Democracia Chinesa

Em Setembro deste ano, estudantes de 20 faculdades de Hong Kong, na China, fizeram um boicote às aulas durante 1 semana, conhecido pela Revolução dos guarda-chuvas, exigindo medidas mais democráticas na região autónoma.

O protesto ocorreu devido à decisão do Comité Permanente do Congresso Nacional dos representantes do Povo (CPCNP), de rejeitar a proposta da reforma eleitoral, que consistia na livre candidatura de cidadãos para os órgãos legislativos, na antiga colónia Britânica. Alex Chow, o líder da Federação de Estudantes de Hong Kong acusava o regime de fazer “eleições manipuladas”, explicando que os candidatos eram escolhidos pelo regime, e era anti-democrático a proibição de nominações civis. Os candidatos eligíveis eram escolhidos pelo CPCNP (comité de 1200 membros), e só aposta triagem é que os eleitores se poderiam pronunciar.

Soube-se então, devido a um inquérito promovido pela Universidade Chinesa, que mais de um quinto dos habitantes de Hong Kong tensionavam deixar a cidade, por considerarem a realidade política corrupta.

Ao vigésimo sexto dia do mês de Setembro, os manifestantes (movimento “Occupy”) invadiram o Complexo do Governo Central (que estava interdito ao público desde Julho de 2014). No dia seguinte, os manifestantes foram dispersados com recurso à força. Desde então, os ocupantes têm bloqueado os acessos principais à cidade e edifícios do governo e iniciaram uma resposta de desobediência civil. O governo impôs como data limite o dia 6 de Outubro para cessamento dos protestos. Foi ignorado, e a resposta do CPCNP foi avisar que poderiam ocorrer “mortes, ferimentos e outras consequências graves”, acompanhado de denúncias dos media chineses, que acusavam o oeste de instigar os protestos.

Desde o dia 4 de Outubro, com base num estudo de opinião levado a cabo pelo Instituto Politécnico de Hong Kong, 59% das 850 pessoas entrevistadas estão insatisfeitas com a decisão do CPCNP.

A 23 de Outubro o Comité da Nações Unidas para os Direitos Humanos, enfatizou “a necessidade de assegurar um sufrágio internacional, que significa que os cidadãos não só têm o direito ao voto, como o direito a serem eleitos”. Ainda assim, o Ministro Chinês dos Negócios Estrangeiros afirmou que o processo em Hong Kong tinha “indubitavelmente efeito e estado legal”.

Até segunda-feira dia 27 os líderes do movimento “Occupy” estenderam o referendo civil acerca dos protestos, a ser consultado e analisado até à mesma data, aos locais de protesto de Hong Kong. A preocupação do antigo chefe do Executivo de Hong Kong está “nos danos causados pelos protestos pró-democracia”.

A 24 de Outubro, James Tien, líder do Partido Liberal pro-Pequim, apelou à demissão do chefe do Executivo de Hong Kong CY Leung numa entrevista pública, argumentando que era óbvio a falta de credibilidade da população na sua administração. No dia 29 do mesmo mês, o CPCNP removeu Tien do seu cargo, com o objectivo de fortalecer as posições pro-governo. Esta foi até agora, a grande vitória dos estudantes.

O mês de Novembro tem sido marcado por confrontos provocados por grupos anti-democracia, pela decisão do governo de não entrar mais em conversação com os manifestantes e pelo desempedimento dos locais ocupados, anunciados para dia 17.


Texto: André Pombeiro