Autoria: Alice Brazete (LEBiom)
Vejo-te chegar pelo canto do olho,
Cheia de pressa, como quem apanha o último barco do cais
Sento-me, recostada a assistir ao sonho
Que apesar de conhecido,
está longe de ser confundido com mais um dos meros pensamentos banais
Cada vez que passa o filme, tu vestes uma roupa diferente
Para me agradar ou para tornar a experiência mais interessante
Mas eu tão cega pelo conteúdo mortal que se sente
Fico indiferente à máscara transeunte que trocaste a montante
O que permanece constante é o anúncio da tua chegada
O leve aperto no estômago a que estou tão habituada
Que se transforma numa face rosada ou doce facada
Sensação arrastada por longos instantes até ser descartada
Por vezes fazes-me arrepiar a espinha
Quando escolhes tocar músicas mais antigas
Por mais que tente esquecer as caras que já foram minhas
Tu usa-las como coroa no desfile entre as formigas
Sempre que tendes a ficar por muito tempo
Crias em mim um estado temporal alegórico
Enquanto caminho pesadamente contra o tormento
Tu roubas o momento, e ocupas o lugar do comandante teórico
O que permanece constante é começo da tua partida
O leve toque do pingo do chuvisco que substitui o furacão
Vestes roupas de inverno no verão, deprimida
Serás completamente esquecida para outra ocupar o teu lugar