Obras no IST: Um Guia

Autoria: João Carranca (LEEC), João Dinis Álvares (MEFT), Matilde Sardinha (LEEC)

É facto conhecido que muita da infraestrutura do IST está hoje envelhecida e a precisar de intervenções, algumas mais superficiais, outras mais profundas. Ao longo dos anos a falta de condições nos GAs, por exemplo, tornou-se referência regular no vasto leque de piadas sobre o IST. Hoje, no entanto, vemos cada vez mais espaços em obras no campus. Que obras são estas? Quais os seus calendários? Que outras obras estão planeadas para o futuro próximo e quanto vão custar?

A equipa do Diferencial, em entrevista ao presidente do Técnico, Rogério Colaço, discutiu os edifícios intervencionados nos últimos meses, assim como aqueles que o irão ser durante os próximos 2 anos para responder a estas perguntas e outras.

Painéis solares e Coberturas:

Já há alguns meses que os estudantes têm observado a instalação de painéis solares em vários pavilhões do Técnico, nomeadamente no Complexo Interdisciplinar e nos Pavilhões de Mecânica I, Mecânica II, Mecânica IV, Central, Informática I, Matemática, Minas, Civil e no Pavilhão da Associação de Estudantes. “Vamos ter os painéis instalados em Civil, em quase toda a área disponível”:

Figura 1: Planta do IST com os pavilhões numerados.

“As intervenções têm duas vertentes: a recuperação das coberturas […] e instalação dos painéis solares”.

Figura 2: Instalação de painéis solares no telhado do Pavilhão Central

“O que nós fizemos e vamos ter até ao final do ano são 2300 painéis solares”. Esta instalação irá garantir que 10% da energia consumida no Campus da Alameda provenha destes painéis solares. Isto traduz-se numa “poupança significativa na fatura, como também no aumento da sustentabilidade do funcionamento do Campus”. 

Por outro lado, permite renovar as coberturas dos vários pavilhões que muito precisam de reparações: “As coberturas nestes edifícios eram de 1937 e desde essa altura que praticamente não sofrem intervenções.” Esta renovação permitirá reduzir o número e a severidade das infiltrações a que muitos de nós já estamos habituados. Quanto à instalação de painéis solares no Tagus, o presidente do Técnico afirma que é também um plano para os próximos anos. 

Pavilhão da AEIST

A degradação exterior dos espaços da  AEIST é tema quase anual no período eleitoral. Já foi recuperada a cobertura do pavilhão e a seguir o plano é, tal como nos outros pavilhões já mencionados, instalar painéis solares. Para além disso, irão ser recuperadas todas as fachadas.

Figura 3: Instalação de painéis solares no telhado do Pavilhão da Associação de Estudantes

Bibliotecas

A Biblioteca do Central será intervencionada com o objetivo de ser transformada verdadeiramente na biblioteca central do Técnico, ou seja, irá agregar todos os livros físicos e conteúdos multimédia que atualmente se encontram dispersos pelas várias bibliotecas do Campus da Alameda. As restantes bibliotecas serão reconvertidas de modo a aumentar o número de salas de estudo e de aula no Campus. Esta obra “arrancará nos próximos meses”. Os espaços atualmente ocupados para armazenamento de conteúdo nas várias bibliotecas do IST terão também novo propósito: “Os espaços vão ser libertos e vão ser, ou espaços de estudo, ou espaços pedagógicos.”

Figura 4: Biblioteca do Central.

A intervenção na Biblioteca do Central irá não só rentabilizar os espaços de bibliotecas, mas também os recursos humanos necessários à manutenção destes espaços. Atualmente, algumas bibliotecas, como a de Mecânica I, funcionam em horários muito restritos, não sendo assim úteis para os estudantes. 

Intervenções em salas específicas: GAs, Abreu Faro

Com a abertura do Técnico Innovation Center (TIC) e da nova Cantina Social, o número de lugares em salas de estudo irá aumentar consideravelmente, permitindo deste modo que algumas das salas de estudo atuais sejam utilizadas para aulas. Assim, algumas salas poderão ser fechadas para sofrer intervenções. O plano de recuperação das salas de aula terá início no próximo ano. 

Um dos tipos de sala que mais precisa de intervenções são os GAs. Localizados no Central, marcaram várias gerações de engenheiros, que deixaram as suas marcas nos tampos das mesas destas salas. No entanto, a história não é a única coisa a marcar estas salas, que atualmente se encontram sem condições acústicas, climatéricas e que a nível de conforto deixam muito a desejar. A partir do próximo ano, será fechado um GA por ano para proceder à sua intervenção.

O Anfiteatro Abreu Faro, um espaço intermédio de conferências, também será intervencionado com o objetivo de reparar as infiltrações e ser modernizado: “Tem muitas infiltrações e a rede elétrica precisa de ser toda mudada”. O investimento está também direcionado para o recondicionamento dos espaços verdes do Técnico, começando pelo Jardim Norte.

Figura 5: Anfiteatro Abreu Faro.
Figura 6: Jardim Norte

Cantina de Matemática

Com a abertura da nova Cantina Social, fica livre para intervenção a cantina de Matemática. Esta será reconvertida para os novos Laboratórios de Física. Atualmente, os laboratórios das Físicas Fundamentais, lecionadas a todos os cursos, funcionam na cave do Central em salas cujas condições não são adequadas.

Figura 7: Novos laboratórios de Física

Laboratórios e a nova oficina suja para os núcleos de protótipos

O antigo laboratório de Engenharia Aeroespacial será requalificado e irá contar com um novo túnel de vento para substituir o atual, que se encontra inoperacional. O SDEEC será intervencionado, apesar dos moldes dessa intervenção ainda não estarem totalmente definidos devido ao elevado número de aulas que ocorrem neste espaço. Os laboratórios de Química, que servem cerca de 1600 alunos todos os anos, também serão profundamente renovados. Para além destas renovações, será criado um novo espaço para os núcleos que trabalham com protótipos como o Aerotec, a FST ou o TLMoto: “Não há atualmente um espaço que sirva de oficina suja. A ideia é que esta nova oficina que terá cerca de 120 m2 seja usada para tudo o que atualmente se faz na rua como a maquinagem dos compósitos.”. A oficina será localizada no Pavilhão de Mecânica II, no piso 0.

Figura 8: Novo laboratório de Engenharia Aeroespacial

Taguspark

Para além da questão dos painéis solares já abordada, o IST assinou um protocolo com a Câmara Municipal de Oeiras com o propósito de melhorar o enquadramento paisagístico do polo no Taguspark: “A Câmara de Oeiras compromete-se a fazer o investimento.”

CTN Bobadela

O Campus Tecnológico e Nuclear em Loures, muitas vezes esquecido, terá obras significativas, com especial foco no melhoramento da reciclagem de água. Grande parte da infraestrutura deste Campus está entre a mais envelhecida de todo o IST, daí a urgência em fazer intervenções mais estruturais.

Custo total

O custo do conjunto de todas as obras em curso ou cujo início está planeado para antes de 2025 será de cerca de 8 milhões de euros do bolso do IST: “Irá depender também de como correrem os concursos, mas rondará esse valor.”

Rogério Colaço explica de onde vem o dinheiro e o porquê do súbito foco intenso na renovação e modernização de infraestrutura ao fim de tantos anos de inatividade: “Uma instituição com o tamanho do IST deveria de investir em média entre 2% e 4% do seu orçamento anual em infraestrutura. É mais ou menos aquilo que é lançado com a amortização de edifícios. No caso do Técnico, cujo orçamento ronda os 100 milhões de euros, esse valor deveria rondar 2 a 4 milhões de euros. Nos últimos 10 anos não tem sido possível chegar nem perto destes valores, porque numa situação de subfinanciamento a primeira coisa que qualquer empresa ou instituição corta é naturalmente o investimento. A despesa corrente, como os salários ou os custos de operação, não pode ser cortada.”

“Em vez dos 30 milhões que deviam de ter sido investidos, foram investidos 3 ou 4.” “Na última década o pouco investimento que tem sido feito é investimento reactivo, como arranjar coisas estragadas.”

Tendo isto em conta, os 8 milhões em um ano, sendo muito dinheiro, servem mais para tentar colmatar a inatividade que houve nesta área no pós Troika.

Sobre de onde vem este dinheiro que não tem sido possível libertar para investimento nos últimos anos, o presidente do IST também tem uma explicação: “Em primeiro lugar, especialmente desde o COVID que temos feito uma gestão orçamental muito rígida. Em segundo lugar, desde 2020 que o IST se posicionou bastante bem no que toca ao PRR […]. A capacidade que tivemos de apresentar projetos, nomeadamente na área de investigação e desenvolvimento no âmbito do PRR, deu-nos alguma folga orçamental.”

Planos para o futuro

Rogério Colaço fala também um pouco sobre como planeia gerir o investimento futuro do Instituto: “Isto é um boost inicial, são 8 milhões de euros, depois a ideia é todos os anos nós termos 2 a 3 milhões de euros de folga.”

“O nosso gabinete de obras e o corpo de manutenção estão preparados e têm feito um esforço enorme.”

Entre as obras para este futuro mais distante estarão coisas como a renovação dos pavilhões mais antigos como química e eletricidade, por exemplo.

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