Obra póstuma

Autoria: Jorge Silveira (MEAer)

Obra póstuma de um cadáver para outro.

Tu, que me lês sem me conheceres.
Tu, que minha alma vês sem ela existir.
O que fui estará e ficará por aqui. 

Não sou, agora, nada mais 

Que um punhado de terra. 

E nunca fui mais 

Que um punhado de nada. 

Bom filho a casa torna. 

E eu, morto cambaleando, 

Já regressei.

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