Conhecido pelo desenvolvimento que deu à ciência em Portugal, Mariano Gago faleceu no passado dia 17 de Abril de 2015. Começou a sua carreira como Engenheiro e terminou-a não só como ministro, mas como inspiração para muitos portugueses.
Teve como formação base Engenharia Eletrotécnica no Instituto Superior Técnico. Doutorou-se posteriormente em Física, em Paris, tendo trabalhado como investigador durante os primeiros anos da sua carreira. Esteve no Laboratório Europeu de Física de Partículas (CERN) na Suíça.
Volta para Portugal depois da queda do Estado Novo, e assim da PIDE, começando a organizar as Jornadas Nacionais de Investigação Científica e Tecnológica, em função do seu cargo na Junta de Investigação Científica e Tecnológica (JNICT), que viria depois a ser a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT). Esta é a principal entidade de financiamento público de projetos científicos no país.
As jornadas fomentavam a reunião da comunidade científica nacional, permitindo a troca de ideias, desenvolvimento e discussão do estado da ciência no país. Estas contribuíram não só para o desenvolvimento da ciência per si, mas também para que esta passasse a fazer parte da agenda politica.
Após abandonar a presidência da JNICT, escreveu o livro ‘’Manifesto para a Ciência em Portugal’’, sendo este algo semelhante a um programa de governo para a ciência, voltando depois à Suíça.
Volta a Portugal como ministro da Ciência e Tecnologia, em 1995, contribuindo, por exemplo, para a criação da Ciência Viva-Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica, que tem hoje um vasto número de centros espalhados por todo o país, incluindo o Pavilhão do Conhecimento. Nestes centros são realizados todos os meses atividades que visam aproximar os portugueses, especialmente as crianças, da ciência, e mostrar o que de melhor é feito no país nesta área.
Tomou ainda medidas mais controversas no Ensino Superior como os cortes orçamentais aplicados e a criação do Regime Jurídico para as instituições deste nível de ensino, levando à reorganização das mesmas.
“Sem pensamento, sem diálogo estruturado sobre o porquê das coisas, sem controvérsia, sem enigma, sem verdadeira experimentação, não há ciência nem educação científica.” foram estas as palavras do Professor José Mariano Gago na abertura do primeiro Fórum Ciência Viva, em 1997.
Texto: Bárbara Casteleiro