Epílogo de Olivia dos Santos

Autoria: Rodrigo Raimundo (LEFT)

Parte I – Lamúrias

Como o rio que passa, o tempo me foge

E vejo o meu fado tão longe, mas tão perto

Vivo e sonho um pesadelo que me consome

Tão trágico, tão certo.

E as tordoveias que quebram o silêncio

Todo ele vive num passado.

E os xistos que enchem o vazio

Todo ele ausente de significado.

Mas se de misérias agora me faço

Sabe que eras o meu tudo, a minha alegria

E que para sempre te levarei a meu peito,

Para que sintas o amor de quem mais te queria

E agora choro, como que uma criança

Maldito seja aquele que te levou.

E agora sofro, onde havia esperança

Pelo meu amor que foi e não mais voltou.

Pois se um dia sonhaste em ser herói

Viver entre Cadmos, Hércules e Perseus

Quis a fortuna semear a morte naquela bala

Que este mundo abandonasses e o trocasses pelos céus.

E agora oiço o rasgar do gira-discos

Tão agonizante, tão incerto…

E ao som da sua música deixo-me levar

Pelo ruído tão miúdo, mas tão perto.

Leave a Reply