Aprovação a Cálculo II abaixo dos 35% em vários cursos

Autoria: João Carranca (LEEC), Diogo Faustino (MEAer)

No documento que compila os resultados dos QUC de 2º semestre do ano letivo de 2022/23 das licenciaturas, Cálculo Diferencial e Integral II (CDI II) destaca-se pela negativa, com taxa de aprovação global de 61%: no curso de Engenharia de Telecomunicações e Informática (ETI) no Taguspark, a aprovação ficou-se pelos 14% . Apesar disso, são novamente poucas as cadeiras com avaliações abaixo de “regular”.

O Conselho Pedagógico compila, todos os semestres, um documento de apresentação geral dos resultados dos QUC, em todas as licenciaturas, com informação sobre os principais indicadores de cada cadeira. Para além das taxas de aprovação e percentagem de avaliados, estão também indicadas a cores as prestações nas diversas categorias dos QUC.

Glossário para leitura dos resultados. Fonte: IST

Apenas 5 cadeiras em todo o documento, publicado a 23 de janeiro, apresentaram o resultado “inadequado” em alguma categoria dos QUC, com nenhum curso a ter mais que uma cadeira com este indicador. Em termos de Classificação Global, apenas Física II em Engenharia Biomédica e Engenharia Biológica estão marcadas a vermelho e apenas outras 5 cadeiras apresentam o resultado “A melhorar”, sendo que as restantes se encontram na categoria de “De acordo com o previsto” ou “Regular”. Estes dados contrastam com o facto de, no mesmo documento, ser possível identificar 20 cadeiras (com resultados de inquéritos válidos) com taxas de aprovação inferiores a 50%. Ao todo, 96 cadeiras apresentaram taxas de aprovação abaixo dos 70%.

O pior registo do semestre pode ser encontrado no curso de Engenharia de Minas e Recursos Energéticos, onde a cadeira “Introdução aos Algoritmos e Estruturas de Dados” apresentou uma taxa de aprovação de 9% para 32 inscritos.

O curso de Engenharia Civil é aquele que apresenta resultados mais preocupantes na generalidade no que toca a taxas de aprovação, com 15 das 18 cadeiras em registo a ficar abaixo dos 67% de aprovação e 5 a ficar abaixo dos 50%. Minas leva a coroa no que toca a cadeiras com menos de 50% de aprovação: 10 em 16 totais. De notar que, por ter substancialmente menos alunos que outros cursos, a volatilidade dos resultados é maior.

Aprovação a CDI II em queda desde o início da pandemia

A cadeira de CDI II, a única que é comum a todos os cursos no 2º semestre, apresentou taxas de aprovação insatisfatórias na maioria dos cursos: a taxa global de aprovação foi de 61%, com 7 cursos com taxas abaixo dos 45%. Engenharia Informática e de Telecomunicações apresenta 14% de aprovação em 115 inscritos, o segundo pior registo em qualquer cadeira do documento.

Uma breve resenha histórica mostra que no ano letivo de 19/20, a taxa global de  aprovação a CDI II se situava em 75% dos inscritos: foi precisamente nesse semestre que se implementaram as medidas restritivas da pandemia de COVID-19. No ano seguinte, 20/21, a aprovação desce expressivamente para os 58%. A recuperação em 21/22 para os 68% de aprovação parece ter sido passageira, já que no ano letivo de 22/23 se assiste a nova quebra.

Taxas de aprovação a CDI II em 2023. Fonte dos dados: IST

Os cursos sediados no Taguspark apresentam resultados particularmente negativos. Para além de ETI, Engenharia Eletrónica apresenta apenas 24% de aprovações, e em Engenharia Informática e de Computadores só 53% dos 162 inscritos obtiveram aprovação, valor abaixo dos 67% registados pelo seu homólogo no Campus da Alameda. Só Engenharia e Gestão Industrial apresenta resultados acima da média global, com 66% de aprovação.

Ainda assim, as classificações dos QUC não são particularmente negativas. Na maioria dos cursos, a cadeira apresenta resultados regulares ou “De acordo com o previsto” em todos ou quase todos os parâmetros. Em Engenharia Civil, por exemplo, apesar da taxa de aprovação de 41%, todos os parâmetros incluindo “Avaliação” estão regulares. São estes parâmetros, que, no geral, guiam a atuação do Conselho Pedagógico em relação às unidades curriculares.

Dados para CDI II em 2022. Fonte dos dados: IST

É possível perceber, olhando para os gráficos correspondentes aos dois anos, que de 2022 para 2023, houve uma quebra na generalidade. Cursos que já tinham índices baixos caem ainda mais. Outros, como Engenharia Naval e Oceânica, passam de índices de aprovação regulares para valores abaixo dos 50%. Mesmo os dois maiores cursos, Engenharia Eletrotécnica e de Computadores e Engenharia Informática e de Computadores na Alameda, descem visivelmente.

O documento global dos QUC de 2º semestre indica que ainda há muitos indicadores a melhorar. Indica também que as piores taxas de aproveitamento académico recaem maioritariamente sobre cursos específicos como Engenharia Civil, Engenharia de Recursos Energéticos e Minas e Engenharia de Telecomunicações e Informática e que as matemáticas fundamentais, como é o caso de CDI II, continuam a ser focos de baixo aproveitamento. Além disso, ao contrário do que se poderia esperar, continua a não haver uma correlação clara entre taxas de aprovação e resultados dos QUC nas diversas categorias avaliadas, dificultando o trabalho de sinalização das cadeiras com mais problemas.

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