The Strokes – Is This It

Oh, you’re a freak”

Autoria: Pedro Fonseca (MMAC)

No virar do século XXI, do Lower East Side de Manhattan surgiram os The Strokes. Composta por cinco miúdos, filhos de membros da elite nova-iorquina, a banda impressionou tanto o público como os críticos. Com um estilo de rock fino e livre, os Strokes foram vistos como uma lufada de ar fresco, quando comparados com o grunge e hard rock que caracterizou os anos 90 com bandas como os Nirvana e os Smashing Pumpkins. Os Strokes assinalaram assim uma nova era, essencialmente o verdadeiro começo do século XXI, de modo que dificilmente se encontra hoje em dia uma banda ou artista de rock que não tenha sido influenciado por eles. The Killers, Arctic Monkeys, LCD Soundsystem são apenas alguns exemplos do legado criado pelos Strokes.

Legado esse que se iniciou com o lançamento do álbum de estreia – Is This It. Com uma capa icónica e as letras que falam sobre a realidade da juventude urbana, não é difícil perceber por que razão se afeiçoou tanta gente à banda; o álbum parece abordar quase todos os aspetos da nossa vida: uma certa desilusão e desencanto com o mundo real (‘Is This It’), misturada com uma esperança ténue que as coisas melhorem (‘Someday’), eventos pequenos que em retrospetiva têm um efeito enorme nas nossa vidas (‘Hard To Explain’), e eventos significativos que estranhamente não aparentam alterar nada à nossa volta (‘Barely Legal’), saídas à noite recheadas de paixão e devassidão (‘Alone, Together’), saídas à noite que terminam em nada mais que tristeza e desespero (‘Take it or leave it’). Todas as músicas, inclusive as que eu mencionei, parecem abordar todos estes temas de uma maneira ou de outra; é uma história que é contada: é um ano das nossas vidas, ou se calhar apenas um só dia, ou possivelmente a nossa vida inteira.

O maior hit: ‘Last Nite’. Intensa, um exemplo clássico da capacidade dos Strokes de produzirem, com total naturalidade, algo popular mas que não deixa de ser profundo e genuíno (“And me, I ain’t ever gonna understand…”).

A minha favorita: ‘The Modern Age’. Umas das músicas do EP que gerou uma “guerra comercial” entre labels para assinar com a banda; se eu tivesse de responder com uma música à questão “Quem são os Strokes?” escolheria esta.

O que ouvir a seguir: recomendo o segundo álbum de estúdio dos Strokes, ‘Room On Fire’, que segue na mesma linha que o ‘Is This It’; é na minha opinião tão bom quanto este. Existe um ligeiro consenso geral entre fãs dos Strokes que depois dos dois primeiros álbuns houve uma queda de qualidade; eu não concordo inteiramente com essa ideia. Tanto o ‘First Impressions of Earth’ como o ‘Angles’ (que foi, desde já, a minha introdução aos Strokes) são muito bons, e merecem ser ouvidos. No entanto, o lançamento mais recente, ‘The New Abnormal’, foi considerado um return to form triunfal da banda, e foi o que eu passei metade do segundo confinamento a ouvir, portanto recomendaria esse a seguir a ‘Room On Fire’.

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