Autoria: Samuel Neves, MF (FLUL)
Ó pombinha nívea, que sabes Tu das viagens ao céu?
Paira no ar álgido e dolente
Eflúvio nupcial e silente,
Que flutua no vento noturno
Sob o sombrio luar soturno.
Ah! São cantos de rouxinol
Anunciando o jucundo arrebol…
Pulula Tua cantata no céu astral!
Escutá-la é beber do Santo Graal!
Ó pombinha nívea, que sabes Tu das viagens ao céu?
Nasceu condenado à morte,
Não sei se por azar ou sorte,
O menino de liberdade na palma.
Leva-o contigo! Salva-lhe a alma!
Suas palavras são fogo ardente
Na alma pura de quem as sente.
Ah! Como a sua poesia flui,
Tão serena me penetra e ablui!
Ó pombinha nívea, que sabes Tu das viagens ao céu ?
Como é possível tanta mudança?
Tanta é que mata a esperança…
Ó vento funesto que mágoas derrama!
Ó vento pútrido que minha alma inflama!
Venha o Espanto ao mundo dos mortais!
Vinde! Vinde ofuscar nos homens os ais!
Como cabe tanta dor no meu coração
Do tamanho de um punho cerrado em vão?
Ó pombinha nívea, que sabes Tu das viagens ao céu ?
Leva-me ao cume do monte
Para contemplar o horizonte…
Para olhá-lo com encanto
E adormecer meu pranto.
Deixa-me sentir o silêncio barulhento!
Deixa-me sentir a presença do seu alento!
Ainda O sinto movendo a Vida
No labirinto da Saudade sentida!