Autoria: Tomás Vieira (LEMec)
Nem o nosso cruzar,
nevoado de cortesia,
te tirou daquele lugar,
desfez aquela magia.
Duas torres feitas acusantes,
entre sussurros e olhares distantes,
plantam cumprimentos vagos,
instauram este ciclo de olá’s pagos.
Meras razões contextuais ,
impedimentos inventados,
houve atuais choros forçados,
mas foi em ti que vi vontades.
Pois há muito não via,
até nunca quis acreditar
que em mim poder havia
algo para o teu amar.
Esta dicotomia em mim presente:
do anseio de te ver novamente,
e em outros corredores encontrar,
as novas formas para te evitar.
O teu ecoar outrora diferente
culmina neste lamento chovido;
despedaçamento da alma recorrente,
sem sinal e digno de ser respondido.
Como tudo nesta vida:
fiquei parado enquanto vi,
irem embora, partirem de mim.
deslargados de um peso,
livres da maior sentença,
carregados de desprezo
magros à minha existência.
Mas houve um dia:
que, no virar de esquina,
o andar frágil fingia
corpo reto, voz fina;
não saber de ti… apenas ia.
Foi nesta ilusão do benefício
e o saber daquela tua escola
que, carregando orgulho fictício,
perdi tudo aquilo que nos cola.
Fugido à lógica de bolso cheio,
fundei impressões erradas
sem margem, sem maneio
para serem emendadas.
Vindo perdido para algures,
num passo incerto e dependente,
para que, no meio tempo, cures
esta incompatibilidade aparente.
Porque na ida,
comboios perseguia,
de outro, me fazia.
A felicidade e rapidez
de uma nova amizade
poder florescer clichés.
Na volta, o pé subia lento
na esperança que entre frio e o vento,
entre o devaneio e o azul
a tua voz se fizesse soar,
me guiasses, desses um norte ou sul,
ou apenas a mim quisesses encontrar.
Perdido em favores de amigo,
em entrelinhas e estrelas crente,
arrastado pelo orgulho sigo
à minha derrota complacente.
Perdi conta às escadas percorridas,
indiferente à minha fraqueza.
Porque, no cálculo das tuas idas,
houve sempre uma certeza.
No entanto, não passaram de escadarias
houveram luzes e estradas gritantes,
meros artefactos há anos constantes,
cujas cores, tinham nomes que dizias.
O sonho de na relva deitar,
revela-se imperfeito.
Mostra-se húmido e desfeito,
tudo apenas por um defeito:
Um descanso de pescoço,
antevisto irrealista,
faz deste vazio, colosso,
mais razões soma à lista.
Aqui, passam semanas vazias,
dias que não me pertencem,
razões que a ninguém convencem
o julgar das intenções frias.
E nisto,
Desvaneço até à luz da lei,
escondo desejos singulares
e no final descobri, constatei
“afinal trilogias vêm a pares”.