No passado mês de Janeiro, foi anunciado, pela equipa conduzida por Nenad Bursac, professor de Engenharia Biomédica em Duke University, e por Lauran Madden, investigadora de pós-doutoramento no laboratório de Bursac, o desenvolvimento do primeiro músculo esquelético humano contráctil sintetizado em laboratório.
O músculo consegue responder a estímulos externos, tais como: sinais eléctricos, sinais bioquímicos e medicamentos. Isto irá permitir o estudo de doenças que afectam tecido muscular e que vários fármacos possam ser testados fora do corpo humano.
Vários testes foram levados a cabo para determinar quão semelhante é o tecido desenvolvido com o humano. Entre eles, para provar que este músculo artificial poderá ser usado no desenvolvimento de novos medicamentos, Bursac e Madden estudaram a resposta a uma grande variedade de fármacos, incluindo as estatinas e o clenbuterol. Os resultados obtidos foram coerentes com os resultados destas drogas no corpo humano.
“Um dos nossos objectivos é usar este método para poder fornecer um tratamento personalizado aos pacientes. Pode ser feita uma pequena biópsia a cada paciente, crescer várias amostras de músculo em laboratório e testar quais os medicamentos que funcionam melhor para o mesmo.”
-Nenad Bursac
Este objectivo poderá não estar muito longe de se tornar real. Actualmente, Bursac, em conjunto com Dwight Koeberl, professor associado de pediatria no Duke Medicine, estão a tentar correlacionar a eficácia de certos fármacos em pacientes, com o efeito dos mesmos no músculo desenvolvido em laboratório.
Por outro lado, a equipa de Bursac encontra-se, também, a tentar desenvolver músculo esquelético contráctil através de células estaminais pluripotentes induzidas, em vez de células provenientes de biópsias como é o caso desta descoberta.
“Existem certas doenças, como o caso da Distrofia Muscular de Duchenne, por exemplo, que dificultam a tarefa de efectuar biópsias. Se pudéssemos sintetizar músculo operacional e apto para testes, a partir de células estaminais pluripotentes induzidas, poderíamos tirar apenas uma pequena amostra de pele ou de sangue e não ter que voltar a incomodar o paciente.”
-Nenad Bursac
São investigações como esta que tornam cada vez mais acessível um acompanhamento médico personalizado e menos invasivo.
Texto: Maria Sbrancia