Autoria: Vanessa Filipe, LEQ
Uma semana antes da estação da flor
Tanto esperávamos o cheiro do esplendor
Mal se sabia o fado que nos fora reservado
Nem Chronos, Deus do tempo, o havia esperado
De rompante, neste dia a ampulheta estagnou
Como se fosse contra a alma do tempo, passar
Porventura, desta divina doutrina se cansou
Sempre correu diante da imensidão do olhar
Parado o tempo mas tempo por remanescer
No refúgio deste pensamento tão insurgente
Serão as quatro paredes a prisão do meu ser
Ou reclusa estarei nos complexos da mente
Almeja o meu corpo pelo sabor da liberdade
Que como formosa ave bateu a linda plumagem
Aguardo com ânsia o seu regresso em soledade
Como o amor platónico se abraça à miragem
Mas finda a tempestade impera a bonança
A luz da esperança rasga o seio da escuridão
Como venusta mariposa, abraço a mudança
Esvoaço pelas ruas sem tirar os pés do chão
O sabor da liberdade, que ânsia incessante
Caminhei pelos meus confins para a ti chegar
Ainda assim a mente humana, tão cruciante
Encontrou terno conforto no caos do teu afastar
A ironia da alma que se aprisiona ao mundo
Corta as suas asas para se manter secular
Nada prende mais a mariposa que o casulo
Quando esta se impede a si mesma de voar