Autoria: Sofia Calado (MEEC)
No dia 4 de Dezembro, ocorreu pelas 10h a cerimónia de atribuição do título de Doutor Honoris Causa a Ricardo Galvão, seguida do Colóquio intitulado “Amazônia e a Atual Política Ambiental Brasileira”, apresentado pelo mesmo, tendo ambos decorrido no campus da Alameda do Instituto Superior Técnico (IST).
Com base numa proposta do IST, o reitor Luís Ferreira da Universidade de Lisboa atribuiu, no dia 4 de Dezembro, o Doutoramento Honoris Causa ao professor Ricardo Galvão, devido aos seus contributos notáveis tanto na vertente académica, como na científica e na profissional.
Ricardo Galvão, atual presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Brasil (CNPq), é professor catedrático do Instituto de Física da Universidade de São Paulo e doutorou-se no Massachussets Institute of Technology (MIT), em 1976. Destaca-se também pelo seu cargo de diretor no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), e pelo cargo de presidente da Sociedade Brasileira de Física.
Contextualizando a sua carreira, a sua investigação tem como foco os plasmas de fusão nuclear, sendo um dos protagonistas do programa brasileiro de Fusão Nuclear, onde desenvolveu dois protótipos experimentais no Instituto de Física da USP. A sua conexão com a Universidade de Lisboa advém dos trabalhos que executou no Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear (IPFN), um dos centros de investigação do Instituto Superior Técnico.
No decorrer do colóquio, o professor destacou a importância do papel da Floresta Amazónica na manutenção do equilíbrio ecológico e ambiental do nosso planeta, assim como a relevância dos povos indígenas e da biodiversidade dos seres vivos que nela habitam. Além disso, realçou a problemática da desflorestação e a evolução da sua magnitude ao longo dos anos, com especial destaque para o impacto causado recentemente.
Através dos dados recolhidos em projetos de monitorização, Ricardo Galvão enfatizou os efeitos nefastos obtidos pela mudança de política ambiental do governo do Brasil entre 2019 e 2022, que levou ao desmatamento da Amazónia, que cresceu de 5078 km2, em 2018, para 10573 km2, em 2022. Este aumento levou a que a Amazónia se transformasse num emissor de dióxido de carbono para a atmosfera. Apesar da política ter sido revertida com a posse de um novo governo em 2023, devido à relevância da temática, o professor falou sobre a necessidade de existirem iniciativas de prevenção do abate ilegal de árvores e da ocupação de territórios amazónicos, com o intuito de incentivar a preservação de flora, fauna e povos indígenas que lá habitam.
No fim do colóquio, Ricardo Galvão afirmou que “gostaria de ter mais instituições portuguesas – em particular o Técnico – a trabalhar junto de investigadores brasileiros contra problemas relevantes para a Amazónia”, de modo a reforçar a sua ligação à Universidade de Lisboa e o impacto que as temáticas ambientais têm no planeta, corroborando o quão importante é continuar a proteção da floresta.