Regresso parcial (e condicional) a regime semestral confirmado para 2026/2027 

Autoria: Tomás Vieira (LEMec)

Em fevereiro de 2025, a comunidade do Instituto Superior Técnico (IST) ficou a saber que o atual presidente, Rogério Colaço, propôs à Escola a revisão do documento que rege o atual sistema de ensino da instituição. Passado três meses, os Princípios Enquadradores para a Reestruturação dos Cursos de 1º e 2º ciclo do IST (PERCIST) vão dar luz verde para que se possa permitir uma maior flexibilidade no número de cadeiras semestrais. 

No ano letivo de 2021/22, a implementação do PERCIST, baseado nas ideias resultantes do relatório da Comissão de Análise ao Modelo de Ensino e Práticas Pedagógicas (CAMEPP), trouxe o atual regime letivo periódico, de 7 semanas letivas. Debruçando-se sobre relatos e opiniões, o presidente do IST diz ter “chegado o momento de, analisando retrospetivamente este período, colocar à consideração da Escola a necessidade de introduzir os ajustes necessários à otimização do modelo de ensino em vigor no IST.” Mais concretamente, vai ser dada aos dirigentes dos cursos e dos departamentos a escolha de se retroceder no período letivo de certas cadeiras, de modo a que o ensino se adeque à avaliação e aprendizagem. 

Em entrevista ao Diferencial, o presidente confessa que sabia que as coordenações dos departamentos já tinham começado a fazer o trabalho de reversão preventivamente, partindo do princípio de que a revisão ia ser aprovada: “não havia nada a perder que não algum trabalho.” “Portanto, neste momento, o trabalho está muito avançado em diversos departamentos e em diversos cursos” e “no dia 15 [de junho], o vice-presidente para a área académica do Técnico terá uma proposta de alteração de planos curriculares de todos os cursos”, remata. Nisto, diz que a partir da segunda metade do mês de junho começará a “montar o puzzle”, verificando-se, numa segunda iteração, a funcionalidade das alterações a larga escala. Entre a otimização de horários e ocupação de salas, o professor termina com a ideia de que todo este processo estará em constante e forte desenvolvimento durante o próximo ano. Admite ainda que a esperança inicial de se implementarem alterações já no ano letivo seguinte (25/26) era bastante irrealista dada a escala da mudança em tão curto espaço de tempo, provocada pelo anexamento das eleições aos órgãos de escola de dezembro de 2024. Assim, só serão implementadas alterações no ano letivo 26/27.

António Jarmela, na qualidade de representante dos estudantes no Conselho de Escola (CE), confessa que o processo lhes foi bastante transparente e “que nós [alunos] fomos de facto envolvidos.” Acrescenta que a decisão foi ao encontro da sua perceção: “acho que é quase indiscutível que a maioria dos estudantes preferia um regresso de certas cadeiras a semestre.” Além de todos os órgãos consultivos, muitos deles com representação estudantil, as futuras alterações curriculares exigirão um parecer do respetivo delegado de curso, de modo a que “o curso (no sentido de conjunto de alunos) se possa pronunciar através daquela pessoa.” Paralelamente, enquanto presidente da AEIST, saúda a presença do professor Rogério Colaço na  Assembleia Geral de Alunos (AGA) de 7 de março, em que, por mais de uma hora, explicou o processo, objetivos e esclareceu dúvidas dos presentes. “A participação é sempre diminuta, mas todos os estudantes foram convidados a ouvir o professor Rogério na AGA.” António salienta que o presidente fez com que a Direção da AEIST emitisse um parecer, elevando a seriedade e o peso da AEIST na discussão. Além disto, a associação foi também envolvida no processo de auscultação da revisão e, por mais que neste e no CE tenham surgido opiniões fortes contra o avanço da revisão, as decisões finais foram transversalmente tomadas “medindo-se o mal menor”. “Há uns que defendiam que se devia passar tudo para quarters, acabar com os semestres, e consideram que é essa a causa [a mistura]” – invocando que os exemplos estrangeiros de sistemas periódicos são sempre homogéneos, ao contrário do Técnico atualmente. 

Contudo, admite que a conclusão foi unânime: “há muita coisa a alterar, mas isto é uma alteração necessária para dar estabilidade à escola.” Como nota final, o dirigente vinca que há problemas que excedem o PERCIST e que facilmente se confundem com o modelo de ensino, salientando a existência de um calendário desadequado e problemas na avaliação. Vai mais além, referindo que o Conselho Pedagógico terá uma função muito decisiva para a boa implementação do modelo, pois são responsáveis por propor o calendário de avaliações, pelo que tudo terá de ser pensado de modo a não fazer caber cinco exames numa semana, antecedidos por uma semana de estudo.

Com o plano inicial aprovado no CE, o que resta agora é cada coordenação de curso ou departamento, no caso de cadeiras transversais, formalizar os trabalhos de reestruturação que voltarão a encaixar-se na cadeia de aprovação normal, passando novamente pelo Conselho Pedagógico, Científico e de Escola. No entanto, ambos os entrevistados levantaram ressalvas, pois muito provavelmente surgirão justaposições lógicas, incompatibilidades, desequilíbrios entre cursos e até problemas logísticos, uma vez que a alocação de salas e docentes no contexto IST é um problema com bastantes variáveis. Os dois recordam as “dores” da primeira transição, depositando esperança para que não haja, novamente, uma geração de transição com alunos prejudicados.

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