As paredes do Técnico

Autoria: Francisco Raposo (MEFT), editor do Diferencial

No ano passado, prometemos trazer de volta à nossa comunidade estudantil novas edições físicas do Diferencial. Após algum esforço por parte da nossa equipa, gasto na missão de reconstruir entre os alunos do Técnico e o seu jornal esta ponte de papel, três edições foram distribuídas, tendo todas elas esgotado. Este ano contamos prosseguir esse trabalho, trazendo aos nossos leitores quatro novas edições trimestrais, onde poderão encontrar discutidos assuntos que afetam grandemente os estudantes do Técnico. 

O caráter do Diferencial enquanto jornal não é algo que levemos ao de leve. Mesmo sendo estudantes de engenharia e de outras áreas científicas; mesmo que o tempo livre de um estudante do IST seja reduzido a parcelas diminutas por um sistema de ensino asfixiante e exaustivo; somos compelidos pelo objetivo de construir um jornal coeso e informativo. Com o progressivo afunilamento da nossa orientação editorial e estatutos para aqueles de um órgão de comunicação sério e regulado, não perdemos a noção da responsabilidade que esta posição acarreta. Sabemos que se estamos interessados em escutar o que a comunidade académica do Técnico tem para relatar, o inverso também é verdade. É algo que nos deve elevar sem nos deixar estontear pela vertigem. 
E há muito para relatar. Entre as eleições da AE – novamente com taxas de abstenção assombrosas – a criação de novos métodos de financiamento para as Unidades Académicas e planos de remodelação de infraestruturas, muito acontece no Técnico além das aulas e avaliações. Num momento em que, por toda a parte, a apatia parece ser a moda e não a exceção, há que refletir sobre as causas e justificações, mesmo dentro do contexto restrito do Instituto Superior Técnico. Na nossa faculdade, o galopante e quase hipnótico acumular das semanas e meses em períodos letivos e o asfixiante ciclo de avaliações e projetos que compõem a vida estudantil parecem ofuscar tanto a existência de uma vida exterior a esta bolha universitária como a devida exploração do seu interior. Esta realidade, aliada à perspetiva de uma Associação de Estudantes incapaz de contrariar a espiral decadente da participação associativa, significa que um grande número de estudantes, apesar de passar uma considerável parte do seu dia confinados às paredes do Técnico, não é ainda assim conhecedor do modo como as decisões dos órgãos administrativos, executivos e associativos do Técnico conseguem influenciar significativamente a sua vida. Deve, então, ser a função deste jornal e dos seus mais de 50 membros fornecer uma fonte leal de informação acerca do Técnico e o seu funcionamento. Em suma, tornar as suas paredes menos opacas. Esta edição não é senão uma reflexão desse princípio.

Dedicamos esta edição aos antigos membros António Luciano e Diogo Faustino, veteranos que, tendo recentemente abandonado o jornal após vários anos de colaboração, são em muito responsáveis pelo seu atual estado e sucesso. Um bem-haja.

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