Autoria: Carlota Matias
Éramos três
Eu, no meio dos meus protetores,
Que me impediam de quebrar
Olhasse para que lado fosse,
Tinha alguém para me apoiar
Até hoje não sei porquê
De três passámos para dois,
Não que faltasse o terceiro
Simplesmente o veria na semana depois
De um três que parecia um dois
Passou para um três de cada lado
Mais alguém para ter
E me mandar estar calado
Cada lado passou a ser
Um campo de batalha
Uma tentativa de me fazer ficar
E envenenar o outro lado da muralha
Com os três de cada lado
Veio o quarto, o “amoroso”
Um quarto que pertencia
Mais que o meu eu rancoroso
Agora que haviam quatro
O quarto era eu
Que nunca estive fixo
E o meu coração cedeu
Dividi-me em dois
Para cada lado ter metade de mim
Não fez muita diferença
Eu é que sofri no fim
Agora cada lado tem três
Mais a minha metade
Eu não tenho nenhum lado
A que pertença de verdade
Mesmo que consiga voltar
A juntar os cacos e ser quem fui
Três e três e eu são sete
Nada apaga a solidão que me constitui
Éramos três
Agora sou um