A Ocupa reúne-se com o Presidente Rogério Colaço

Autoria: Inês Duarte (LEIC-A), Luís Fonseca (LEIC-A)

No dia 7 de Novembro, às 17h, começou a Ocupa, o movimento do grupo de estudantes ativistas que exige o fim ao fóssil. Ao fim da vigília em frente ao mastro da Alameda do IST, que durou uma hora, os membros deslocaram-se para o pavilhão de civil a fim de montar as tendas onde possivelmente passarão as próximas noites. Pedro Amaral, o vice-presidente para as Ligações Empresariais e Operações do Instituto Superior Técnico, convidou dois membros para representar a Ocupa numa reunião com o Presidente Rogério Colaço. Seguiram para a reunião Mariana Ribeiro e Rita Santos. O Diferencial esteve presente. Eis o que ocorreu.

Na reunião, que acabou por durar mais de uma hora, foram discutidas as preocupações da Ocupa e as suas reivindicações, com especial foco nas exigências direcionadas ao Técnico. A Ocupa defende[1], para o IST, reivindicações centrais que apelam à inclusão no Plano Estratégico do Técnico 2020-2030 de metas dedicadas à sustentabilidade; a criação de uma disciplina obrigatória e transversal sobre transição justa; e a limitação de veículos no campus que admita apenas necessidades absolutas de mobilidade com intuito a promover o uso de transportes públicos.

Segundo o presidente, o Técnico atualmente já realiza um grande esforço no que envolve sustentabilidade. O vice-presidente, Pedro Amaral, afirmou que 60 a 70% dos investimentos associados aos projetos das Agendas de Inovação (no âmbito do PRR) em que o Técnico irá participar (cujo valor ascende a cerca de 23 milhões de euros) estarão diretamente relacionados com o tema da sustentabilidade. Quando questionado sobre a ausência deste foco no plano estratégico, Rogério Colaço afirmou que a sustentabilidade se encontra tão interiorizada pelos órgãos do Técnico que não foi considerado necessário tornar este foco explícito no plano estratégico. Porém, concordou com a importância de comunicar melhor o trabalho realizado, de forma a dar visibilidade ao esforço e enquadrar o Técnico como uma instituição com responsabilidade ambiental.

Com base nesta resposta, as representantes da Ocupa pediram a reabertura do plano estratégico, de modo a que este contenha medidas relativas à meta de atingir neutralidade de carbono até 2030, 20 anos antes do limite requerido pela UE[2]. O Presidente Rogério Colaço mostrou-se confiante em atingir esta meta, referindo que a anterior meta para a neutralidade no Instituto Superior Técnico fora 2023, alegando que o surgimento da pandemia inviabilizou esse objetivo.

Foi ainda discutida a criação da UC sobre transição justa, ideia com a qual o presidente mostrou alguma abertura, apesar de não ter sido feito nenhum compromisso. Quanto à reivindicação da limitação de veículos, pouco mais foi dito por parte da presidência do que um “é complicado”.

Por fim, foi questionado o funcionamento da ação e o motivo de ocupar. A Ocupa defendeu que se trata de uma ação de último recurso motivada pela urgência da situação, sugerindo que foi devido à natureza da ação que foram ouvidos tão rapidamente pela presidência. Rogério Colaço negou a acusação, afirmando que está sempre disponível para ouvir qualquer aluno. Porém, a Ocupa alertou que o AmbientalIST havia enviado a Carta Aberta[3] do Ensino Superior pelo Clima há cerca de 2 semanas sem ter recebido qualquer resposta. Rogério Colaço admitiu não ter visto o email, pedindo que tal seja reenviado para o CG, e comprometeu-se a marcar uma reunião com a equipa responsável pela carta.

No fim da reunião foram feitos os seguintes compromissos pelo Presidente:

  • Criação de uma meta de neutralidade carbónica. Avaliar a viabilidade de 2030 para esta meta, usando-a se tal for realista, ou encontrando outra meta caso tal não se verifique.
  • Coordenar com o Departamento de Recursos Humanos uma estratégia para o funcionamento sustentável do IST, com iniciativas de sensibilização para a poupança energética, reavaliando o projeto iniciado neste sentido em 2015 de forma a atualizá-lo de acordo com as necessidades atuais.
  • Propor ao Conselho de Escola a reabertura do Plano Estratégico de modo a contemplar a linha da sustentabilidade.

No entanto, houve uma rejeição do pedido de comunicar este compromisso através de um órgão de comunicação oficial do Técnico, ficando a divulgação da exclusiva responsabilidade do Diferencial.

Foi dada autorização à Ocupa para permanecer no pavilhão a dormir durante a noite de dia 7, no entanto, foi pedido que se removessem no dia seguinte. A Ocupa, no entanto, planeia permanecer pelo menos até dia 10, o dia em que os compromissos apresentados pelo Presidente serão discutidos em conselho de escola.


Referências:

[1] – Diferencial – Fim ao fóssil: Ocupa! [Acedido pela última vez a 08/12/22]

[2] – What is carbon neutrality and how can it be achieved by 2050? | News | European Parliament [Acedido pela última vez a 08/12/22]

[3] – Carta Aberta do Ensino Superior pelo Clima [Acedido pela última vez a 08/12/22]

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