Recentemente, a AEIST organizou um concurso de poesia, cujos resultados foram divulgados sem serem acompanhados pela publicação dos poemas. Sendo assim, o Diferencial tomou a iniciativa de entrar em contacto com a vencedora, Inês Moreira, que consentiu que publicássemos o poema que se segue.
Autoria: Inês Moreira (MEFT)
Eu hoje fui à rua mas esqueci-me de levar
A minha Apatia.
Então sentei-me no comboio distraída a olhar
E não quis acreditar no que via.
Vi gente, sentada,
Apagada, indiferente
Todos a olhar para o chão,
Ninguém olha para a frente
E eu que me esqueci
Da minha passividade
Olho para a vida
E dá-me uma certa saudade
Dos dias em que vou
encarreirada com o resto
Hoje parece que sinto demais,
transbordo de afeto.
E incomodam-me as notícias
E acho que o mundo anda louco
Porque todos fazem muito,
Mas a vida muda pouco.
Hoje fui à rua mas esqueci-me de levar
A minha Dormência
E vi gente que aceita tudo
sem a mínima resistência
E o mundo grita
com essa gente ausente
Mas eles não ouvem
Não lhes é conveniente
E a vista lá fora passa
Só que ninguém a aprecia.
Parece que vivem todos no futuro,
E ninguém no dia-a-dia.
Mas no fundo o erro é meu
Eu é que fiz a asneira
Amanhã já não me esqueço
De trazer a minha Cegueira.