Quem é quem?

Autoria: Francisco Raposo (MEFT), editor do Diferencial

Àqueles que nos leem, deixo um pequeno desafio: tentar recordar-se do nome dos constituintes das mais recentes presidentes direções da AEIST. Já os nomes dos ministros do Governo Constitucional são bastantes e não os sabem de cor talvez, quanto mais os dos diretores da AEIST. Mas uma coisa é certa: descobrir quem é quem no governo é tão fácil quanto fazer uma pesquisa no Google, ao passo que tentar descobrir quem é que faz o quê na direção da AEIST ou nos seus restantes órgãos tem o seu quê de surpreendente e frustrante. 

Abrindo o site da AEIST rapidamente se descobre que a página “Quem somos?”, ou “Equipa”, ou mesmo “Órgãos”, é totalmente inexistente. Para saber quais são os gabinetes e pelouros da direção, temos primeiro de descobrir onde está o Plano de Atividades e ver a segunda ou terceira páginas. Lê-se que a equipa da AEIST é “composta por 170 membros organizada em 3 níveis de gestão: Presidência, Administração e Coordenação”, mas ainda não sabemos quem ocupa que cargos em cada um desses níveis.

Este mistério, digno de Sherlock Holmes, só se desvenda quando nos lembramos de que nas campanhas eleitorais cada lista costuma ter uma página no Instagram com a sua organização. Se assumirmos que a organização da lista vencedora se mantém tal e qual o que foi anunciado na campanha eleitoral e que não houve qualquer troca ou dispensa ao longo do mandato (algo que já aconteceu no passado, como é mencionado nesta edição), percebemos então com alguma confiança quem constitui o quê dentro da AEIST.

Este processo é desnecessariamente complicado. Vendo os sites de núcleos estudantis do Técnico, como o NFIST ou o AeroTéc, e de associações estudantis como a Associação Académica de Coimbra ou a Federação Académica de Lisboa, descobrir quem são os dirigentes demora dois clicks. Mas a AEIST, cuja importância histórica e atual é inegável no contexto nacional estudantil, é uma caixa negra. 

Dito isso, não quero dramatizar demasiado esta ausência, mas apenas aludir a um sintoma da falta de uma comunicação mais ativa com a massa da comunidade estudantil.  Seja na ausência de nomes dos dirigentes, seja na ausência de contactos diretos à Associação e aos seus dirigentes, a organização central da AEIST ainda está muito em falta. A ausência de nomes e contactos é prejudicial à proximidade com os estudantes, os quais não saberão como, quando, quem e em que condições contactar, caso necessário. 

Mas o mais fundamental é, no entanto, que o papel da AEIST enquanto intermédio entre os estudantes e os órgãos do IST aparenta estar em falta, senão por falta de divulgação mais clara. E enfatizo o “aparenta”, porque estou ciente de que o papel da AEIST junto dos órgãos do Técnico é constante e bastante necessário.

A direção da AEIST mantém contacto consistente com o presidente do IST e com os restantes órgãos do Técnico. Ainda assim, não existe muito sinal dessas reuniões nos meios de comunicação da AEIST (a não ser quando de facto se reabriu o Aquário durante a época de exames do 1º quarter), e mesmo sabendo através das diversas pessoas entrevistadas pelo jornal que a direção da AEIST vai tomando conhecimento do que nesta edição se relata, e que alguns desses dirigentes fazem também parte dos órgãos de escola do IST, vigiando os meios de comunicação da AEIST, fica-se em dúvida se o atual Método de Ensino e Práticas Pedagógicas (MEPP) está a ser discutido. Não houve, por exemplo, nenhum comunicado sobre o relatório da Comissão de Avaliação de Eficiência Formativa do 1º Ciclo (CAEF-1C) nem sobre a proposta de revisão do PERCIST da autoria do presidente do Técnico. E na falta dessa divulgação, não se fornece contexto bastante importante aos estudantes que não estejam ao corrente das questões políticas do IST: o papel da AEIST nessa discussão e a opinião dos seus dirigentes sobre o que é necessário mudar. 

Dito isso, estando conscientes de que deve ser o papel de um jornal de estudantes ir à procura das opiniões e esclarecimentos das principais figuras do meio universitário, ter um artigo do presidente da DAEIST nesta edição não é só para nós uma honra, mas também um esforço em fortalecer a ligação muito necessária que existe entre a Associação, da qual fazemos parte tanto enquanto núcleo e como estudantes, e a comunidade estudantil. E porque reconhecemos que o contacto entre a DAEIST e os grupos estudantis não deve ser unilateral.

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