Autoria: Lízia B., Engenharia Física e Tecnológica, IST
Não temos tempo para combater sozinhos – as alterações climáticas, as mudanças drásticas que os ecossistemas repletos de riqueza têm sofrido, a destruição catastrófica de habitats e a extinção massiva de espécies não podem ser combatidas sozinhas; os estragos proliferados ao longo de tantos anos de história por uma humanidade cega ou simplesmente inconsciente, imersa num estado de dormência passiva, não podem ser limpos ou ocultados instantaneamente por um indivíduo; na verdade, nada que afete o todo, nada que possa ter repercussões avassaladoras globalmente, sejam elas positivas ou negativas, pode partir espontaneamente de uma única pessoa – só unidos numa só voz poderemos fazer a diferença.
É ao manifestarmo-nos coletivamente, ao gritarmos em uníssono, ao rogarmos e ao sermos recetivos à Mudança, que permitiremos que algo se transforme e que a esperança renasça. Nunca a emergência foi tão grande; nunca a Terra chorou mais; nunca os seres deste planeta se revoltaram tanto, embora silenciosamente, contra nós; nunca as comunidades indígenas constantemente ameaçadas nos viram como animais tão estranhos e destruidores; nunca potenciámos tanta miséria e nunca nos perdoaremos se permitirmos que mais um dia passe sem que nada façamos para que tudo isto mude.
Abrir os olhos para ver é mais que nossa obrigação agora que parecemos estar a acordar de tão profundo sono. Não sei o que nos terá aliciado, o que nos terá cegado e convencido de que o planeta só a nós pertencia e que aqui sempre reinaríamos. Não sei. Não sei o que foi mas a mim não me convenceu, tal como parece não ter convencido todas as pessoas que no dia 27 de setembro saíram à rua para marchar pelo planeta. Só assim, juntos, teremos força para evitar (ou pelo menos adiar) o Fim – não está longe o dia em que as árvores se converterão em relíquias de museu; em que a diversidade deixará de existir; em que a abundância de água potável passará a fazer parte de contos e que da dignidade humana nada restará (não está longe, se nada fizermos entretanto). Só a nós compete manipular este fatídico destino e, na verdade, capacidade para tal não nos falta nem nunca faltou, apenas vontade. Agora, façamo-lo pelo planeta; façamo-lo pelos animais; façamo-lo pelas pessoas e pelo seu futuro; e senão por tudo isso… façamo-lo por Nós porque, caso contrário, ninguém o fará.
A foto que ilustra este artigo é de Adja Marcela Barros / Mídia NINJA.