão. E eu acho interessante essa falta de certeza do que é que a noite vai ter, que pontos vão ser ligados.

Porti: Há um gosto transversal a tudo, como disse. Mesmo tocando tipos de música diferente, é diferente, mas não é assim tão diferente. À partida vais receber pessoal que está disposto a receber novos tipo de música.

Desde 2021, vocês têm vindo a ganhar mais popularidade. Mais ouvintes, mais concertos… Como é que tem sido para vocês ver a banda crescer?

Pires: É muito gratificante. Como qualquer coisa que corre bem, nós trabalhamos para que isto corra bem, esforçamo-nos, mas também há muita sorte. Para nós é muito bonito. Eu gosto de pôr as coisas em perspetiva: se tivesse 15 ou 16 anos e olhasse para o que estou a fazer agora, ficava feliz ou ficava triste? E a resposta é sempre: estou feliz.

Simão: É algo que nenhum de nós estava à espera.

Pires: Sim, ninguém estava à espera. Sempre que recebemos convites e ofertas, queremos aceitá-las e ficamos muito felizes, mas também pensamos nisto como um escadote e é mais um degrau que temos de subir. E vamos tentar sempre ter os pés na terra para tomar as melhores decisões possíveis no que toca à banda. Dito isto: nenhum de nós estava à espera disto e estamos muito gratos e muito contentes por podermos estar a fazer isto, a receber convites e as pessoas quererem-nos ouvir e nós querermos fazer música nova. Seja tocar num festival ou na garagem de um amigo, é bom saber que a malta quer ouvir a nossa música.

Simão: Eu acho muito que é o nosso empenho e a sorte. Diria até que é mais sorte que empenho. Porque se isto tivesse acontecido há três anos, não sei se teríamos chegado assim.

Pires: Pois está tudo dependente de muitos fatores.

Simão: No fundo, é tudo muito matemático.

Pires: Nós vamos só tentar fazer o melhor possível. E até agora… tem corrido bem.

[Todos se riem]

Simão: Sim e ficamos felizes de não termos de fazer grandes sacrifícios no que toca ao que banda tem de ser. Termos subido na consideração das pessoas é algo que queríamos e vamos continuar a querer e a tentar fazer.

Estavam a falar que Portugal não tem muito espaço para este estilo de música. No sentido de que é uma coisa muito, muito nicho em Portugal. Como é que tem sido descobrir este mundo novo, por exemplo, dar concertos em terras pequenas?

Simão: Isso é incrível, é a melhor parte.  A parte mais gratificante de tudo é fazeres o teu bebé. Fazes uma música, essa música cresce e depois vês pessoas a apreciá-la, muitas vezes de maneiras diferentes da maneira como estavas à espera que ela fosse apreciada. E essa é a parte mais compensadora de todas, não há outra maneira como expressar isso. A segunda parte mais gratificante de tudo é: vais a esses sítios onde nunca estiveste na tua vida e conheces gente nova… Não há mesmo moeda para isso.

Pires: Nós vamos tocar ao UK agora. Para nós é um bocado… é tipo ir de férias, não é? Só que vamos de férias com os amigos e vamos lá fazer outra coisa que mais gostamos de fazer. Tudo por causa da coisa que mais gostamos de fazer. É incrível. Eu não ia 10 dias ao UK se não fosse assim. Eu não ia aos sítios que vou se não fosse assim. Não ia conhecer as pessoas que vou conhecer se não fosse assim. Eu vou conhecer muitas pessoas de que não vou gostar e elas não vão gostar de mim, mas também sei que vou conhecer pessoas de quem eu vou gostar muito. Algumas, se calhar, vão ficar para o resto da minha vida ou uma grande parte do meu tempo. É tudo muito bonito, é quase usar a banda para viver um bocado.

Simão: No curto espaço de tempo que nós estivemos a tocar fora da zona da casinha, já conhecemos bastantes pessoas que estão no meu coração para sempre.

Pires: Há muita malta assim em Espanha e está mesmo aqui ao lado.

Simão: A malta que nós conhecemos em Espanha, nós não queríamos conhecer de outra maneira e é a malta muito importante. Eu penso neles muitas vezes.

Créditos: Maus Hábitos

Já que estávamos também a falar das logísticas, eu li que vocês faziam quase tudo sozinhos, tratar de merch e afins. Sentem que tem vindo a mudar e que têm tido mais ajuda externa? Ou ainda são muito vocês que tratam das coisas?

Porti: Sou tudo eu.

[Risos]

Porti: Não, sou mais eu e o Alex a fazer as cenas. Sim, temos mais pessoal a ajudar-nos a arranjar concertos, que é fixe, mas grande parte ainda é trabalho nosso. No entanto, todos nós trabalhamos, não dá para ter uma banda sem trabalhar, porque não fazemos dinheiro disto. Porém, é gratificante estar a trabalhar para isto. O emprego que eu tenho dá dinheiro, por isto não recebo tanto, mas é mais gratificante estar a trabalhar para a banda. Para além disso, mesmo que tenhamos ajuda de fora, é uma coisa sempre mútua, estamos sempre a ter conversas com o pessoal que nos ajuda a arranjar concertos.

Simão: Exato, todos nós queremos continuar a manter muito a mão em cima de tudo o que nós fazemos, mesmo se tivermos pessoal a ajudar-nos que, obviamente, são bem-vindos, se for malta que nós conhecemos e confiamos. Eventualmente, um dia seria ótimo ter malta a ajudar-nos com bastantes coisas.

Pires: Claro, há coisas que é só uma facilidade ter alguém a tratar.

Simão: Mas, no geral, quero ter mão em tudo o que eu faço.

Porti: Isso.

Pires: Ao menos, passar por nós. Não é querer ser controlador, é só que temos carinho pelo projeto. É fazer isto crescer da melhor forma possível, da forma mais saudável possível. É o bebé que o Simão está a dizer. Neste caso, não é uma música, é a própria banda.

No vosso processo criativo, já que têm gostos muitos diferentes, shoegaze, eletrónica, alguma vez pensaram integrar esses géneros na vossa música? Algo que fosse fora do que é o “clássico”?

Simão: Se eventualmente fizer sentido é uma coisa que faremos. Se não fizer sentido, não.

Pires: Acho que temos a sensibilidade para, por exemplo, a meio do ensaio, dizer “isto é que ficava muito bem aqui”, mas também tentar perceber se era fazível em termos de logística, como termos isso no palco, se há uma mais-de-valia para a banda…

À medida que vão aprimorando a vossa arte, também cresce o público, como já falámos. Eu li a vossa entrevista antes de terem ido tocar ao Amplifest e como era importante para vocês irem lá. Enquanto artistas, como foi tocar num festival assim tão grande?

Simão: Foi ótimo. A malta tratou-nos bem, só se esqueceram de nos dar um camarim!Pires: Trataram-nos muito bem. O festival daquela dimensão também envolve alguma logística que acho que deixa qualquer um assim um bocadinho… não é em nervos, mas com alguma pressa. Ainda assim, nós sentimo-nos acolhidos lá. O pessoal foi simpático para nós. Trataram-nos muito bem. Durante o soundcheck, muito, muito bem. O concerto foi muito bom. Toda a gente foi impecável para nós. E é isso que estamos a dizer: foi toda a gente muito fixe para nós.

Créditos: Spotify

Já que estamos no tópico de concertos, vocês têm alguma preferência pelo espaço onde tocam? Salas maiores, salas mais pequenas, festivais?

Pires: Há pontos bons em todas. Eu gosto de tocar no chão e sei que eles também curtem de tocar no chão, às vezes.

Simão: Quanto mais com mais baixinho ou não existente o palco for. Acho que normalmente os concertos soam pior, mas são melhores.

Pires: Sim, é um bocado isso. Tocar num festival tens de tocar para muita gente, não é? Olhas à tua volta, tens um backstage, tens um sofá, é fixe, mas também é diferente.

Simão: A cena é: não existe um concerto perfeito. Às vezes é mesmo fixe dares um concerto com o mínimo de condições possíveis, ter só os amps muito alto e conseguir dar encontrões nas pessoas sem teres de descer um patamar. Às vezes, é fixe mais pessoas poderem ir ver um concerto, mais pessoas poderem ver de facto com os seus próprios olhos um concerto. Malta mais baixinha não consegue ver um concerto no chão se estiver lá atrás. Há mais valias para tudo.

Com o futuro no horizonte, quais são os vossos próximos projetos? Vocês têm lançado singles, EPs, há pouco tempo lançaram um split. Estão agora a pensar em lançar um álbum, mais EPs…?

Simão: Queremos fazer um álbum o mais brevemente possível, estamos a escrever o disco. Queremos só continuar a fazer música.

Pires: Está a chegar aquela altura em que estamos a sentir um bocadinho de necessidade de voltar ao estúdio. Temos estado a fazer muitos concertos que é muito e ainda temos o resto de 2023, mas a seguir a esta vaga toda de concertos, óbvio que vamos continuar a tocar, mas também queremos voltar um bocadinho para a toca e escrever um bocadinho, porque essa parte também é importante para nós. E voltar melhor.

Enquanto uma das bandas mais populares neste nicho, sentem que isso traz algum sentido de responsabilidade e que querem trazer mais bandas ao spotlight possível?

Pires: Eu acho que é fixe sempre haver esse sentimento de dever, de pensar nas coisas que nós sabemos, que nós gostamos, que respeitamos e trazê-las cá para fora.

Simão: Dentro do possível queremos trazê-los cá.

Simão: Sim, temos muitas bandas de amigos, tipo Borf, Clericbeast ou Reia Cibele… Malta que se reconhecem o valor em nós, não há maneira como não reconhecer o valor neles.

Pires: Sim, sentimos sempre um bocado essa necessidade. Mesmo quando nos marcam um concerto. Imagina que nos marcam um concerto no Porto, nós acabamos sempre por ter a conversazinha de “era fixe trazê-los agora”. Há sempre essa ajuda mútua. É sentido de responsabilidade no sentido em que nós gostamos mesmo daquilo e queremos bastante que eles toquem e queremos vê-los a tocar. É um sentimento saudável, é um sentimento bom.

Para terminar, vocês sentem que tem um impacto, não só de música pesada, mas música um bocadinho mais fora do que é o popular, digamos assim, e que influenciam, por exemplo, novas bandas, ou as pessoas? Como gostariam de influenciar?

Simão: Adorava pensar que sim. E acho que hoje em dia sim.

Porti: Os Reia Cibele foi um bocado isso.

Simão: De facto, hoje em dia, vamos a Lisboa, damos um concerto de Hetta, vejo lá muita gente, vejo lá muitos putos, vejo lá muita gente que eu nunca tinha visto na minha vida. Muito fixe, muito obrigado por me aparecerem. Vão ouvir as outras bandas, não fiquem só por nós. Se há um impacto que eu quero ter aqui, se a banda acabar amanhã e eu quiser deixar uma coisa, além das músicas, é isso: quero que as pessoas ganhem um bocado de curiosidade. Não deixar os movimentos morrerem, não deixar a curiosidade morrer. E é com essa esperança que eu fico a seguir a dar um concerto.

 Referências:

[1] Entrevista dos Hetta da Wavmagazine [Online, último acesso a 09/04/2024]

Leave a Reply