Autoria: João Carranca (MEIC-A) e Tomás Vieira (LEMec)
Nos passados dias 8, 9 e 10 de Outubro, decorreu a 5ª Edição da Técnico Green Week, organizada pela AEIST. Ao longo dos três dias, o Átrio do pavilhão central e o Salão Nobre deram lugar a vários debates, mesas redondas e palestras sobre temas como a habitação, os transportes e a energia nuclear.
A Técnico Green Week é uma iniciativa promovida anualmente pela AEIST, anteriormente em parceria com o AmbientalIST. A última edição, a primeira organizada apenas pela AEIST, havia ocorrido entre 27 e 30 de março de 2023 em moldes semelhantes, também com foco em tertúlias e debates relacionados com o tema da sustentabilidade nas suas várias vertentes. Este ano foram abordados temas atuais e de interesse geral para a geração que atualmente frequenta o ensino superior.
Logo após a sessão de abertura, no dia 8 pelas 11:00, teve lugar a primeira mesa redonda com o tema “Transportes e Infraestruturas”. O painel contou com Maria Rosário Partidário, Presidente da Comissão Técnica Independente para a localização do novo aeroporto, Carlos Mineiro Aires, ex- presidente do Conselho Superior de Obras Públicas e ex- bastonário da Ordem dos Engenheiros, e Carlos Santos Silva, professor no IST integrado no IN+, um centro de investigação com foco no estudo de políticas públicas na área da energia e da mobilidade. A moderação esteve a cargo de Manuel Duarte Pinheiro, professor do Departamento de Engenharia Civil do IST. Foi impossível fugir ao tema do novo aeroporto, em relação ao qual a Comissão Técnica Independente já se pronunciou, apoiando Alcochete como localização para a obra, depois de longos anos de discussão na esfera política, muitos desacordos e elevados custos envolvidos, com projeções atuais a apontar para mais de 6 mil milhões de euros. Maria Rosário Partidário defendeu recentemente que o governo deve avançar o mais rapidamente possível com o planeamento do projeto, considerando a sua execução de “urgência nacional”. Ainda no mesmo dia, o pavilhão central foi palco de um debate sobre energia nuclear em Portugal, reunindo representantes da EDP, Associação ZERO, um perito do IST e até um ex-ministro como moderador.
O segundo dia do evento não contou com eventos de manhã dado o cancelamento da palestra “Literacia financeira e digitalização” anteriormente prevista, no entanto, depois de uma cerimônia solene, bancas de diversas associações de voluntariado encheram o pavilhão antes do início da quiz night.
O último debate “O problema da habitação e alojamento estudantil” reuniu, pelas 11:00 do dia 10, vozes de diferentes ativistas desta luta. Neste, Filipa Roseta, vereadora da habitação na Câmara Municipal de Lisboa (CML), David Ferreira, representante da Federação Académica de Lisboa (FAL), Carlos da Mesquita, ex-administrador dos Serviços de Ação Social da Universidade de Lisboa (SASUL) e Jorge Gonçalves, professor do IST, debruçaram-se sobre a origem, análise e resolução desta crise. Foram discutidas tanto a abordagem da SASUL como a da CML face ao problema, sendo estas a construção e reabilitação de novas residências e a implementação de um programa de acolhimento de estudantes por séniores pensionistas, respectivamente. Pertinentemente, David Ferreira interveio argumentando que este se trata de um problema invisível: ”Os alunos que não conseguem entrar no ensino superior não estão aqui a debater o tema, é uma história silenciosa”. Outro ponto levantado foi o modelamento das médias de entrada, especialmente em Lisboa, pelo fenómeno do aumento do custo habitacional: “Muitas vezes o sonho de estudar em Lisboa é sacrificado pela poupança na renda”, apontou Jorge Gonçalves. Ainda com material e vontade dos participantes, o debate acabou sem que se pudesse discutir as medidas concretas de todos, enaltecendo-se a iniciativa e disposição para o repetir.
Por fim, a cerimónia de encerramento foi antecedida por uma última roundtable sob o tema “Sustentabilidade Financeira e Digitalização como ferramentas de gestão”, que contou com a participação da diretora de estratégia da AGEAS, Margarida Sarmento, e de Paulo Simões Caldas, representante da Associação Industrial Portuguesa.