Intermitente vida

Autoria: Vanessa Filipe (LEQ)

A tenebrosa penumbra sobre os olhos caída
A alma viajando incessantemente pelo vazio
Para onde levará a maré o último sopro da vida
O fado cantado da luz divina, o corpo que partiu

A dor corre no rosto dos que em vida amaram
A lenda não mente, belas lagoas se formaram
Ingénua vontade de saber a tal data concreta
Como se a morte fosse escrever a carta violeta

Como baila a morte entre os braços da metáfora
Há tantos que morrem e não cessam a respiração
A angústia, com a pena da morte, faz-se escritora
Quando o que destrói a alma é o próprio coração

Coração que se apaixona, até a morte pode amar
No silêncio da escuridão, a cruel dor não demora
Ó mente impiedosa, a paz sabes bem atormentar
Pobre alma roda os ponteiros, adianta a sua hora

A hipocrisia dos crentes e o eterno paraíso divino
Olham a morte com malícia, temem a sua verdade
Se tanto louvam a Deus, porque fogem do destino?
A morte não é castigo, até dela Deus terá piedade

Como arte de dramaturgo, os atos há que equilibrar
O prelúdio, o epílogo, o encanto do seu entrelaçar

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