Autoria: Francisco Raposo (MEFT)
Nos passados dias 22, 23 e 24 de abril, a Associação dos Estudantes do Instituto Superior Técnico (AEIST) organizou várias mesas redondas e eventos culturais relacionados com a comemoração dos 50 anos do 25 de abril de 1974.
Os eventos, divulgados na página de Instagram da AEIST, consistiram na realização de uma mesa redonda e de um Sunset no Espaço BBQ do Instituto Superior Técnico (IST), no campus da Alameda, que contou com números de diversos artistas musicais, tais como Lwom e Faustas, Luísa Serrão, Pedro Roberto e Daniel Ramalho. Ainda no mesmo âmbito, no dia 24, atuou o Grupo de Cantares Tradicionais do IST, no concerto Os Cravos Saíram À Rua num Dia Assim, no Técnico Innovation Center (TIC), e foi projetado o filme Capitães de Abril, no Anfiteatro AM, em colaboração com o Diferencial.
A palestra prevista para as 17 horas do dia 22 e cujo tema era 50 Anos do 25 de Abril, E Agora acabou por não acontecer. Jorge Marques, do Gabinete de Apoio e Representação Estudantil da AEIST, esclareceu ao Diferencial que o cancelamento se deveu à confirmação muito tardia por parte dos oradores, o que não permitiu a divulgação devida do evento. Ainda assim, não foi emitida nenhuma informação que indicasse o cancelamento do evento: as três pessoas que constituíram a plateia depararam-se com uma sala vazia à hora marcada, já que nenhum representante da AEIST apareceu.
No dia 23, sucedeu-se a mesa redonda O Ativismo Estudantil – Papel da AEIST, que contou com as participações da Prof. Luísa Tiago de Oliveira, historiadora e autora do livro O ativismo estudantil no IST (1945-80), e do Eng. Carlos Costa, Presidente da Direção da AEIST nos anos anteriores à Revolução dos Cravos (‘73 e ‘74). A moderação esteve a cabo de Mariana Barbosa, que integra a atual Comissão de Gestão da Federação Académica de Lisboa (FAL).
Nas suas intervenções, Luísa Tiago de Oliveira relembrou o enorme esforço coletivo envolvido em escrever a obra histórica supramencionada, que incluiu trabalho arquivístico nos Arquivos do IST e da AEIST, e relembrou, com apoio audiovisual, alguns dos acontecimentos fulcrais da história do movimento estudantil durante o Estado Novo, bem como outras atividades culturais e políticas de protesto desenvolvidas pelos estudantes nessa altura, em especial os do Técnico. Carlos Costa, que chegou a ser preso e torturado pela sua atividade associativa no Técnico, trouxe um ponto de vista histórico e pessoal do papel dos estudantes na luta contra a ditadura. Tendo iniciado em ‘68 o seu curso no IST, testemunhou episódios tais como os protestos, em 1973, contra os “gorilas”, denominação atribuída aos agentes de um “Corpo de Vigilantes” formado nos últimos anos do Estado Novo, com o objetivo de policiar o interior das faculdades.