Autoria: Francisco Raposo (MEFT)
Inaugurou-se, no passado dia 4 de abril, no Pavilhão de Civil, a Exposição “Estudantes de Abril”, organizada pelo Diferencial, no contexto dos 50 anos do 25 de abril de 1974, em parceria com cerca de uma dezena de entidades, incluindo a Câmara Municipal de Oeiras, a Associação Conquistas da Revolução e três outras Secções Autónomas da Associação de Estudantes do Instituto Superior Técnico.
A cerimónia de inauguração, que se sucedeu às 17h, no Museu de Engenharia Civil, começou com os discursos dos organizadores da Exposição, João Dinis Álvares e Vasco Lourenço, que deixaram os seus agradecimentos a todos os parceiros e organizações que contribuíram, com meios materiais e financeiros, para a realização da exposição. Seguiu-se uma intervenção do presidente da Direção da Associação de Estudantes do Técnico (DAEIST), que elogiou a iniciativa do jornal e assinalou que é importante continuar as lutas de outrora, no sentido de uma maior democratização do Ensino Superior.
Discursou também o presidente do Técnico, Prof. Rogério Colaço. Este enalteceu tanto a exposição, como o papel do Diferencial no Instituto Superior Técnico, e o seu merecido crescimento. Sublinhou também que o Técnico e os seus estudantes mantêm a sua matiz de liberdade e irreverência.
O Presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino Morais, que foi também orador na cerimónia, relatou episódios da sua vida no contexto da luta estudantil durante o Estado Novo, e vincou que os estudantes de hoje são herdeiros daqueles que, outrora, combateram pela a liberdade e que, como tal, é sua responsabilidade lutar pela preservação da democracia
O evento contou também com as palavras de Carlos Costa, presidente da DAEIST em 1974, que forneceu a sua perspetiva contemporânea da luta dos estudantes, especialmente nos últimos anos do Estado Novo, e do paradigma dos estudantes do Técnico nessa época, em que uma forte repressão era vigente; e com as de José Baptista Alves, Capitão de Abril, que estudou Engenharia Eletrotécnica no IST e que hoje integra a Associação Conquistas da Revolução, tendo este deixado o apelo “Estudem a revolução de Abril! (…), agarrem o futuro com as vossas próprias mãos”. Esteve também presente o Reitor da Universidade de Lisboa, o Doutor Luís Ferreira.
A exposição, que se encontra no Átrio do Pavilhão de Civil, estará disponível a qualquer pessoa até ao final do mês de abril.
Sobre a exposição “Estudantes de Abril”
A preparação da exposição começou em setembro com a formação de um grupo de trabalho de cerca de 20 colaboradores do Diferencial, por iniciativa dos dois organizadores, João Dinis Álvares, diretor do jornal, e Vasco Lourenço. O primeiro passo consistiu na recolha de material arquivístico e histórico com o objetivo de formar uma base gráfica e informativa para a exposição. Assim, visitaram-se diversos arquivos, nomeadamente o Arquivo do Técnico, o Arquivo de História Social (AHS), o Arquivo da Câmara Municipal de Lisboa, a Hemeroteca Digital e o Museu do Aljube.
Dos documentos e fotografias procurados e recolhidos no AHS, nenhum estava digitalizado e alguns careciam de catalogação, pelo que uma equipa ficou responsável por digitalizar esses ficheiros, na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa (FBAUL). Também com esses documentos, formou-se um Arquivo do Diferencial, disponível no site do jornal, para além de as mesmas digitalizações estarem disponíveis no próprio site do AHS.
A etapa seguinte depreendeu-se no planeamento da escrita de textos, baseados nos documentos recolhidos e noutras fontes históricas, que relatassem a história do movimento estudantil em Portugal, que conta com cerca de 150 anos, nas suas diversas fases, desde a sua possível fundação em Coimbra, na década de 1860, até aos dias de hoje. Esses artigos foram redigidos por treze diferentes pessoas, durante várias semanas, e depois compilados, de modo a assegurar a sua coerência. Deste trabalho, nasceram os textos agora expostos em “Estudantes de Abril”, publicados também na edição física especial do Diferencial no mês de abril. Em simultâneo, foram realizadas entrevistas a diversas figuras de interesse, como José Tito Mendonça, fundador do jornal Binómio, um boletim informativo da AEIST cuja circulação se iniciou nos anos ‘60 e que prestou um papel importante na luta contra o Estado Novo; e António Mota Redol, presidente da Direção da AEIST nos anos ‘66 e ‘67.
Depois de elaborados os textos, passou-se ao design dos cartazes da exposição e à preparação da edição física do jornal. Para além disso, com a disponibilização do Átrio do Pavilhão de Civil por parte do Técnico, empreendeu-se a organização do design espacial da exposição (localização dos cartazes, decoração, etc.).
Também no contexto da exposição, juntou-se uma coleção de músicas na playlist “25 de abril”, disponível na conta de Spotify do Diferencial.
A exposição contou com o apoio financeiro e material de diversas entidades, dentro e fora do Técnico. Tanto a Camâra Municipal de Oeiras, liderada pelo Dr. Isaltino Morais, e a DAEIST contribuiram monetariamente, possibilitando a sua realização e, também, a da edição física. Através de um acordo com a Copitec, foi possível a impressão gratuita dos cartazes expositivos. Ademais, o Núcleo de Arte Fotográfica (NAF) e o Núcleo de Estudantes de Arquitetura (NucleAR), do Técnico, prestaram o seu auxílio disponibilizando os expositores nos quais estão afixados os cartazes e as fotografias. Alguns dos tecidos utilizados foram emprestados pelo Partido Comunista Português (PCP), e a Associação 25 de Abril forneceu alguns cartazes, referentes ao Movimento das Forças Armadas (MFA), os quais estão também expostos.
A montagem da exposição começou no dia 1 de abril e terminou apenas algumas horas antes da cerimónia de inauguração. O resultado final aglomera o empenho cumulativo da equipa de organização, ao longo dos últimos sete meses, bem como os esforços de dezenas de colaboradores do Diferencial, os quais abdicaram do seu tempo de estudo para preparar esta homenagem aos estudantes ativistas que contribuíram na luta contra o fascismo em Portugal.
Segue-se a Ficha Técnica da Exposição:
Organização da Exposição
João Dinis Álvares, Vasco Lourenço
Recolha Arquivística
Filipe Valquaresma, Francisca Branco, Haohua Dong, João Carranca, João Dinis Álvares, Matilde Sardinha, Mariana Campos, Patrícia Marques, Vasco Lourenço
Escrita de Textos
Beatriz Dinis, Filipa Rio, Filipe Valquaresma, Francisca Branco, Francisco Ferreira, Francisco Raposo, João Carranca, João Dinis Álvares, Matilde Sardinha, Mariana Campos, Sofia Calado, Tomás Faria, Vasco Lourenço
Compilação e Revisão dos Textos
Francisco Raposo, Vasco Lourenço
Construção do Arquivo do Diferencial
Filipa Rio, João Dinis Álvares, Renato Mântua, Sofia Calado, Vasco Lourenço
Design Espacial
Beatriz Dinis
Design Posters
Filipa Rio, João Dinis Álvares
Design Edição Física
António Luciano, Filipa Rio, João Dinis Álvares, Sofia Pinho
Design Referências
Francisco Raposo
Redes Sociais
Beatriz Gomes, Sofia Pinho
Site
Francisca Branco, Francisco Ferreira, Filipe Valquaresma, João Dinis Álvares
Playlist
Beatriz Gomes
Coordenação de Parcerias Externas
Francisco Simões
Parceiros
AEIST, Arquivo de História Social, Arquivo Municipal de Lisboa, Biblioteca da Faculdade de Belas Artes, Câmara Municipal de Oeiras, Copitec, Fundação para a Ciência e Tecnologia, Hemeroteca Digital, Museu do Aljube – Resistência e Liberdade, Instituto de Ciências Sociais, Instituto Superior Técnico, Núcleo do Arquivo do Técnico, Núcleo de Arte Fotográfica