Eleições AEIST: Continuidades e Roturas

Autoria: António Luciano (MEMec)

A mais bela época das épocas de entretenimento no IST aproxima-se: as eleições aos órgãos sociais da AEIST. Ainda que um tanto ingrata para os nossos caros colegas do GTIST (Grupo de Teatro), que se veem diluídos perante a tamanha oferta de atuação da época, acredito que fiquem felizes com esta valorização da sua arte.

O passado tem-nos proporcionado uma certa cultura de exigência (para os não familiarizados, termo usado pelas altas patentes do IST para esconder e não admitir falhas pedagógicas). Ficará, então, aquém que as listas candidatas não se apresentem com uma grande produção cinematográfica, formosas filmagens aéreas do nosso magnífico instituto, uma banda sonora de fundo digna dos épicos gregos. Os estudantes, quais heróis, por cenários variados do Instituto, mostrarão a sua proximidade à comunidade com discursos eloquentes e frases feitas com pouca substância, auxiliados por um gesticular aleatório e, quem sabe, por vezes estapafúrdio, para nos arrebatar e conquistar, e, assim, garantir o nosso apoio para amealhar os três órgãos sociais (Direcção, Conselho Fiscal e Disciplinar e Mesa da Assembleia Geral de Alunos). Sentir-se-á alguém confortável num instituto onde a lista eleita não se fiscaliza a si mesma?

Assistiremos às influências de Saramago, num enredo súbito de perdas de identidade em massa nas redes, para dar lugar a letras estilizadas sob um lema sem qualquer significado prático, que serve de mote a páginas de Instagram. Nestas teremos os elencos perfilados dos pelouros, os coordenadores, os vice-coordenadores, os vice-coordenadores da coordenação, os coordenadores da vice-coordenação, todo o panteão de cargos e contra-cargos. Mas fazer política não pode ser apenas teatro, também é preciso ser hábil na decoração: as febres têxteis que se irrompem na tecelagem política de sweats e t-shirts, pragas de autocolantes, tentativas de impugnação nos bastidores, giveaways de bilhetes para concertos (talvez uma inesperada, mas naturalmente bem vinda, chance para quem não conseguiu bilhetes para a Olivia Rodrigo), tudo numa tentativa dissimulada que não é mais do que tentar comprar votos. Podemos nós realmente votar numa lista que não demonstre espírito uno com a natureza, como quem colhe e beija os lírios do campo, num greenwashing descarado, a promover votos plantando carvalhos?

No debate será pouco crível termos um ambicionado confronto do roçar físico e injurioso, mas assistiremos certamente a alguns fan favorites como: o esgrimir das paridades, pondo percentagens em estandarte na ironia de, ano após ano, nenhuma das listas apresentar uma candidata a presidente; a piscina que, cheios de falar dela, vazia continua e o velho caso da aproximação do Taguspark. Quem sabe, neste surgirão as típicas afirmações e promessas que resistem formidavelmente ao teste do tempo. Infelizmente, o fenómeno eleitoral aparenta trazer consigo, talvez fruto de mudança da estação, constipações exóticas ou um qualquer vírus, uma doença vil e oculta, que força candidatos a desfazerem-se em promessas que estranhamente não se cumprem. Mas será justo nós julgarmos negativamente esse modus operandi quando não é mau caráter mas sim doença?

Votos de (mais) umas boas eleições!

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