Autoria: Francisco Ferreira (LEIC-T), Sofia Calado (MEEC)
Como é a vida de uma estudante-atleta no Instituto Superior Técnico? O Diferencial entrevistou Teresa Rodrigues, aluna do 2º ano do Mestrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores (MEEC) e atleta de futsal da Associação de Estudantes do Instituto Superior Técnico (AEIST) e do CRC Quinta dos Lombos. Teresa Rodrigues partilha nesta entrevista a sua jornada no desporto académico.
Teresa Rodrigues praticou andebol durante 10 anos na equipa sénior do Club Sports Madeira, na 1ª Divisão, tendo parado aquando da sua entrada no IST, em 2019/2020. No 2º ano da faculdade, devido à sua paixão por desporto, decidiu experimentar o futsal feminino no IST, após ter ouvido de uma colega de curso que a equipa precisava de uma guarda-redes, a sua posição quando jogava andebol. Atualmente, joga numa equipa universitária e numa equipa federada.
Teresa realça o papel da AEIST na divulgação de informação sobre as equipas de desporto, o que facilitou o processo de se juntar a uma, visto que “apesar de não ter sido um critério para entrar na faculdade, foi uma agradável surpresa [… ] não queria deixar de fazer desporto e senti que o futsal era uma nova experiência para mim”. Além disso, teve uma experiência de acolhimento bastante positiva, “quando entrei foram muito inclusivas, eram um grupo único em que eram todas muito próximas”.
Quanto aos treinos, Teresa revela que não coincidem com os horários das aulas, decorrendo ao fim do dia, 2 vezes por semana na AEIST e 3 vezes por semana na equipa federada. Confessa que se torna difícil conciliar as duas e ainda ser estudante “às vezes estou a ir para o treino e penso que devia estar a estudar, mas lá tenho de estar 100% focada, […] é difícil fazer essa gestão porque tenho um compromisso com ambas, e há dias em que tenho treino e jogo à mesma hora”.
Na sua 2ª época a jogar futsal, foi convidada pelo treinador para fazer parte da equipa federada do IST, que infelizmente acabou por falta de recursos e jogadores. Mais tarde, Teresa foi novamente convidada pelo treinador para jogar como federada no clube da Quinta dos Lombos, em Carcavelos, onde conseguiu ascender à equipa A. Além dos 3 treinos semanais, conta com jogos todos os fins de semana, acentuando-se a importância da gestão de tempo . Em relação às competições, participa no Campeonato Nacional da 2ª divisão e na Taça de Portugal.
De destacar que a equipa de Futsal Feminino AEIST é tricampeã nacional. Anualmente, participam no Campeonato de Lisboa, com jogos da fase de grupos a ocorrer quinzenalmente, seguindo-se uma fase final com as 4 melhores equipas em abril, onde as 2 melhores de Lisboa ficam apuradas para os Nacionais. Por sua vez, as vencedoras do Nacional são apuradas para os Europeus.
Na conversa com Teresa, são partilhadas as suas experiências nos Europeus, que caracterizou como “oportunidades únicas ao longo dos últimos 3 anos”. Em 2021, infelizmente, não se realizaram devido à pandemia. No ano seguinte, foram aos Europeus na Polónia, onde ficaram em 4º Lugar, após uma derrota na meia-final contra a Dragomanov National Pedagogical University (equipa da Ucrânia), “na altura, sabíamos que o nível de competição ia ser altíssimo, então não havia muitas expectativas, mas acabamos por chegar longe, por isso foi um sabor agridoce no fim […] fiquei feliz com o que fizemos e triste por não conseguirmos a medalha”.
Com especial destaque para a experiência do ano passado, em 2023, foram novamente apuradas para os Nacionais, após o 2º lugar na Competição em Lisboa. O grande destaque vai para a final dos Nacionais, de onde saíram vitoriosas por 2-1, com o golo final a 5 segundos do fim do jogo, possibilitando a sua qualificação para o Europeu na Croácia. Pela primeira vez, tiveram grande visibilidade, devido à transmissão dos jogos de desporto universitário no Canal 11. O seu percurso no Europeu teve primeiro a fase de grupos, seguida dos play offs, onde voltaram a cair na meia-final contra a Drahomanov National Pedagogical University, uma das equipas mais fortes. Porém, no jogo que definia o 3º lugar conseguiram vingar o resultado do ano anterior e ganhar a medalha de bronze contra o Norwegian University of Science and Technology, saindo vitoriosas por 4-2. Além do sentido de responsabilidade e da componente desportiva, a viagem também permite usufruir da vertente cultural: “é muito bom experienciar isso com uma equipa tão unida”.
Atualmente, Teresa é a responsável da equipa. Teve ajuda durante 2 anos da antiga responsável de equipa, Sofia Varela, e da capitã, Catarina Barra, e agora tem como tarefas a organização dos equipamentos, os recrutamentos, os patrocínios e as atividades: “conseguimos equipamento personalizado para o Europeu, em parceria com a AE, pois o investimento que fazem no desporto é fantástico e sem eles não seria possível”. De destacar que a AE pagou despesas de transporte, inscrição e alojamento nos Nacionais e Europeus, e que “faz um trabalho fenomenal na parte da captação e recrutamento de atletas nos desportos”. Criou, ainda, a Gala do Desporto, há 2 anos, tendo a equipa de futsal feminino sido premiada em ambas as galas como “Equipa do Ano da AEIST” e Teresa ter sido escolhida como “Atleta do Ano AEIST” em 2023. Quanto aos reconhecimentos a nível nacional, ganharam o título de “Equipa do Ano” na gala do desporto da Federação Académica do Desporto Universitário (FADU), em 2022 e 2023.
Relativamente às inscrições nas equipas da AEIST, no início do ano, cada equipa desportiva escolhe o seu método de recrutamento, devendo informar a AE, para que seja anunciada a semana de captações e os horários de treinos. Teresa revelou que, no caso de futsal feminino, “o número de respostas varia de ano para ano, mas se alguém estiver interessado a meio do ano em juntar-se, damos a oportunidade de irem a um treino […] quando não há espaço é feita uma seleção, mas sem nunca fechar a porta, para incentivar mais raparigas a juntarem-se”.
Teresa realçou ainda que no ano passado conseguiu obter o estatuto de Estudante-Atleta. Como o IST é a única faculdade organizada por períodos, “tivemos o azar de ter a 1º fase dos exames do P3 a calhar na mesma semana dos jogos da fase final, e pedimos à AE para se reunir com o Conselho Pedagógico, para termos o estatuto” que permite, além do acesso à época especial de setembro, ter adicionalmente acesso à época extraordinária, uma avaliação que é marcada diretamente com o docente. Revelou que em LEEC a época extraordinária foi, “infelizmente”, com exames orais, o que teve uma dificuldade acrescida.
Num destaque final, questionamos Teresa acerca do balanço que retirou da sua experiência com a equipa: “se calhar nem somos a equipa mais forte a nível técnico de futsal, mas o que nos faz ganhar competições é a nossa união e acreditarmos até ao fim, mantendo os nossos valores bem definidos a nível desportivo e pessoal”. Acerca do esforço que lhes permitiu alcançar o título de tricampeãs nacionais, diz “o espírito de equipa é o que vence jogos, desde a capitã que joga todos os minutos até à jogadora que acabou de entrar na equipa, […] a essência do grupo é o que traz bons resultados e fazemos de tudo para que todas se sintam bem e incluídas no jogo”.
A equipa preparará agora a participação no Campeonato Nacional Universitário 2024, realizado entre 22 e 26 de abril em Aveiro, após ter conseguido a medalha de prata no Campeonato Universitário de Lisboa (6-0 vs AEFCT na meia-final e 3-3p vs NOVA na final).