Visita escrita ao MAAT: as exposições para além de Plug In

Autoria: Catarina Oliveira (LEFT)

O Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT), oferece uma gama diversificada de exposições que abrangem tanto a arte quanto a ciência. Enquanto, atualmente, a obra de Joana Vasconcelos atrai grande parte dos visitantes, o MAAT diferencia-se pela sua abordagem multifacetada, que combina elementos artísticos e científicos em exposições que exploram diferentes áreas do conhecimento.

A exposição de Joana Vasconcelos é, indubitavelmente, um dos pináculos de atenção do MAAT. Com o título Plug In, as obras expostas, tanto no exterior do museu como no seu interior, atraem a maioria dos visitantes. Todavia, antes da inauguração deste conjunto de obras da artista portuguesa, o MAAT atribuía o seu reconhecimento à junção inédita de dois temas: a arte e a ciência.

No que toca à área da ciência, o MAAT engloba no seu espaço o antigo Museu da Eletricidade, atualmente conhecido como MAAT Central. Neste local, está exposta maquinaria original da Central Tejo, uma central termoelétrica das Companhias Reunidas de Gás e Electricidade (CRGE), numa exposição permanente designada A Fábrica da Eletricidade. Em 2023, foi inaugurado um novo espaço expositivo, denominado A História da Energia, onde o visitante pode explorar o passado e o futuro da energia, com foco numa vertente de sustentabilidade e ecologia.

A arquitetura do MAAT Central (Central Tejo) merece realce pelo seu estilo industrial, típico da primeira metade do século XX, com uma estrutura de ferro, tijolo e vidro, marco da Arquitetura do Ferro. Este edifício, que, para tantos, é um ícone de visitas escolares, localiza-se junto ao Rio Tejo – área escolhida estrategicamente pela necessidade de arrefecimento do carvão quando a Central se encontrava em funcionamento.

[MAAT Central] Fotografia: Susanne Nilsson

É importante notar que são disponibilizadas diferentes visitas guiadas a este espaço, adequadas a diversos públicos-alvo: para alunos do secundário, numa perspetiva mais científica, e que permite consolidar tópicos tratados na disciplina de Física e Química; para grupos de adultos, com conhecimento técnico prévio (indicado, por exemplo, para alunos ou alumni de engenharia); e para o público geral, concebidas para aqueles sem qualquer conhecimento científico ou técnico a priori. As diferentes opções são todas bastante completas e interativas, permitindo aos visitantes conhecer detalhadamente o modo de funcionamento da antiga central termoelétrica, desde as suas caldeiras, geradores, condensadores até à chamada sala da água.

O MAAT contém também um conjunto de exposições ligadas às artes visuais e plásticas, num edifício aberto ao público em 2016: MAAT Gallery. Com uma arquitetura moderna e intrigante, que contrasta de grande forma com a MAAT Central, a MAAT Gallery apresenta exposições temporárias, bem como eventos públicos e educativos.

Atualmente, encontram-se em vigor quatro exposições, distribuídas pela MAAT Gallery e pelo MAAT Central: Plug In, de Joana Vasconcelos (a qual detém o maior reconhecimento), Álbum de Família, que reúne obras da Coleção Fundação Carmona e Costa, Mar Aberto, do fotógrafo francês Nicolas Floc’h, e Shinning Indifference, de Luísa Jacinto, inaugurada no passado dia 27 de março. Todas estas exibições enquadram-se num estilo de arte contemporâneo.

[MAAT Gallery] Fotografia: Pim de Boer

Com Álbum de Família, os visitantes são convidados a explorar uma coleção edificada durante 50 anos, numa fusão do gosto pessoal de Maria da Graça Carmona e Costa com obras marcantes da arte portuguesa nas últimas décadas. Em Mar Aberto, Nicolas Floc’h reúne registos fotográficos e videográficos de inúmeras vivências, todas elas intrinsecamente ligadas ao mar (de onde surge o nome da exposição). Destacando o grande mural A Cor da Água – Rio Tejo, pertencente a esta exibição, constituído por 408 fotografias das cores da água do rio luso-espanhol. Shinning Indifference constitui uma experiência visual marcante, que pretende desafiar os limites da visão humana, com recurso a diversos meios (linha, tecido, metal, entre outros). É um exemplo da fronteira ténue entre a pintura e a escultura.

Ainda que o grande destaque do MAAT recaia sobre o conjunto de obras de Joana Vasconcelos, o museu continua a afirmar-se como um espaço cultural relevante, onde a arte, a arquitetura e a tecnologia se entrelaçam, para criar experiências inspiradoras e enriquecedoras a todos os seus visitantes.

Referências:

[1] – Agenda do MAAT. [Online, último acesso a 01/04/2023]

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