Autoria: Filipa Rio (MEEC) e Mariana Campos (MEAer)
O Diferencial conversou com Vítor Sá, funcionário do Instituto Superior Técnico (IST) há quase 27 anos. Começou por trabalhar na zona da Piscina, e em 2015, após o encerramento desta, passou a desempenhar funções na Secção de Folhas.
O funcionamento diário do IST depende não só de alunos e professores, mas também de um conjunto de funcionários que asseguram que tudo decorre com normalidade, e que são uma parte essencial da comunidade académica. O Diferencial esteve à conversa com Vítor Sá, um rosto familiar para quem frequenta a Secção de Folhas.
Percurso no Técnico
Vitor Sá recorda o seu caminho no IST, que se iniciou em novembro de 1998. Através do seu cunhado, professor do Departamento de Física, teve conhecimento de uma vaga em regime part-time como empregado de balcão na Desportiva, o posto de atendimento que existia junto à piscina do IST, quando esta ainda estava em funcionamento. Entre outras funções, era ali que se tratava das reservas dos campos desportivos e da gestão da piscina. Vítor Sá relembra o “polo aquático e [o] hóquei subaquático”, algumas das atividades disponíveis na época, assim como das suas respectivas equipas, acrescentando que “até havia hidroginástica”. Poucos meses depois, em janeiro de 1999, passou a trabalhar full-time no mesmo local. A entrada no Técnico coincidiu também com um momento marcante da sua vida pessoal, o nascimento do seu filho: “eu vim para cá, ele ainda não tinha um mês”.
Recorda estar integrado numa equipa maior que atualmente: “Havia mais pessoas, havia cerca de 17 pessoas a trabalhar só na Desportiva, para além dos professores de natação e outros [funcionários] […] Entretanto as pessoas começaram a ir-se embora”. Relembra em particular “o Sr. Zé [que] tratava da piscina”, tarefa a qual assumiu após a sua saída, assim como da “Dª Carolina”, da “Isabel Lourenço, a chefe de departamento” e da “Dª Gina”.
No mandato da Associação de Estudantes do IST (AEIST) de João Rosa “por volta de 2000 ou 2001”, tornou-se chefe de secção e, mais tarde, na direção de Luís Barroso, passou a chefe de departamento, “e assim ficou”.
“Tudo isto acabou, até a piscina”. No ano letivo 2014/15 a piscina foi encerrada já que a AEIST não conseguia suportar as despesas de funcionamento e manutenção da mesma [1]. Vítor Sá acrescenta ainda que, ao longo dos anos, notou que a afluência a esta “foi decrescendo [até fechar], [porque] abriu a piscina do Areeiro e abriram muitas piscinas em Lisboa”.
No ano letivo seguinte, o então presidente da AEIST convidou Vítor Sá para trabalhar na Secção de Folhas. “Vim para aqui para a Secção de Folhas nessa altura, não sabendo nada da Secção de Folhas. Foi um bocado complicado ao início na primeira semana, porque eu fazia o turno da noite e fiquei aqui sozinho”.
Acrescenta ainda que nessa altura a Secção de Folhas estava aberta até às 23h, horário que veio a ser reduzido devido a problemas sistemáticos com alunos durante os churrascos. O fecho permitia “proteger-se um pouco mais este espaço”.
Hoje em dia é subchefe de serviços na Secção de Folhas, onde trata da gestão da mesma e do atendimento ao balcão.
Relação com estudantes
Sobre a sua relação com a AEIST, realça o respeito e consideração mútuos que há entre os membros da associação e os funcionários. “Eu nunca tive problemas com nenhum dirigente associativo. Nós estamos aqui para trabalhar e temos que nos adaptar um pouco às ideias das pessoas. Vamos ganhando alguma maturidade e experiência para lidar com as pessoas”. Num tom informal acrescenta ainda: “já me chateei mais com funcionários que passaram por cá do que com os alunos do Técnico”. Refere ainda que mantém uma boa relação com vários dirigentes, com quem chegou a organizar passeios e churrascos em casa.
Quanto aos alunos do Técnico, nota uma mudança ao longo dos anos: “Antes estavam mais interessados nas festas, nos churrascos, e nas atividades extracurriculares”. Agora nota mais preocupação com os exames e nas aulas. “Hoje em dia, se tiverem uma aula no dia seguinte de manhã, não vão sair [nesse dia à noite]. São muito mais responsáveis em termos de estudo, [antes] faltavam às aulas por tudo e mais alguma coisa. Neste momento não. Mas falta-lhes um pouco a parte da ligação humana”.
Mudanças ao longo dos anos
Ao longo da sua carreira aqui no IST, Vítor Sá experienciou realidades muito diferentes, como o período da pandemia, recordando, num tom informal: “gostei muito de estar em casa com a família, aumentou muito a nossa ligação”.
Quando inquirido sobre o novo sistema de ensino, Vítor Sá partilha a sua perceção, formada a partir do contacto diário com os estudantes: reconhece que o modelo atual é exigente, podendo representar um grande desafio para quem entra no Técnico vindo diretamente do ensino secundário. “É um choque. Há muitos trabalhos, projetos, testes… é muita coisa ao mesmo tempo”, comenta, acrescentando que, por vezes, tem a impressão de que esta carga académica intensa pode afetar o bem-estar de alguns estudantes.
Sobre si
A família, as motas e a música são três das grandes paixões de Vítor Sá, pilares que, segundo o próprio, o definem enquanto pessoa. Ligado à sua paixão por motas, relembra que, na benção dos capacetes, já chegou a encontrar vários alunos do IST. É fã de MotoGP, SuperBike e do Campeonato Nacional de Velocidade. “Sou louco por isso tudo”. Chegou a praticar boxe, mas parou quando constituiu família, e recentemente voltou a inscrever-se no ginásio.
Apesar de estar no IST há quase 27 anos, admite que o ambiente aqui vivido foi determinante para se manter tanto tempo no mesmo local: “se fosse noutro sítio, provavelmente já me teria ido embora”. Ainda assim, não fecha portas e mostra-se aberto a novas oportunidades no futuro.
Referências: