Autoria: Catarina Curado (LMAC)
Seis meses após a tomada de posse da atual direção da Associação dos Estudantes do Instituto Superior Técnico (AEIST), apresentamos um balanço da primeira metade do mandato, destacando as iniciativas concretizadas e aquelas que permanecem por cumprir. Para melhor compreender o que está em fase de execução, o Diferencial entrevistou também o presidente da AEIST.
Liderada por António Jarmela, estudante do Mestrado em Engenharia Aeroespacial, a Direção da AEIST (DAEIST) foi formada em meados de novembro, após a vitória da Lista A, lista de continuidade, nas eleições para os órgãos sociais da Associação dos Estudantes. Após a vitória, ficaram assim decididos os membros que iriam compor os três principais órgãos da Associação: Direção, Mesa da Assembleia Geral de Alunos e Conselho Fiscal e Disciplinar, sendo este último o único a incluir membros da lista adversária.
Segundo o Plano de Atividades e Orçamento 2024/2025, aprovado a 16 de dezembro de 2024 na continuação da 1ª Assembleia Geral de Alunos do mandato, a DAEIST conta com uma equipa organizada em 3 níveis de gestão: a presidência; a administração, com 6 gabinetes; e coordenação, composta por 18 pelouros.
Para melhorar a organização das várias iniciativas e projetos propostos e facilitar a análise dos resultados, a DAEIST dividiu o mandato em 4 trimestres: o primeiro, de novembro de 2024 a janeiro de 2025; o segundo, de fevereiro a abril de 2025; o terceiro, de maio a julho de 2025; e, finalmente, o quarto, de agosto a outubro de 2025. Este artigo analisa as atividades desenvolvidas por cada gabinete até ao mês de maio, ou seja, até ao início do terceiro trimestre do mandato. O documento que compila todas as propostas concretizadas, denominado Relatório de Atividades Intercalar, foi apresentado a 27 de maio, na 4ª Assembleia Geral de Alunos Extraordinária e será utilizado como base desta análise.
Gabinete de Apoio e Representação Estudantil (GARE)
Responsável por defender os interesses e direitos da comunidade estudantil, o GARE ainda não concluiu a elaboração da “Moção Global: A Posição dos Estudantes”. Contudo, o presidente da AEIST, António Jarmela, garante que “a Moção Global vai ser terminada ainda este ano.” Relativamente à organização de um Encontro Nacional de Direções Associativas (ENDA), Isabela Teixeira, coordenadora do GARE, explicou durante a 4ª Assembleia Geral de Alunos Extraordinária que “a AE esteve em conversações com a Câmara Municipal de Oeiras e chegou-se à conclusão que não é possível concretizar o ENDA, pois não há auditórios em Oeiras com capacidade para 600 pessoas”.
No pelouro do Apoio ao Associativismo, também sob a alçada do GARE, ficaram por cumprir os tópicos relativos à realização de Assembleias Gerais das Secções Autónomas (SAs) e à organização de eventos de lazer destinados às SAs. Segundo Catarina Leandro, coordenadora do pelouro, a primeira assembleia geral das SAs ocorrerá no dia 3 de junho. Já os eventos de lazer foram adiados para o 4º trimestre do mandato.
No pelouro do Apoio ao Estudante, o Programa de Viagens em Portugal, que previa uma deslocação à cidade do Porto, acabou por não se realizar devido à falta de inscrições, que tinham como número mínimo 35. Ainda assim, permanece a possibilidade de a viagem ser realizada num futuro próximo. Já o Orçamento Participativo não avançou conforme planeado devido a erros no processo de candidatura. Dois dos três projetos candidatos passaram à fase de campanha, tendo este ponto ficado por cumprir. O Projeto Shangai encontra-se ainda com inscrições abertas e a Sessão de Esclarecimento dos Diferentes Graus de Formação Avançada está agendada para o 4º trimestre do mandato.
No pelouro da Política Educativa, o estudo sobre as condições das residências e cantinas da Universidade de Lisboa ainda está por cumprir. Segundo António Jarmela, “será lançado um inquérito às residências e às cantinas, cujo objetivo será expor a realidade e o que acontece [nestas instalações].”
“Na nossa cantina, não se utiliza azeite, mas sim óleo alimentar. Se forem às saladas, está lá óleo alimentar em vez de azeite. O objetivo [deste inquérito] vai ser expor tudo isto ao nível da Universidade de Lisboa.” O presidente da AE compara ainda as cantinas da Universidade de Lisboa com as da Universidade de Coimbra: “as refeições em Coimbra estão fixadas em 2,80€, são muito mais baratas e têm muito melhor qualidade.”
Em relação ao Modelo de Ensino e Práticas Pedagógicas (MEPP), António Jarmela adianta que “será lançado um livro sobre o modelo de ensino do IST na sua generalidade e sobre as alterações e conclusões dos últimos anos. Está quase totalmente redigido e mostra como é que os estudantes se sentem relativamente ao modelo de ensino do Técnico.”
Gabinete de Comunicação e Marketing (GCM)
Responsável por gerir todo o conteúdo gráfico e escrito produzido pela AEIST, o GCM, ainda não cumpriu o ponto referente à dinamização do podcast “Tecnicamente Falando”, embora os episódios já se encontrem planeados.
Nos pelouros de Imagem, e de Marketing e Divulgação, todos os objetivos definidos para esta fase do mandato foram cumpridos, refletindo a necessidade constante de garantir uma divulgação adequada dos projetos organizados pela Associação.
No pelouro da Redação, há ainda dois pontos por concretizar. Na revista “FisicaMente”, não foi dado o devido destaque à importância de assuntos como a saúde mental e sexual em contexto universitário, conforme previsto no plano inicial. Além disso, o Guia do Estudante, uma publicação destinada a apoiar a integração dos novos alunos, ainda não se encontra terminado.
Gabinete de Desporto e Responsabilidade Social (GDRS)
Responsável por promover a prática desportiva e desenvolver iniciativas de impacto social na comunidade estudantil, o GDRS tem já a maioria das suas metas encaminhadas. No entanto, permanecem por cumprir dois pontos: a organização da Cerimónia de Abertura das Fases Finais dos Campeonatos Nacionais Universitários (CNU) e a organização da participação dos atletas e equipas da AEIST nos CUL (Campeonatos Universitários de Lisboa), CNU e CEU (Campeonatos Europeus Universitários), uma vez que ainda não foi assegurada a presença dos atletas nos CEUs.
No pelouro do Desporto Universitário, estão pendentes dois objetivos: a implementação de um sistema de controlo do inventário de material desportivo da AEIST, que passa por fazer um levantamento rigoroso de todo o material desportivo atualmente na posse das equipas; e a criação de um sistema de controlo de presenças dos atletas e dos treinadores nos treinos, com o objetivo de valorizar a responsabilidade e o compromisso desportivo.
Já no pelouro da Responsabilidade Social, continua por concretizar o estabelecimento de um protocolo para prestação de consultas de saúde mental, uma medida prevista para melhorar o bem-estar psicológico da comunidade estudantil.
Gabinete de Emprego, Formação e Empreendedorismo (GEFE)
Responsável por aproximar os estudantes do mundo profissional e fomentar iniciativas de formação e empreendedorismo, o pelouro do Emprego e Empreendedorismo enfrentou alguns desafios na execução dos seus projetos. Um dos casos mais visíveis foi o da JobShop. Segundo o presidente da AE, “no 1º dia houve o apagão. Era impossível prever que aquilo ia acontecer. Tivemos algumas empresas a reclamar, portanto tivemos de fazer uns ajustes”. Apesar disto, a atividade foi mantida e finalizada para contornar os constrangimentos técnicos.
No pelouro da Formação, o presidente da AE revela que “o maior obstáculo que tivemos foi a concretização da IST Sports Academy. Era um projeto de aulas de desporto [aqui no Técnico]. E este projeto, de facto, está a enredar vários problemas, especialmente no que consiste em contratar treinadores. De facto, nós arranjamos uma entidade para empréstimos de treinadores. Mas contratar treinadores avulso é muito complicado.” Também ficou por cumprir a realização de formações musicais, prevista no plano inicial.
Já no pelouro das Relações Empresariais, continua em aberto o ponto sobre o desenvolvimento de parcerias para suporte ao desporto universitário. Apesar de já terem sido feitas diligências junto de empresas interessadas em patrocinar estas atividades, ainda não foi possível formalizar acordos que sustentem esse apoio.
Gabinete de Espaços, Serviços e Informática (GESI)
Responsável pela gestão dos espaços da AEIST, dos serviços associados e pelas soluções tecnológicas da Associação, António Jarmela avança que o GESI está a investir num projeto de fechaduras eletrónicas para os campos desportivos, de forma a melhorar a gestão e segurança dos mesmos.
No pelouro dos Espaços e Infraestruras, o presidente da AEIST começa por falar do projeto arquitetónico da piscina. “O objetivo é imitar o modelo académico de Coimbra, concentrando a maioria dos núcleos do Técnico num único espaço. A ideia é que, em vez dos núcleos estarem espalhados em salas pequenas ou caves, tenham um edifício dedicado, onde cada núcleo tenha a sua sala e haja espaços comuns, como salas de reunião maiores e áreas partilhadas. Alguns núcleos, como o FST, já têm espaços grandes, mas a proposta é dar condições dignas a todos os núcleos, organizando-os num único local.” António Jarmela termina dizendo que “o projeto já está em desenvolvimento com uma arquiteta do Técnico.”
Outro projeto estruturante é a reabertura do Bar da AE. “É bastante importante, porque aquilo é um espaço muito desejado para alimentação e para se fazerem jantares de cursos. Esperamos que fique terminado até ao final do mandato. A minha previsão é que em setembro consiga abrir.” Ainda dentro deste pelouro, está pendente a continuação do Plano de Reabilitação do Espaço de Churrascos, que aguarda avanços.
No pelouro de Informática, o foco está na atualização do site da AE. “Ainda falta muita informação no site da AEIST: não há nada a falar sobre o desporto, sobre as diferentes áreas da associação. Isso sim vai ser atualizado até ao final do mandato.” António Jarmela adiciona que será feita uma aplicação ou um site especificamente para a semana de acolhimento, para agilizar e automatizar o processo de inscrições.
Por fim, no pelouro de Serviços Associados, ainda faltam concretizar dois pontos: a aquisição de novos serviços para a Secção de Folhas e a dinamização da Gráfica AEIST, através do alargamento da oferta gráfica disponível aos estudantes.
Gabinete de Tecnologia, Recreativa e Cultura (GTRC)
Responsável por promover a inovação, a cultura e o lazer dentro da comunidade académica, o pelouro da Inovação e Criatividade atua em três frentes distintas. No pelouro da Ciência e Tecnologia, continua pendente a elaboração gráfica da Edição 507 da Revista Técnica, publicação histórica da Associação que celebra este ano o seu 100º Aniversário. No pelouro da Cultura, a Associação mantém o objetivo de assegurar uma oferta regular de atividades culturais diversas.
Já na componente Recreativa, apesar de a afluência na Santa Sebenta não ter sido a esperada, o presidente da AEIST revela que, pela primeira vez, “foram mais de 2 mil pessoas ao Tagustoso. Portanto, quase que contrabalançou.” Contudo, António Jarmela revela que “os eventos recreativos fazem muito pouco dinheiro comparativamente com o resto.” A Direção pretende também garantir atividade recreativa regular nos espaços associativos de ambos os campi, reforçando a vida estudantil para além das salas de aula.
Assuntos Transversais: Gestão Interna, Finanças e Infraestruturas
Um dos projetos estruturantes que a atual Direção quer ver concluído até ao final do mandato é a revisão estatutária da AEIST. Segundo António Jarmela, “é algo muito importante para a Associação. Estamos ainda à espera que toda a gente da comissão veja o PDF final compilado para poder enviar para todas as secções autónomas.”
A complexidade e dimensão operacional da AEIST exige uma coordenação constante entre gabinetes, pelouros e equipas. “A tesouraria, por exemplo, não está só a olhar para orçamentos, às vezes está presente nas atividades, na organização, etc. A AE tem uma estrutura grande, mas também uma multiplicidade de atividades gigantesca e as coisas nunca param. Nunca há um dia em que não se faça nada.”
No plano das infraestruturas, há duas intervenções em destaque: a primeira será, segundo António Jarmela, “uma intervenção nas casas de banho junto à direção, que estão degradadas. Além da necessidade de renovação, com a abertura do bar, não faz sentido manter aquele espaço naquele estado. A obra está prestes a avançar, só falta acertar datas com as equipas que vão executá-la.” Já a segunda intervenção diz respeito às infiltrações do teto da secção de folhas. “O concurso público para a intervenção ficou deserto e terá que ser repetido. O Técnico é que lançou o concurso e a AE está a pressionar para que seja resolvido, especialmente depois das infiltrações graves na sala de estudo.”
Do lado das finanças, o cenário é positivo. “O relatório de contas está bastante positivo. Algo que era necessário devido aos quase prejuízos acumulados que houve nos últimos anos.” Uma das mudanças de maior impacto foi a alteração que ocorreu este ano no Orçamento da AE, que, por incluir a taxa de IVA nos valores orçamentados, mudou significativamente o paradigma orçamental.
O presidente da AEIST destaca ainda um maior investimento por parte da Associação. “A Associação começou a investir muito mais. A Associação investiu em peso nos apoios dados pela Câmara Municipal de Lisboa, algo que não acontecia há muitos anos e algo que contribui em dezenas de milhares de euros para a Associação. Portanto, esse foi o principal fator que fez com que a estabilização das contas da Associação acontecesse.”
António Jarmela garante ainda que “as contas da Associação estão muito positivas também por um fator bastante grande: nós notámos que o Técnico tinha uma dívida de quase 50 mil euros para com a Associação desde 2019, dívida que nunca tinha pago. Portanto, isso fez uma diferença brutal.” Acrescenta que “mesmo assim temos que inundar esses 50 mil euros um bocado. Metê-lo no balanço do mandato é um bocado injusto porque não tem nada a ver com isso.” Apesar do saldo positivo, a gestão continua a ser cautelosa: “atualmente temos muito dinheiro, mas depois nos meses de julho e agosto pagamos subsídios de férias aos funcionários, meses em que quase não há receitas.”