Autoria: Ângela Rodrigues (LEFT)
Tenho o documento onde escrevo aberto há dias, em busca de algum tipo de inspiração divina, mas, por mais que tente, não me surgem ideias ou palavras. É cada vez mais difícil escrever. Não é pela falta de temas, talvez seja por pensar que vou repetir o que outros já escreveram, sem acrescentar grande coisa.
Poderia falar sobre a AEIST, porém já podemos jogar ao Quem é Quem?, visto que já temos caras associadas a dois dos três órgãos sociais da DAEIST (também conseguimos saber os seus nomes e cursos, com um pouco de jeito, pois a legenda das fotografias está, nem mais nem menos, a branco num site com um fundo, adivinhem, branco também). Pode ser que no próximo mandato façam uma expansão, pois também queremos jogar com o CFD e gostávamos de perceber a hierarquia na presidência e nos gabinetes. Para os mais distraídos que possam ver o logotipo da AE nos nossos posts, volto a lembrar: “Não somos a Direção da AEIST. Não somos um órgão de comunicação institucional da AEIST nem dos seus dirigentes”.
Poderia opinar sobre os espaços de estudos, mas, como estamos no final da quinta semana do quarter, teria dificuldade em arranjar um lugar para me sentar a escrever.
Poderia discursar sobre a Residência Manuel da Maia, e nesse caso teria algo a acrescentar, ou pelo menos tentativas não faltaram para o conseguir fazer. Infelizmente implicava a árdua tarefa da Câmara Municipal de Lisboa abrir o email que lhes foi enviado, lê-lo do princípio ao fim e não simplesmente remetê-lo para a Universidade de Lisboa, porque, nesse caso, saberiam que o contacto ocorreu após uma troca de correspondência com os Serviços de Ação Social da Universidade de Lisboa e com a Comissão de Residentes (como estava explicado no dito email).
Poderia mencionar as situações caricatas com aquisições de senhas no Social ou artigos de avaliação ao prato social, porém talvez tivéssemos outra “Caça ao Homem”. Por falar em caças, poderia revelar as fotografias tiradas à frente da Lusa, só que isto seria uma piada interna. Também podia colocar aqui uma foto aérea de Maputo, mas teriam de nos pagar 138 euros para a verem; não levem a mal, é só um balanço de contas.
Poderia divagar sobre o MEPP, sobre como sete semanas são pouco tempo para consolidar conhecimentos ou sobre a sensação de já estarmos atrasados na matéria no final da primeira semana de aulas, mas já foi feito.
Poderia discutir a revisão do PERCIST, mas o próprio Presidente do IST já teve um artigo de opinião na edição de março.
Pegando nas palavras do primeiro editorial deste ano, escrito pelo meu antecessor Francisco Raposo (uma das contrapartidas de tomar o cargo de editora era ter de o mencionar em todos os editoriais), no ano passado comprometemo-nos a trazer de volta as edições em papel, e assim “três edições foram distribuídas, tendo todas elas esgotado”. Este ano continuámos este trabalho, com quatro edições onde abordamos o que considerámos serem os problemas e a realidade dos estudantes do Técnico.
Vale a pena destacar que o nosso trabalho não se cinge às edições em papel, não somos só aquela Secção Autónoma que às vezes imprime jornais com notícias e com uma contracapa gira, com jogos, cartoons e notícias falsas. Somos, ou pelo menos tentamos ser, a fonte de informação da comunidade estudantil do Técnico, pelo que prezamos por escutar os estudantes e relatar os seus problemas ao longo de todo o ano letivo, não apenas quando escrevemos no papel; quase todos os dias há artigos a sair no nosso site e redes.
Nenhum de nós é estudante de jornalismo ou de comunicação. Somos estudantes de engenharia e de outras áreas científicas, na grande maioria no IST, muitas vezes assoberbados com ciclos de 7 semanas de aulas, laboratórios, entregas, apresentações, relatórios e testes, que acham que isto de informar e ouvir os estudantes é útil e necessário. Mesmo cansados, quando tudo parecia contra nós (os prazos de entrega dos artigos foram adiados algumas vezes essencialmente por motivos alheios à nossa redação) conseguimos, na última semana de aulas, lançar a quarta das quatro edições físicas a que nos propusemos no início do ano. Mesmo que isto implicasse que alguns redatores tivessem de escrever os seus artigos em prazos muito curtos, ou que a equipa responsável pela paginação estivesse a trabalhar, em tempo recorde, entre páginas no GIMP, páginas de teses, projetos e estudos para outras avaliações.
Agradeço, não só aos que contribuíram para que conseguíssemos (milagrosamente) terminar o ano com esta edição, mas também aos que ao longo de todo o ano contribuíram para cumprimos aquilo a que nos propusemos quando cá entrámos.
Talvez não tenha perdido mesmo a capacidade de escrever e esteja só cansada.




