A Pergunta

Autoria: António Luciano (MEMec)

São palavras de relampejo,

Que titubeiam de mansinho

para explodir com violência no silêncio agudo e furtivo das pausas.

São palavras de evasão,

Que vagueiam submarinas

No afogo moroso de multitudes de conversas e dissertações,

São palavras de projeção,

Que miram o momento

Buscando ténue anuência para serem corrente de vertigem e caos.

Porque a pergunta se dissimula,

Nas crinas perfumadas dum lirismo orquestrado,

Porque a pergunta se irrompe,

Nos rastros invisíveis das falhas,

Porque a pergunta se arrasta,

No ancorar perdido da miragem,

Porque a pergunta não basta,

Quando as palavras não agem.

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