Autoria: Maria Rosa (MEIC)
No passado dia 12 de outubro, o Técnico e a Magma Studio juntaram-se no Técnico Innovation Center (TIC) para superar um desafio: realizar a maior aula de programação do mundo e quebrar um recorde da Guinness World Records. Este desafio levou-me, às 9 da manhã, ao jardim do Arco do Cego, em Lisboa, onde qualquer transeunte se veria confrontado com uma fila interminável de, maioritariamente, jovens, vestidos com t-shirts brancas onde se poderia ler “Maior Aula de Programação do Mundo”.
Ao entrar no TIC, fui informada que, após o início da aula, ninguém se poderia levantar nem para ir à casa de banho, pois a Guinness necessitaria que todos estivessem no lugar durante a totalidade da aula para conseguir validar o recorde. A sala encontrava-se dividida em seções, e cada uma tinha um responsável, que tinha também como dever garantir que todos os participantes se encontravam focados na aula. Alunos que fossem encontrados a dar scroll no Instagram não teriam direito a Certificado de Participação neste recorde.
Após discursos de Miguel Gonçalves, Comandante Executivo da Magma Studio, e de alguns patrocinadores, a aula propriamente dita começou. A primeira oradora, a professora Inês Lynce, realçou a paridade de género que era possível identificar entre as centenas de alunos presentes. “No futuro, vamos todos ser programadores” foi uma ideia acentuada ao longo do evento. O conceito de algoritmo foi explicado e os estudantes foram instruídos a dobrar (mas não a lançar!) o seu próprio avião de papel, seguindo as instruções no ecrã.
O orador seguinte foi Rodrigo Girão Serrão, que começou a parte da programação propriamente dita com uma introdução aos conceitos básicos de Python. Após a explicação de algumas ideias basilares, foi mostrado código, previamente feito, que continha um algoritmo para resolver sudokus e Serrão demonstrou o seu uso.
Por último, o professor e antigo presidente do Instituto Superior Técnico, Arlindo Oliveira, subiu ao palco para falar sobre Inteligência Artificial. Os alunos foram convidados a levantar-se para simular um “Jogo da Vida”, um autómato celular cujas células evoluem de acordo com o estado dos seus vizinhos. De seguida, o professor demonstrou um modelo de linguagem que respondia a questões como se fosse Carlos da Maia, personagem da obra de Eça de Queirós ”Os Maias”.
Durante o coffee break procurei falar com alguns participantes para descobrir as suas opiniões sobre a aula. No website dedicado ao recorde, a aula era descrita como uma “aula de programação introdutória” onde também existiria a oportunidade para programadores mais experientes aprenderem “coisas interessantes sobre inteligência artificial”. No entanto, quando questionados mais cedo sobre a sua experiência em programação, apenas uma minoria revelou nunca ter programado. Assim sendo, o sentimento geral parecia ser de algum desinteresse, visto a maioria dos alunos presentes já estar familiarizado com os conceitos. Este desinteresse leva-me a refletir sobre se a aula conseguiu chegar ao seu público-alvo. Conseguir colocar 1668 pessoas numa única sala não pode ser trabalho fácil, mas parece que, ao publicitar-se como uma aula que agradaria a iniciantes e a profissionais, a sua utilidade sofre.
Enquanto se esperava que os resultados do recorde fossem apurados, ouviram-se alguns discursos, incluindo aqueles de Rogério Colaço, presidente do IST, e Luís Ferreira, reitor da Universidade de Lisboa.
Rogério Colaço revelou que este evento começou a ser planeado há por volta de 1 ano, quando a Magma colaborou com o Técnico num Talent Bootcamp, no campus do Taguspark, evento o qual Colaço considera que superaram. Por sua vez, Luís Ferreira aproveitou a ocasião para afirmar o Técnico como a melhor escola de Engenharia do país e “recrutar”, da mesma forma que as empresas presentes, alguns dos alunos para futuros Doutoramentos ou Pós-Graduações.
Finalmente, a representante da Guinness World Records, Paulina Sapinska, subiu ao palco para anunciar que o recorde havia sido quebrado, anúncio recebido com grande entusiasmo pelos alunos que constituíam o público. No total, estiveram presentes 1668 participantes, com idades compreendidas entre os 12 e os 67 anos. Para celebrar, seguiu-se o almoço e uma “festa”, onde estiveram presentes as empresas patrocinadoras.