Autoria: Rodrigo Raimundo (LEFT)
Parte I – Lamúrias
Como o rio que passa, o tempo me foge
E vejo o meu fado tão longe, mas tão perto
Vivo e sonho um pesadelo que me consome
Tão trágico, tão certo.
E as tordoveias que quebram o silêncio
Todo ele vive num passado.
E os xistos que enchem o vazio
Todo ele ausente de significado.
Mas se de misérias agora me faço
Sabe que eras o meu tudo, a minha alegria
E que para sempre te levarei a meu peito,
Para que sintas o amor de quem mais te queria
E agora choro, como que uma criança
Maldito seja aquele que te levou.
E agora sofro, onde havia esperança
Pelo meu amor que foi e não mais voltou.
Pois se um dia sonhaste em ser herói
Viver entre Cadmos, Hércules e Perseus
Quis a fortuna semear a morte naquela bala
Que este mundo abandonasses e o trocasses pelos céus.
E agora oiço o rasgar do gira-discos
Tão agonizante, tão incerto…
E ao som da sua música deixo-me levar
Pelo ruído tão miúdo, mas tão perto.