Autoria: Inês Alvito
Houve uma vida que quase tive, mas não foi minha
Essa que admirava com ânimo e convicção
E estendia-lhe a mão quando a via passar sozinha
Porém um dia desisti sem saber a razão.
Nesse tempo da varanda via-a dançar na rua
E minha alma dançava ao ritmo do seu passear
Soprava um beijo de tabaco à linda vagabunda
Mas ele não a alcançava, perdia-se no ar
Vida, quem te fez vento para por mim passares?
Como quem adormece um dia sem por isso dar
Descuido de quem ignorou a corrente dos mares
E acorda em sobressalto para já não te encontrar
Vida, o que é feito do teu pautado passear?
Hoje saio à varanda p’ra só ver correr a vida,
Essa outra que agora sempre me vem a arrastar
Não tu, que eu sempre quis, mas que nunca foste minha.