Autoria: Ângela Rodrigues (LEFT), João Dinis Álvares (MEFT)
No passado dia 9 de julho, pelas 18h, decorreu, no Átrio Central do pólo de Oeiras do Instituto Superior Técnico, a cerimónia de apresentação “do primeiro nanosatélite universitário, totalmente desenvolvido e fabricado em Portugal” e da assinatura do protocolo de criação do Oeiras Valley Space Hub.
A cerimónia iniciou-se com os discursos de Rogério Colaço, Presidente do Instituto Superior Técnico, e Isaltino Morais, Presidente da Câmara Municipal de Oeiras. Rogério Colaço agradeceu aos professores Rui Rocha e Moisés Piedade, coordenadores do projeto ISTSAT-1 que começou há quase 20 anos, tendo apenas iniciado oficialmente em 2017. Foi nesta altura que fez “parte do programa espacial Fly Your Satellite, destinado a equipas universitárias. Entre as 13 propostas iniciais, apenas quatro projetos chegaram à fase final, sendo o ISTSAT-1 o único a desenvolver toda a estrutura do satélite internamente”, como explicou Moisés Piedade em declarações à RTP.
O presidente do IST realçou que este é o segundo satélite nacional a ser colocado no espaço, tendo o primeiro sido lançado há 30 anos. “Neste momento, o país tem massa crítica suficiente para que isto seja um passo sem retorno. A batalha não está ganha, é preciso trabalhar em conjunto, é preciso competir, mas cooperando (…) para avançar mais rapidamente”.
“Acreditamos que, hoje, estamos a dar um passo importante para capacitar o país, para que o país possa entrar na corrida ao espaço.”
Sobre o Oeiras Valley Space Hub, Rogério Colaço declarou ainda que é um “protocolo em que nos comprometemos uns com os outros para fazer mais, melhor e mais rápido no nosso país.”
No seu discurso, Isaltino Morais ressalvou a importância que as Câmaras Municipais têm no apoio a investigadores, estudantes e instituições de Ensino Superior. Mencionou ainda um protocolo de cerca de 3 milhões a assinar em breve com o Instituto Superior Técnico, para melhorar as condições do pólo de Oeiras.
Seguiu-se o debate “Como preparar a próxima geração para uma nova era no espaço?”, onde se discutiu a ligação entre as empresas e o ensino superior. Um dos tópicos abordados foi a possível criação de mestrados no Técnico direcionados para a necessidade empresarial, a nível aeroespacial e aeronáutico. O debate contou com a moderação de Pedro Amaral e com a participação de:
- André Dias | CEiiA
- Fernando Lau | Instituto Superior Técnico
- Júlia Martinho | Projeto RED
- Manuel Santos | NanosatLab
- Moisés Piedade | Instituto Superior Técnico
- Pedro Coimbra | Agência Espacial Portuguesa
- Ricardo Mendes | Tekever
- Sérgio Barbedo | THALES Edisoft
- Zita Martins | Instituto Superior Técnico
Seguiram-se as intervenções do engenheiro Francisco Vilhena da Cunha, CEO da Geosat, e de Joana Mendonça, vice-presidente do Instituto Superior Técnico para a gestão do pólo de Oeiras, nos âmbitos, respetivamente, do potencial de colaboração e do potencial de formação e valorização no contexto do Oeiras Valley Space Hub.
De modo a formalizar a criação deste Hub, foi assinado o protocolo entre Isaltino Morais, Presidente Câmara Municipal de Oeiras, Helena Silva, CTO da CEiiA, José Neves, Presidente da AED Cluster Portugal, e Rogério Colaço, Presidente do Instituto Superior Técnico.
Na sua vez de discursar, o Ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, destacou o papel do Técnico a nível nacional e a importância do regresso da Europa ao espaço, dizendo que só agora está a apanhar o ritmo que perdera nas últimas décadas.
À medida que se ia aproximando a hora atualizada do lançamento da missão Ariane 6 (uma hora adiada), foi estabelecida a ligação à estação espacial em Kourou, na Guiana Francesa. Rui Rocha, na sala Vénus, e Ricardo Conde, na sala Júpiter, no sítio principal das operações, esperavam o lançamento e foram dando atualizações à medida que os minutos passavam. Do Teleporto de Santa Maria, situado na ilha açoriana homónima, João Neves também se conectou, reforçando o papel importante do teleporto como ponto de controlo dos voos espaciais, dada a sua posição geográfica vantajosa. Enquanto Rogério Colaço falava com os três portugueses em missão, o Átrio Central entrava em agitação pela proximidade da altura da descolagem.
Enquanto se aguardava o lançamento da missão espacial, passou-se ainda um vídeo do ISTSAT-1, a explicar o seu funcionamento. Citando a comunicação do Técnico, “o nanosatélite entrará em órbita baixa circular, a 580 km da Terra. A equipa do Técnico estará a receber as informações do satélite na estação-terra do pólo de Oeiras e a verificar, comparando os dados recebidos com dados de referência, se o satélite cumpre a missão científica e a tecnologia desenvolvida deteta a presença de aviões em zonas remotas. O satélite enviará dados de vários tipos, entre eles dados do posicionamento dos aviões, que não são visíveis da Terra e só se conseguem ver através de uma vista do espaço.”
O vídeo foi interrompido perto do final, para se proceder à visualização da transmissão em direto do lançamento da missão Ariane 6.
A cerimónia encerrou com o discurso de Luís Ferreira, Reitor da Universidade de Lisboa.